terça-feira, 27 de outubro de 2009

10- A Revisão

Nos textos anteriores deixamos algumas expressões e abordagens em suspense, isto é, sem o devido aprofundamento ou explicitude. Vamos a seguir pinçar algumas destas questões para explicitá-las melhor.
a) Falamos na ideia de uma ética mundial.
O que você pensa disto. Será possível alguém ou algum grupo específico ser reconhecido como capaz de ditar normas para todas as nações. Desde antiguidade muitos homens, tribos e nações tentaram isso sem sucesso. Será que com a globalização se tornará possível?

b) Falando sobre a morte de Deus, deixamos muitas questões em aberto.
Será que Deus precisa morrer para renascer nos corações? A humanidade mataria novamente Jesus Cristo, se ele voltasse anunciando o Reino de seu Pai (Reino de Deus)? Não seria conveniente para a consciência de uma espiritualidade mais coerente que Deus morresse e a humanidade desse início a uma nova reflexão sobre o seu Criador? Mas como Deus morreria, se para nós ele realmente não existe, sendo apenas uma confissão de fé feita pelos fiéis. Para a inteligência humana uma coisa só pode existir se tiver princípio, isto é, que tenha nascido ou sido criado. Deus não tem princípio e nem fim; este conceito inviabiliza a sua existência à luz da razão humana. Como convencer os homens da inerrância dos livros sagrados, quando eles apenas afirmam a existência de Deus sem nenhuma argumentação lógica para provar esta afirmação? São questões que incitam o pensamento dos homens mais cultos. Parece que estas questões precisam ser analisadas e respondidas pelos teólogos para que a religião possa sobreviver. Nesse caso a morte de Deus ganharia sentido e os religiosos estariam livres para rever seus dogmas e suas afirmações de fé. Parece que Jesus vislumbrou a necessidade desse tempo ao afirmar: “Quando, porém vier o Filho do Homem, porventura achará fé na terra?” (Lucas 18.8b).

c) Existem diversos argumentos para provar a existência de Deus. Aqui vamos dar um destaque especial sobre o argumento ontológico.
Em teologia e em filosofia da religião, um argumento ontológico para a existência de Deus é um argumento de que a existência de Deus pode ser provada a priori, isto é, bastando apenas a intuição e a razão, não sendo necessária, portanto, prova material, ou seja, a posteriori, porque sua comprovação material é a própria Criação.
Os seres, ou criaturas, são entendidos a posteriori como efeitos particulares, sensíveis e inteligíveis, de causas, que são efeitos de outras causas, e assim sucessivamente, até uma causa primeira, criadora, de todo o Ser.
Como coisa alguma pode ser causa de si mesma, um princípio criador fora do Ser tem de existir negativamente em relação a ele. Assim, o Ser (em grego, ontos), teologicamente entendido como a Criação, passa a ser, com Anselmo (Santo Anselmo ou Anselmo de Cantuária – filósofo medieval – criador da escolástica – 1033/1034 – 1109 – de origem normanda), a prova da existência de Deus, porque Deus é a causa do Ser.

d) Falamos muito em ideias e ideologias.
A história das ideias morais está estreitamente ligada a dos sistemas filosóficos, embora devamos admitir que umas e outros sejam independentes do desenvolvimento social, econômico e cultura geral, assim como da consciência religiosa. Na antiguidade, as éticas relacionadas com o platonismo, o estoicismo e o epicurismo são as mais conhecidas. Na Era Moderna, o sistema filosófico de Kant deu um grande destaque à ética do dever e da intencionalidade, enquanto vários filósofos ingleses e norte-americanos elaboraram éticas utilitaristas e pragmáticas. Mais recentemente o marxismo e o existencialismo introduziram uma concepção nova do homem com o consequente significado ético. Qualquer história da Filosofia permitirá traçar as linhas principais desse desenvolvimento. Em forma muito amena e acessível o faz o livro de Will Durant: La história de La Filosofia (Santiago do Chile, Letras Imp – 1937). Quem desejar aprofundar-se mais na história da Ética pode orientar-se a partir das seguintes obras: Lês grandes líneas de La filosofia moral de Jacques Leclercq (Madrid, Gregos); La ética moderna, de Teodor Litt (Madrid, Revista de Ocidente, 1932); La consciência moral, de H. Zbinden e outros (Madrid, Revistas do Ocidente, l961); a Internet oferece muito material de boa qualidade sobre o assunto.
A ética católica romana mais importante dos últimos anos é a de Bernhard Haring, La Ley de Cisto (Barcelona, Herder, 1958). Recentemente se discutiu muito a chamada ética situacional, que insiste em decisões éticas particulares, vinculadas às circunstâncias imediatas. Neste sentido a obra clássica é o livro de John Fletcher, Ética de situación (Barcelona, Ediciones Ariel, 1970).
Nos últimos anos, o Brasil através de seminários, simpósios e congressos tem produzido um bom material sobre a ética.

e) A questão do supra homem ou do novo homem.
Para alguns o termo pode ser novo, mas na realidade a Igreja do Novo Testamento já usava o termo, se referindo ao novo convertido. São Paulo já escrevia aos éfesos: “E vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade”. (Efésios 4. 24). Os batizados, rituais de iniciações e outras solenidades de admissão, pretendem renovar o homem, entendendo-se que daquele momento em diante ele será um novo homem ou uma nova mulher.
A ideia de “novo homem” veio a ser tema de apaixonante atualidade em nosso continente. É sabido que Karl Marx (Karl Heinrich Marx, nascido em Tréveris em 5 de maio de 1818, faleceu em Londres em 14 de março de 1883 – fundador da doutrina comunista) havia falado de um “homem total” em contraposição ao “homem truncado” produzido pelas condições de existência de nosso sistema sócio-econômico. Este aspecto humanista do pensamento marxista tem sido muito influente em alguns movimentos latino-americanos. Guevara se referia frequentemente à criação de um “homem novo” na revolução cubana, chegando a afirmar: “a formação do homem novo” e o “desenvolvimento da técnica” são os dois principais pilares do programa revolucionário. O tema é frequentemente tratado também no Chile nos últimos anos. Por certo, uma simples coincidência verbal não basta para estabelecer uma relação. Mas nos obriga, pelo menos, a estudar o assunto com seriedade. Como primeira tentativa de fazê-lo, leia-se a obra do autor católico J. Gonzalez Ruiz, Marxismo Y cristianismo frente AL hombre nuevo (Madrid, Guadarrama, 1962). Também os livros do Jesuíta Ignácio Lepp (publicado por Editorial Lohlé) se referem ao assunto. Infelizmente não há em nosso idioma nenhuma obra adequada sobre o conceito de “novo homem” no Novo Testamento, como de início demonstramos que o termo já vem de lá.
(NB: Este texto foi trabalhado por nós na década de setenta, quando o seu enfoque era muito forte e atual. Hoje ele pode parecer fora de foco, mas fizemos questão de colocá-lo aqui por uma questão de informe cultural e histórico.)
Assim chegamos ao final da primeira parte de nossa proposta. Deixamos o nosso convite para a segunda parte, quando estaremos enfocando o homem como conseqüência de todo esse processo que acabamos de considerar. Vamos analisar a natureza do homem e sua adequação dentro das necessidades por ele criadas e as impostas em consequência dos diversos relacionamentos a que ele se viu obrigado em função de sua socialização.

Estaremos desenvolvendo mais dez textos, através dos quais refletiremos sobre os seguintes temas:

11- O homem não é obra do acaso.

12- O homem, por sua própria natureza e origem já é um vencedor;

13- Entender o homem como uma criação intencional de seu Criador.

14- O homem foi feito para ser solidário e não um mero competidor;

15- O lugar do sagrado na história do homem;

16- Religião, Filosofia e Ciência;

17- Em defesa da Religião;

18- Em defesa da Filosofia;

19- Em defesa da Ciência.

20- Revisão.

Fica aí o nosso desafio para os próximos encontros. Até lá. (P/AViS- 27/10/2009).

domingo, 11 de outubro de 2009

09- Ideologias, deuses e Deus. (II/II)

Introdução:
“Ideologia são as maneiras como o sentido serve para estabelecer e sustentar relações de dominação.” (John B. Thompson -historiador americano radicado na Inglaterra).
“E disse Deus: frutificai-vos e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Genesis 1.28).
Dominação é uma preocupação constante de todo ser vivo e principalmente do homem. Quando o autor mosaico fez os primeiros registros da Lei ele deu um destaque especial a este fato, afirmando que na realidade o homem, no sentido de humanidade foi feito para dominar. O autor não destaca o domínio sobre o próprio homem e nem sobre a terra como propriedade particular, apesar desta prática já estar consagrada na época dos registros.
Como já afirmamos anteriormente, o homem é um ser pensante e temos destacado a importância do poder e do fascínio desta capacidade. Este poder coadjuvado com o fascínio permitiu ao homem desenvolver outra habilidade fundamental para o seu desenvolvimento: a imaginação. Imaginando o homem se tornou capaz de criar formas e fantasias mentais que se tornavam realidades através da experimentação. Reunindo então, o pensamento, a imaginação e a experimentação o homem aprendeu a dominar não só a criação mas também as forças da natureza. Assim depois de alguns milhares de anos de experiência, chegamos ao Adão de Deus, o homem capaz de discernir entre o bem e o mal e desenvolver as qualidades que tradicionalmente chamamos de “Pecados Capitais” e “Virtudes”. Nestas condições o homem sai do patamar de “pensante” para o de “ideólogo”, isto é, com a capacidade de desenvolver ideias. Muitas tem sido as ideias desenvolvidas pelo homem, umas para o bem e outras para o mal. Para alguns pensadores as ideias têm sempre como meta o domínio.
Sobre a origem da vida:
A origem da vida é objeto de muita discussão entre os sábios desde a mais remota antiguidade e ninguém tem a resposta definitiva. A verdade é que sempre que se faz alguma pesquisa em qualquer parte do nosso planeta os pesquisadores encontram vestígio de vida e de inteligência. Possivelmente a ciência não terá esta resposta tão cedo. Enquanto isto os ideólogos vão elaborando as suas hipóteses como faziam os magos sumerianos antes que Babilônia olhasse para os céus com a ajuda de alguns instrumentos rudimentares. Não ache engraçado, eu acredito que em relação ao conhecimento da origem da vida ainda nos encontramos naquele estágio, apesar de toda a nossa engenharia genética. O que é incontestável é a milenar afirmação: “A vida só vem da vida”.
Toda a história que para nós não passa de mitologia começa quando o Criador, pela primeira vez filosofou, dizendo: façamos o homem... Neste momento o mundo invisível, imaginário ou espiritual já estava povoado e o Criador já tinha com quem falar: “façamos”...
É o pensamento do Criador elaborado e pronunciado que dá origem à vida dentro dos limites em que nos encontramos. Fazer o homem estava incluso todas as providências necessárias para a implantação e sobrevivência da vida em nosso planeta, possivelmente em muitos outros. Cada ser vivo recebeu um nível de inteligência e de habilidade para garantir sua sobrevivência. Cada um, dentro de sua espécie recebeu ordem para multiplicar e encher a terra. Encher e dominar a terra estão no inconsciente de todo ser vivo que o executa sem levar em conta qualquer conseqüência, inclusive a espécie humana. Contudo aos humanos foi dado o poder de romper seus limites e conquistar outras habilidades, tais como observar, pensar, experimentar e optar. Com estas e outras habilidades o homem vem se desenvolvendo e estendendo seu domínio em muitas direções.
Observando a natureza a partir de si mesmo o homem (usamos o termo homem no sentido de espécie, isto é o homem e a mulher) desenvolveu sua habilidade de pensar e imaginar, tornando-se a primeira espécie capaz de inventar instrumentos para o seu desenvolvimento e exercitar a inteligência. À semelhança do criador, começou a pronunciar sons, imitando os animais que já os pronunciava por determinação do criador, os rios, os ventos e outros fenômenos da natureza. Descobriu que era capaz de produzir uma infinidade de sons e daí a ligar estes sons com os objetos que o rodeava foi questão de poucos milhares de anos. Surgia assim a linguagem, a capacidade de se comunicar com palavras bastante elaboradas.
Foi um grande salto para a humanidade. Daí até ser capaz de traçar desenhos representando estas palavras e suas ideias foram mais alguns milhares de anos. Finalmente o homem é capaz de pensar, falar e escrever suas ideas. Este estágio foi alcançado em épocas e lugares diferentes, de tal forma que a cultura atual acolhe muitas informações, calendários e linguagens diferenciadas, dependendo das suas origens geográficas.. A nossa cultura de origem Greco-judaico-romano considera que tenhamos chegado a este nível de sete a dez mil anos atrás. Tudo isto é muito teórico e especulativo apesar de todas as pesquisas dos arqueólogos, paleontólogos e outros.
Rememorando a História:
Analisando à luz da antropologia e dando azas à imaginação, podemos dizer que um dia, depois de alguns milhões de anos o homem se viu no meio dos animais sem ter consciência de suas habilidades e até de si mesmo. Enquanto o Criador, o “ Deus Altíssimo” trabalhava o homem, trabalhava também a natureza para no futuro, trezentos milhões de anos depois, entregar ao homem o petróleo em condições de ser refinado e usado. (Esta é a grandiosidade infinita da sabedoria que conduz todo o universo e que foge à nossa compreensão).
Já temos notícias de fósseis da espécie humana com mais de quatro milhões de anos. Portanto, esta é uma longa história, da qual a humanidade tem muito poucas notícias. Mas, com certeza, em alguns bilhões de anos este planeta e todas as espécies de vida e de matéria orgânica passaram por muitas transformações. E mesmo sem entender o que passava o homem ia desenvolvendo a sua capacidade de pensar, imaginar e formular ideias. Paralelo a isto desenvolvia também a capacidade de produzir sons e dar início a codificação das primeiras palavras. Sua sobrevivência foi sempre garantida pela provisão de seu criador que através dos instintos naturais (sexuais principalmente) procurava multiplicar e encher a terra. Assim, apesar de todas as ações destrutivas da natureza que por outro lado buscava a transformação dos seus elementos para permitir a sobrevivência da vida, o homem sempre sobrevivia, muitas vezes mais pela sua inteligência rudimentar do que mesmo pela sua resistência física. Esta luta entre a força e a inteligência fazia com que o homem aprimorasse sua capacidade de criar, chegando ao nível de ser capaz de transformar matérias (pedras, ramos, e galhos mais resistentes) em instrumentos de trabalho. O Homem aprendeu a trabalhar e começou a se valorizar pelas suas habilidades, desenvolvendo assim sua capacidade de domínio, dando início a fixação de território assim como ainda hoje alguns animais sabem fazer. Foram os primeiros sinais de socialização, permitindo ao homem adquirir a noção do espírito de corpo, a partir da fidelidade de um casal e a união de suas crias. É possível que estivéssemos nesse estágio há sete mil anos atrás, quando deparamos com o Adão e Eva sendo tomados pelo Altíssimo para que se desse início ao período de “Revelação” no qual nos encontramos até os dias de hoje.
Tomando o conceito de Thompson:
Depois destes quase sete mil anos de evolução ideológica deparamos com Thompson, nosso contemporâneo, {Ideologia e Cultura Moderna – Petrópolis – Vozes – 2007} que depois de muitas reflexões, finalmente ofereceu a seguinte formulação crítica: "ideologia são as maneiras como o sentido serve para estabelecer e sustentar relações de dominação". Analisemos esta formulação proposta por Thompson e vejamos os seus significados:
o Sentido: diz respeito a fenômenos simbólicos, que mobilizam a cognição, como uma imagem, um texto, uma música, um filme, uma narrativa; ao contrário de fenômenos materiais, que mobilizam recursos físicos, como a violência, a agressão, a guerra;
o Serve para: querendo significar que fenômenos ideológicos são fenômenos simbólicos significativos desde que (somente enquanto) eles sirvam para estabelecer e sustentar relações de dominação;
o Estabelecer: querendo significar que o sentido pode criar ativamente e instituir relações de dominação;
o Sustentar: querendo significar que o sentido pode servir para manter e reproduzir relações de dominação por meio de um contínuo processo de produção e recepção de formas simbólicas;
o Dominação: fenômeno que ocorre quando relações estabelecidas de poder são sistematicamente assimétricas, isto é, quando grupos particulares de agentes possuem poder de uma maneira permanente, e em grau significativo, permanecendo inacessível a outros agentes.
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Vislumbres de Um Criador:
Apesar de todos os esforços dos pesquisadores e elaborações dos filósofos, teólogos e pensadores, o que temos de conhecimento sobre o Criador não passa de vislumbres que nos permite fazer algumas afirmações cautelosas a seu respeito. Vejamos este texto que faz parte do meu acervo, de um autor desconhecido:
“O elefante é o único animal cujas pernas dianteiras se dobram para frente. Por quê? Porque de outra forma seria difícil para esse animal levantar-se, por causa do seu peso.

Por que os cavalos, para se erguerem, usam as patas dianteiras, e as vacas, as traseiras? Quem orienta esses animais para que ajam dessa maneira? Deus. Esse mesmo Deus que coloca um punhado de argila no coração da terra, e, através da ação do fogo transforma-a em formosa ametista de alto valor. Esse mesmo Deus que coloca certa quantidade de carvão nas entranhas do solo, e, mediante a combinação de fogo e a pressão dos montes e das rochas, transforma esse carvão em resplandecente diamante, que vai fulgurar na coroa dos reis ou no diadema dos poderosos!

Por que o canário nasce aos 14 dias, a galinha aos 21, os patos e gansos aos 28, o ganso silvestre aos 35 e os papagaios e avestruzes aos 42 dias? Por que a diferença entre um período e outro é sempre de sete dias?

Porque o Criador sabe como deve regular a natureza e jamais comete engano. Ele determinou que as ondas do mar se quebrassem na praia à razão de 26 por minuto, tanto na calma com na tormenta. Aquele que nos criou pode também nos dirigir. Somente aquele que fez o cérebro e o coração pode guiá-los com êxito para um alvo útil.

A insondável sabedoria divina revela-se ainda nas coisas que poucos notam: A melancia tem número par de franjas. A laranja possui número par de gomos. A espiga de milho tem número par de fileiras de grãos. O cacho de bananas tem, na última fila, número par de bananas, e cada fila de bananas tem uma a menos que a anterior. Desse modo, se uma fileira tem número par, a seguinte terá número ímpar.

A ciência moderna descobriu que todos os grãos das espigas são em número par, e é admirável que Jesus, ao se referir aos grãos, tenha mencionado exatamente números pares: 30, 60, e 100. (1) Pela sua maravilhosa sabedoria e graça, é assim que o Senhor determina à vida que cumpra os propósitos e os planos dele. Somente a vida sob o cuidado divino está a salvo de contratempos.

Outro mistério que a ciência ainda não descobriu: Enormes árvores, pesando milhares de quilos, apoiadas em apenas poucos centímetros de raízes. Ninguém até agora conseguiu descobrir esse princípio de sustentação a fim de aplicá-lo em edifícios e pontes.

Mas há maravilha ainda maior. O Criador toma o oxigênio e o hidrogênio, ambos sem cheiro, sem sabor e sem cor, e os combina com o carvão, que é insolúvel, negro e sem gosto. O resultado porém, é o alvo e doce açúcar.” (Autor desconhecido).

Com isto concluímos a primeira parte de nossas reflexões: fase especulativa e de fundamentação. No próximo texto faremos uma revisão geral, para dar início a segunda fase, quando refletiremos sobre o que chamamos de período histórico da humanidade, analisando assim aspectos mais concretos da filosofia, o que nos permitirá a dar início a algumas abordagens das questões religiosas, éticas e sobre o exercício do poder (Liderança). Até lá, (P/AViS-13/10/2009).

terça-feira, 6 de outubro de 2009

08- Ideologias, deuses e Deus. (I/II)

Introdução:

Ao analisar os fundamentos da filosofia nos deparamos com duas tendências antagônicas, tanto na área da metafísica como na da epistemologia: o idealismo e o Realismo.

As questões referentes às ideologias, aos deuses e a Deus, conforme nossa proposta de reflexão se encontram no campo do idealismo. Antes de tudo devemos verificar alguns conceitos que os filósofos defendem a respeito do idealismo.

Primeiro:
O “idealismo” (o “ismo” da ideia) é aquele princípio filosófico que afirma que as realidades mentais são mais importantes que as realidades concretas ou físicas.

Segundo:
A mente é mais importante do que a matéria.

Terceiro:
Para o idealista extremo; as ideias, as abstrações mentais, os dogmas ou axiomas básicos superam as comprovações científicas, que são apenas instrumentos de comprovação daquilo que a mente percebe.

Quarto:
Qualquer realidade concreta, física ou científica só poderá adquirir realidade se houver uma mente capaz de percebê-las.

Quinto:
Só pode existir ou alcançar realidade no mundo físico aquilo que está contido em um pensamento: “Penso, logo existo”.

Verificados estes breves conceitos, vamos também conceituar de forma bem simples os termos propostos: Ideologias, deuses e Deus.

Ideologias
Usamos o termo “Ideologia” para indicar o sentido de "conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas e visões de mundo de um indivíduo ou de um grupo, voltado para suas ações sociais e, principalmente, políticas".
Para Karl Marx, a ideologia pode ser considerada um instrumento de dominação que age através do convencimento (e não da força), de forma prescritiva, alienando a consciência humana e dando um novo sentido à realidade.
Os pensadores mais críticos consideram a ideologia como uma ideia, discurso ou ação que mascara um objeto, mostrando apenas sua aparência positiva e escondendo as qualidades consideradas negativas, superadas e que não atendem ao gosto das pessoas, dizendo ao grupo exatamente aquilo que ele deseja ouvir.
A origem do termo ocorreu com Destutt de Tracy, um militar e filósofo francês, que criou a palavra e lhe deu o primeiro de seus significados: ciência das ideias.
Posteriormente, esta palavra ganharia um sentido pejorativo quando Napoleão chamou De Tracy e seus seguidores de "ideólogos" no sentido de "deformadores da realidade”, uma vez que suas ideias não colaboravam com as pretensões napoleônicas.
No entanto, os pensadores da antiguidade clássica e da Idade Média já entendiam ideologia como o conjunto de ideias e opiniões de uma sociedade.
Deuses
O conceito de divindade assumiu, ao longo dos séculos, várias concepções, evoluindo desde as formas mais primitivas provenientes das tribos da antiguidade até as dogmáticas e definições das religiões.
Divindade é um ser sobrenatural, usualmente com poderes significantes, cultuado, tido como santo, divino ou sagrado, e/ou respeitado por seres humanos. Normalmente as divindades são superiores aos seres humanos e à natureza.
Divindades assumem uma variedade de formas, mas são frequentemente antropomorfas ou zoomorfas. Uma divindade pode ser masculina, feminina, hermafrodita ou neutra, mas é usualmente imortal.
Por vezes, as divindades são identificadas com elementos ou fenômenos da natureza, virtudes ou vícios humanos ou ainda atividades inerentes aos seres humanos.
Assume-se que uma divindade tenha personalidade e consciência, intelecto, desejos e emoções, num sentido bastante humano desses termos. Além disso, é usual que uma determinada divindade presida sobre aspectos do cotidiano do homem, como o nascimento, a morte, o tempo, o destino etc. À algumas divindades é atribuída a função de dar à humanidade leis civis e morais, assim como serem os juízes do valor e comportamento humano.
É também comum atribuir às divindades, ou a interações entre elas, a criação do universo e sua futura destruição.
No intuito de criar explicações para a existência dos elementos e dos seres da natureza, bem como para conhecer o sentido dos fenômenos naturais (a tempestade, o vento, o dia e a noite, as estações, etc.), os povos e tribos da antiguidade conceberam diversas divindades que, no mais das vezes, passaram a ter sentimentos e emoções idênticas às dos humanos.
Daí derivaram os rituais, cerimônias e sacrifícios, que tinham como objetivo agradecer as benesses enviadas por essas divindades ou aplacar sua ira, que castigava a humanidade com alguma calamidade.
Os arqueólogos conseguiram detectar sinais de uma cerimônia de enterro de mortos que deverá ter ocorrido há uns 300.000 anos. Trata-se de um sítio arqueológico em Atapuerca na Espanha, onde foram encontrados ossos de 32 indivíduos no buraco de uma caverna.
Deus
Enquanto muitos desenvolviam a ideia de muitas divindades (politeísmo) outros afirmavam a existência de apenas um Deus (monoteísmo). Possivelmente este fato tenha determinado a saída de Abrão da Babilônia em busca de Salém onde o Deus Altíssimo era adorado e tinha como seu Sumo Sacerdote Melquisedeque. (Gênesis 14.17-20). [Bíblia Sagrada traduzida da Vulgata e anotada pelo Pe. Matos Soares – Edições Paulinas – 1962].
Deus não somente é o Criador do mundo, mas Ele é também o Sustentador do mundo. Vamos, em princípio conceituar Deus sob a ótica cristã e judaica, tomando por base a Bíblia adotada pela Igreja Católica Romana.
Segundo a Bíblia, Ele sustenta o mundo de forma que Ele continua a existir. “Foste tu, Senhor, tu só que fizeste o céu, e o céu dos céus, e toda a sua milícia, a terra, e tudo o que há nela, os mares, e tudo o que neles se contém; e tu dás vida a todas estas coisas, e a milícia do céu te adora.” (Seg. Esdras “Neemias” 9:6).
Sem o poder preservador de Deus, o mundo inteiro cessaria de existir. O universo não pode permanecer por si mesmo. Ele foi criado por Deus e, portanto, necessita de Deus para a sua própria existência. Você não pode ser nada e não pode fazer nada sem o poder sustentador de Deus. Deus “dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas... porque nele vivemos e nos movemos e existimos...” (Atos 17:24,28). Você não pode nem mesmo se mover sem o poder sustentador de Deus.
A grandeza de Deus é demonstrada não somente pela criação e sustentação do mundo, mas por Seu controle sobre o mundo. Deus é o Governador do mundo. “Fundaste a terra sobre as suas bases, e não vacilará pelos séculos dos séculos.” (Salmos 103:5). Deus é o único: “o qual mostrará a seu tempo o bem-aventurado e o único poderoso, o Rei dos reis, e o Senhor dos Senhores,” (1 Timóteo 6:15).
Ele não é um Deus fraco cuja vontade é frustrada pela criatura. Ele é o eterno Rei que domina sobre todas as coisas, incluindo você e eu. Ele controla tanto todas as coisas do mundo que Ele produz o que Ele eternamente planejou para o mundo e para tudo o que há nele. Ele “faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade” (Efésios 1:11). Deus é o seu Governador e Rei.
Dessa forma, nenhuma criatura em todo o mundo é independente de Deus. Todos nós temos necessidade de Deus. Você deve sua própria vida ao Deus verdadeiro. Além do mais, Deus te criou para a Sua própria glória. A Bíblia diz: “Tu és digno, ó Senhor nosso Deus, de receber a glória, e a honra, e o poder, porque criaste todas as coisas, e pela tua vontade é que elas subsistem e foram criadas”. (Apocalipse 4:11).
Você não foi criado para o seu próprio prazer. Você não foi criado para que simplesmente exista. Você foi trazido à existência para o prazer e para a glória de Deus. Por isto você só encontrará prazer, paz e a verdadeira alegria junto a Ele, pois n’Ele está a vida e a luz dos homens.
Hoje ficaremos apenas na Introdução. No próximo texto estaremos desenvolvendo estes temas e aprofundando mais estas ideias. Até lá. (P/AViS-06/10/2009).