quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

18- Em Defesa da Filosofia. (I/II)

Introdução:
Conta-se que Licurgo foi convidado a proferir uma palestra a respeito de educação. Aceitou o convite, mas pediu, no entanto, o prazo de seis meses para se preparar.
O fato causou estranheza, pois todos sabiam que ele tinha capacidade e condições de falar a qualquer momento sobre o tema e, por isso mesmo, o haviam convidado. Transcorridos os seis meses, compareceu ele perante a assembléia em expectativa. Postou-se à tribuna e logo em seguida, entraram dois criados, cada qual portando duas gaiolas. Em cada uma havia um animal, sendo duas lebres e dois cães.
A um sinal previamente estabelecido, um dos criados abriu a porta de uma das gaiolas e a pequena lebre, branca, saiu a correr espantada. Logo em seguida, o outro criado abriu a gaiola em que estava o cão e este saiu em desabalada carreira ao encalço da lebre alcançou com destreza trucidando-a rapidamente.
A cena foi dantesca e chocou a todos. Uma grande admiração tomou conta da assembléia e os corações pareciam saltar do peito. Ninguém conseguia entender o que Licurgo desejava com tal agressão. Mesmo assim, ele nada falou. Tornou a repetir o sinal convencionado e a outra lebre foi libertada. A seguir, o outro cão.
O povo mal continha a respiração. Alguns mais sensíveis levaram as mãos aos olhos para não ver a reprise da morte bárbara do indefeso animalzinho que corria e saltava pelo palco.
No primeiro instante, o cão investiu contra a lebre. Contudo, em vez de abocanhá-la deu-lhe com a pata e ela caiu. Logo se ergueu e se pôs a brincar. Para surpresa de todos, os dois ficaram a demonstrar tranqüila convivência, saltitando de um lado a outro do palco.
Então, e somente então, Licurgo falou; "senhores, acabais de assistir a uma demonstração do que pode a educação. Ambas as lebres são filhas da mesma matriz, foram alimentadas igualmente e receberam os mesmos cuidados. Assim igualmente os cães". A diferença entre os primeiros e os segundos é, simplesmente, a educação."
E prosseguiu vivamente o seu discurso dizendo das excelências do processo educativo.
"A educação, baseada numa concepção exata da vida, transformaria a face do mundo."
Eduquemos nossos filhos, "esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinemos a ele a despojar-se das suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste em nos tornarmos melhores."
Percebe-se, portanto, que a educação não se constitui em mero estabelecimento de informações, mas sim de se trabalhar as potencialidades interiores do ser, a fim de que possam florescer, à semelhança de bela e perfumada flor.
Filosofia:
Filosofia (do grego Φιλοσοφία: philos - que ama + sophia - sabedoria, « que ama a sabedoria ») é a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem.
O termo “Filosofia” foi consagrado ou adotado nos séculos VII-VI a.C. nas cidades gregas situadas na Ásia Menor. Começa por ser uma interpretação des-sacralizada das tradições cosmogônicas (por nós chamadas de mitos ou era lendária) difundidas pelas religiões daquele tempo. Não questionaram apenas os mitos gregos, mas todos mitos de todas as religiões que influenciavam a Ásia menor.


Os mitos foram, segundo Platão e Aristóteles, o ponto de partida para a reflexão dos filósofos. Eles consideravam num campo comum a religião e a filosofia, revelando que a pretensa separação entre esses dois modos do homem interpretar a realidade não é tão nítida como aparentemente se julga.

Entre os povos que desenvolveram escritas fonéticas ou ideogramáticas, as principais tradições filosóficas são a filosofia indiana, a filosofia chinesa e a filosofia ocidental (ou greca-romana).

É provável que povos que não desenvolveram tais tipos de escrita também tivessem algum tipo de tradição filosófica. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro afirma que encontramos pontos de vista semelhantes entre os ameríndios desde a Terra do Fogo até o Alasca, por exemplo. (Perspectivismo e multinaturalismo na América Indígena – São Paulo – Cosac & Naify, 2002).


Mas é a partir do pensar grego que a filosofia vai se tornando em uma disciplina, ou a área de estudos, que envolve a investigação, a argumentação, a análise, discussão, formação e reflexão das ideias sobre o mundo, o homem e o ser. Originou-se da inquietude gerada pela curiosidade em compreender e questionar os valores e as interpretações aceitas sobre a realidade dadas pelo senso comum e pela tradição.

As interpretações comumente aceitas pelo homem constituem inicialmente o embasamento de todo o conhecimento. Essas interpretações foram adquiridas, enriquecidas e repassadas de geração em geração. Ocorreram inicialmente através da observação dos fenômenos naturais e sofreram influência das relações humanas estabelecidas até a formação da sociedade. Isso ocorreu em conformidade com os padrões de comportamentos éticos ou morais tidos como aceitáveis em determinada época por um determinado grupo ou determinada relação humana.

A Maiêutica Socrática é o momento do "parto" intelectual, da procura da verdade no interior do Homem. Sócrates conduzia este parto em dois momentos: No primeiro, ele levava os seus discípulos ou interlocutores a duvidar de seu próprio conhecimento a respeito de um determinado assunto (base niilística); no segundo, Sócrates os levava a conceber, de si mesmos, uma nova idéia, uma nova opinião sobre o assunto em questão (o que os niilistas não têm conseguido até os dias de hoje). Através de questões simples, inseridas dentro de um contexto determinado, a Maiêutica dá à luz ideias complexas.
A auto-reflexão, expressa no nosce te ipsum - "conhece-te a ti mesmo" - põe o Homem na procura das verdades universais que são o caminho para a prática do bem e da virtude.
A Maiêutica, criada por Sócrates no século IV a.C., tem seu nome inspirado na profissão de sua mãe, que era parteira.

Sócrates pretendia preparar uma juventude pensante na Grécia na certeza de que por este caminho seria possível criar uma sociedade virtuosa. Na verdade este objetivo foi em parte alcançado, pois em Atenas formou-se a primeira comunidade constituída de homens capazes de dar respostas as grandes questões da vida e que ainda hoje servem de inspiração para o mundo pensante.
Jesus com suas parábolas tentava fazer o mesmo. Falava de um reino que não era deste mundo e que apesar de conflitantes não poderiam viver isolados. Falava de uma verdade que era libertadora e que teria de ser achada dentro de cada um de nós e projetada para o exterior na direção do próximo. É o bom samaritano que sem se descuidar dos seus afazeres deu proteção ao homem caído e ferido à beira da estrada. A verdade libertadora nos desafia a aceitação do outro numa atitude amorosa sem o questionamento de quem é ou se tem culpa, mas considerando exclusivamente a sua necessidade situacional. Jesus ensinou isto há dois mil anos, os cristãos tem repetido com palavras, mas raramente alguém consegue atender ao apelo de: “Sede meus imitadores”. Até porque o simples imitar não alcançaria a verdadeira intenção de Jesus que era a de que cada homem assimilasse suas palavras de tal forma que elas se transformassem em vida (ou rios) no seu interior. Essa entrega não pode ser apenas uma carga ou uma obrigação legal, mas uma atitude voluntária, cheia de prazer, nascida no mais interior da alma humana. (P/AViS- 29/12/2009).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

17- Em Defesa da Religião

Introdução:

“Entreguem todas as suas preocupações a Deus, pois ele cuida de vocês”. (1 Pe 5.7).

Sou professora aposentada. Estava conversando com Deus, pedindo orientação de como poderia ajudar a minha filha nos seus estudos (financeiramente). Comecei a meditar e resolvi voltar a dar aulas particulares. Mandei imprimir cartões com endereço e telefone e fui distribuí-los nas portas de várias escolas particulares do bairro. No princípio, fiquei com vergonha, mas Jesus me encorajava. Assim passei bom tempo. Quando retornei à minha casa, o telefone tocou. Era a mãe de uma aluna pedindo aula de reforço para a filha. Com o telefone na mão, agradeci a Deus pela sua fidelidade comigo. Essa aluna me abençoou arrumando outras. Hoje, aposentada, sou proprietária de uma escola com mais de trezentos alunos. Jesus olha o nosso coração. Deus é socorro bem presente para aqueles que O buscam. Ele é Pai que não abandona os seus filhos. Está passando por dificuldades? Os desafios da vida estão enchendo seu coração de medo, angústia e desânimo? Deus jamais planejou que você carregasse fardos que não pudesse suportar. Ainda hoje, você pode experimentar consolo, conforto, a proteção e provisão de Deus. Ele tem conselhos certos e sábios para orientá-los tanto nas decisões difíceis da vida como naquelas que parecem ser de menor importância. Para isso, primeiramente busque a Deus e, na presença dele, declare que você entrega sua vida, seu coração, seus sonhos e desejos a Ele e recebe Jesus como dono de sua vida. Fazendo isso, você se tornará em um filho de Deus, pois é pelo sangue de Jesus que somos feitos filhos de Deus. A partir de então, busque a Deus a cada dia, reserve um tempo para estar a sós com Ele, contemplando-o, meditando na sua Palavra e aprendendo a ouvir a sua voz. Não lhe faltará orientação para o viver diário, no final, os que são do Senhor irão morar no céu com Deus para sempre. Entregue hoje sua vida a Jesus! MCS (Extraído de um folheto com autor desconhecido).

“Não fiquem com medo, pois estou com vocês; não se apavorem, pois eu sou o seu Deus. Eu lhes dou forças e os ajudo; eu os protejo com a minha forte mão”. (Is 41.10).


Poderes Militantes:

Muitos grupos e instituições estão em disputa buscando o domínio das massas. Existe um verdadeiro mercado de domínio em ação no mundo ofertando todo tipo de artigos para agradar e atrair as pessoas. Nesta militância destacam-se com muito vigor as religiões. Neste breve texto pretendemos demonstrar que esta luta pelo domínio é necessária, oportuna e de grande valia para conduzir a humanidade no seu progresso. Em nossos dias destacam-se, principalmente três grupos que pretendem dominar as massas e se firmarem como poder. São eles: a religião, a política e as informações ou comunicações. O sistema de globalização que se desenvolve facilita o desenvolvimento dos meios tecnológicos da informática que por sua vez se torna instrumento poderoso a serviço dos três.

Aqui o nosso destaque é a religião. Nunca as religiões estiveram tão ativas como em nossos dias, no que diz respeito à divulgação de seus princípios. Os milhões que eram gastos em construções de templos suntuosos no século passado, hoje são gastos em informações religiosas que propiciam as mais variadas opções de práticas espirituais. Com isso a religião nas mais variadas formas, se faz presente em todos os setores da atividade humana. Encontramos religiosos leigos e clérigos atuando nos esportes, no meio artístico, na política nacional e internacional, na ciência, em fim onde o homem atua a religião em uma de suas formas se faz presente. O seu poder de penetração e de presença atuante é incontestável.

A religião, à semelhança da filosofia, lança mão da educação como instrumento transformador da sociedade. Enquanto que a filosofia joga todas as suas cartas nos processos pedagógicos, a religião recorre à fé, à esperança e à solidariedade como meios de transformar o homem. Para isto ela possui uma linguagem hermética através de símbolos, histórias, lendas e parábolas que são traduzidas pela “Teologia”, que com os seus argumentos filosóficos procura transmitir para a humanidade a vontade de Deus. Por estes meios, há muitos milênios a religião tem servido de guia orientador do comportamento humano, prestando assim um relevante serviço à humanidade.

Se existem motivos para criticar a religião, muito mais forte são as razões positivas a seu favor. Desde Zoroastro até os nossos dias as religiões têm se mostrado com grande competência e incontestável poder transformador para o bem e para o desenvolvimento do pensamento humano. O seu conteúdo preservado pelas obras chamadas sagradas é um acervo de incalculável valor que se acha a disposição de todos os homens de bem e tementes ao Criador.

A Evolução Teológica:

De um modo geral se dá pouca atenção ao estudo da “Evolução Teológica”. Ela acontece num clima natural, de tal forma que os homens estão sempre imaginando que a visão atual é a verdade, e por isso se esquecem de buscar as causas do estado atual da Teologia. Com isto os sistemas vão surgindo num festival constante de novidades que ocorrem ao sabor da vontade da liderança, e as vezes até com algumas esquisitices passageiras (Leia nosso texto “Esquisitices Religiosas” a ser postado brevemente – Texto 27 – A Teologia da Graça). Cada líder religioso busca afirmações nas letras sagradas para afirmarem suas idéias e as massas vão sendo conduzidas sem conhecerem a essência dos ensinamentos sagrados. Numa visão espiritual, isto apresenta duas questões intrigantes: primeiro, o processo parece conduzido por uma vontade soberana que os adeptos, de um modo geral, denominam de divina, isto é, a vontade do profeta, de Jeová, de Alá, de Jesus, do Espírito Santo; segundo, o processo pode ser manipulado por pessoas que se dizem representantes de Deus, mas que na realidade possuem objetivos de ordem ideológica ou até de outras ordens e assim usam o nome da divindade para dominar as massas e impor seus ideais. Isto tem ocorrido em todos os tempos e com todas as religiões.

No entanto, um exame apurado prova que em momentos especiais, homens especiais são chamados pelo Criador para cumprir missões especiais neste planeta. Estes homens deixam marcas especiais na história e em muitos casos abrem novos horizontes e novas eras para o pensamento e o comportamento da humanidade.

Segundo as Teologias em geral, com raras exceções, no princípio o homem vivia com Deus, era seu amigo e mantinha intimidade com Ele. Com a queda ele perdeu este conhecimento. Ao perder a comunicação com Deus, os homens do passado inventaram diversos deuses para atender o vazio da saudade do amigo que era ao mesmo tempo o seu Pai e Criador.

A inteligência (razão) e a carência do amor paterno fizeram com que os homens racionalizassem a ideia da existência de Deus e criaram argumentos que foram passando de geração em geração através dos magos, filósofos e pensadores.

Em época bem recente (mais ou menos 500 a. C.), Platão defendeu uma Ideia do Bem: que apesar de impessoal, era um conhecimento incondicional completo, sendo a realidade básica da qual se desprendiam todas as outras realidades. Aristóteles ficou famoso pelo seu argumento sobre uma Primeira Causa, que carecia de princípio. Essa causa não era pessoal como o é Jeová, porém certamente tinha uma afinidade lógica com um Criador.
Bem mais recente, no século XI a. D., Anselmo de Cantebury, se tornou famoso pelo seu “argumento ontológico” a favor da existência de Deus, no qual mantinha que se o homem pode albergar o conceito de um Deus perfeito, esse ser deve então existir. Se Deus fosse apenas produto do pensamento humano, seria um ser imperfeito e, portanto, teríamos que buscar algo superior a esse próprio Deus.
Seguindo por estes princípios a humanidade continua ainda hoje discutindo a existência de Deus. Na verdade, é muito mais fácil argumentar pela existência de Deus do que pela Sua não existência.

A Igreja Cristã, na época apostólica enfrentou essa questão e Paulo foi incansável na defesa de um Deus supremo; mais tarde os Concílios através de encíclicas e credos confirmaram não só a existência de um Deus Criador e distante do homem, mas, também de um Deus que se fez carne em Jesus Cristo e habitou entre os homens, não só para ensinar e praticar o amor até as suas últimas consequências, mas para remir o mundo e permitir ao homem readquirir sua intimidade com Deus pela a ação do Espírito Santo.


O Subjetivismo Teológico:

O pensamento humana trilha dois caminhos distintos: o objetivismo (empirismo) e o subjetivismo (egotismo). São duas posições opostas. A primeira trabalha com o realismo e a segunda com o idealismo. Por subjetividade, em contraste com a objetividade, designamos aqueles “sistemas” de pensamento tais como a intuição, a fenomenologia, o existencialismo e tipos de pensamentos reconhecidos como irracionais e individualisados. A Teologia está comprometida com o sistema subjetivo. No século XIX, sob a orientação de homens como Shopenhauer, Darwin, Nietzche e Kierkegaard, chegou-se a dar grande importância à sensação, ao instinto e ao impulso animal valorizando o poder do irracional de um modo genérico, opondo-se à razão e ao intelecto. Os conceitos subjetivos opõem-se à ciência e a objetividade empírica. Seguiu-se a estes pensamentos o resgate dos antigos filósofos como Descartes que defendiam a matemática, a razão, as faculdades intelectuais a fé na razão. Isto significou um grande salto na evolução das Teologias e do pensamento humano. As tensões resultantes entre o racional e o irracional não só afetaram o pensamento filosófico, como também a psicologia, a arte, a política, a semântica e, em seguida as relações entre a ciência e a religião. Produziu-se uma vasta literatura sobre temas tais como fenomenologia, existencialismo, intuição, socialismo, comunismo, ateísmo, deismo e muitos outros que produziram profundas alterações na política, nas religiões e no comportamento do homem, criando o mundo ideal dos niilistas e provocando duas grandes guerras na primeira metade do século XX.

As teologias continuaram e ainda continuam na defesa subjetiva da fé, da esperança e da solidariedade. Dois grupos destacam hoje no mundo: os fundamentalistas (defendem a ortodoxia) e os conservadores (defendem a solidariedade ou o ecumenismo). São dois grupos bem distintos que vão se firmando com grande possibilidade de levar a humanidade a uma guerra mundial religiosa.

Daí a grande responsabilidade dos líderes religiosos diante dos grandes problemas que afligem a humanidade. Quem fará a melhor proposta? Esta é a grande questão!.Aqueles que não vêem a religião com simpatia podem estar certos de que ainda terão que conviver com ela durante alguns séculos.

E se Deus Existir Mesmo?

Conta-se que um ateu que percorria o país chegou, finalmente, a uma pequena aldeia onde pretendia fazer um discurso argumentando contra a afirmação da existência de Deus. Alugou o maior salão que havia na vizinhança e convidou toda a gente da redondeza para ouvir seu discurso. O salão ficou repleto e de imediato ele afirmou que achava ridículo a ideia da existência de Deus. À medida que discursava, começou a ganhar entusiasmo pela afirmação que fizera de que Deus não existira nunca e que estas ideias eram apenas criação de algumas mentes doentias. Por fim olhando para cima, esbravejou: “Se há um Deus e se este Deus tem todo o poder, então que me parta agora mesmo, diante de todos vocês, com um raio”. Toda a assistência ficou horrorizada com tal desatino e esperava a todo momento ver um raio por fim à sua vida.
Nessa altura, uma senhora, com seus cabelos brancos e já conhecida na comunidade como uma crente fiel em Jesus Cristo, colocou-se de pé e pediu a palavra. Com muita tranquilidade e segurança disse: “meu senhor, dá licença para que se faça uma pergunta?”. “Quantas quiser” respondeu o conferencista. Continuou a velhinha crente: “eu só queria saber uma coisa. Eu sou crente no Senhor Jesus já há muitos anos e durante todo este tempo o Senhor Jesus tem sido a minha maior consolação. Quando tenho dificuldades, faço minhas orações, conto a Ele os meus problemas e todas as minhas dificuldades são resolvidas. Quando estou triste e desanimada, falo com o meu Salvador e logo fico consolada. Por favor, diga-me, se no fim da minha vida encontro que o que o senhor está dizendo é a verdade e que, na realidade, Deus não existe, diga-me senhor, o que tenho eu perdido, visto que a minha vida tem sido tão feliz, crendo em Jesus? Sim, que tenho perdido?
“Bem, respondeu o ateu” – “na verdade, parece que a senhora não perdeu nada”.
Então, continuou a velhinha: vou fazer-lhe uma segunda pergunta. O senhor anda por toda parte a ensinar ao povo que Deus não existe e desafia a Deus proferindo blasfêmias quanto ao Seu santo Nome. E se no fim da sua vida, quando o senhor estiver às portas da morte, se nesta altura o senhor reconhecer que tem andado enganado e que, na realidade, Deus existe, o que é que o senhor terá perdido?
Pensativo e sem outra alternativa, o ateu respondeu: se no fim da minha vida descobrir que realmente Deus existe, então, sem nenhuma dúvida, terei perdido tudo, tudo mesmo!
A velhinha na sua simplicidade, soube calar aquele que se julgava o dono da verdade.
Existem muitos outros argumentos para confirmar que o absurdo mesmo é acreditar que todas estas maravilhas surgiram por acaso e que não existe uma inteligência soberana que comanda desde o elemento mais reduzido possível até ao imenso universo, onde suas leis são justas e perfeitas como canta o Salmista.
No entanto o mais sério é que Paulo afirma que fora da fé somos todos pecadores e maus e não há nem um justo, nem um sequer. (Leia Rm 3.9-20).
A nossa incredulidade não tem nenhuma influência sobre a fidelidade e a perfeição de Deus. O homem e a mulher que vive como se Deus não existisse, no fim da sua vida verá que, de fato está tudo perdido, pois uma das profecias de Deus é esta: “Os ímpios serão lançados no inferno e todas as gentes que se esquecem de Deus.” (Sl 9. 17).
Assim somos chamados não só para acreditarmos na existência de Deus, mas para participarmos de uma batalha que acontece principalmente dentro de cada um de nós.

Conclusão:

As religiões, de um modo geral, propõem uma vida nova, tanto para este tempo presente como para a eternidade. O cristianismo, o que mais nos interessa aqui afirma que depois da fé ter alcançado o seu apogeu intelectual, ela deve convencer ao adepto às respostas de ordem não-intelectual, isto significa uma mudança radical de idéia, de atitude e de comportamento, ou seja, a pessoa deve passar por uma conversão, dando início a uma nova vida, onde o intelectual e o espiritual se consolidam permitindo o que os teólogos chamam de crescimento espiritual e emocional.

Precisamos conceituar então o “espiritual”:

“Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação das experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática. Em outras palavras, pensar na conexão do interior com o exterior. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.” (Bispo Josué Adam Lazier, em “Uma Tríade da Espiritualidade Ministerial: Carisma, Caráter e Caridade”, ele é Bispo na Igreja Metodista no Brasil).

Voltaremos ao tema no Texto nº 20: “A Revisão”.

A segurança é uma das maiores necessidades dos seres humanos, tanto individual como coletivamente. Nós, os homens, somos como crianças, Jesus disse até que somos semelhantes a crianças tocando flauta nas praças e de outra vez disse que aquele que não se fizer criança não entrará no “Reino de Deus”.

Isto, não só é verdade em um sentido geral, mas também de um modo particular no âmbito intelectual onde o homem sente necessidade de ordenar a sua vida com uma boa dosagem de subjetivismo e ao mesmo tempo de uma forma lógica entendê-lo. Este, o principal motivo do por que da busca da verdade, tanto religiosa como filosófica com um significativo potencial transformador. A busca do socorro em Deus deixa de ser uma forma de se acomodar e se torna uma fonte de poder onde o homem busca inspiração e soluções diante dos seus impossíveis, confiante na fidelidade e no poder infinito de Deus. A fé se torna aliada de providências científicas, tais como a organização, o planejamento e a execução, conduzindo o homem no verdadeiro caminho da prosperidade prometido pelo Divino.

Com o desenvolvimento do liinismo muitas barreiras dogmáticas foram desfeitas e o ateísmo se tornou numa espécie de religião, levando a humanidade a beira do abismo criando uma sociedade com um grande grau de apetite competitivo, o que está levando a humanidade a uma corrida desenfreada em busca do sucesso a qualquer custo. As doenças cardíacas, mentais e as depressões aumentaram de forma assustadora e a violência com todas as suas manifestações e formas vai tomando um vulto assustador, colocando em prova a sociedade laica que não tem conseguido dar respostas objetivas aos grandes problemas que flagelam a sociedade.

É, principalmente neste clima que surge o grande movimento mundial de renovação da religião, alimentado pelo próprio veneno do liinismo que não tem sabido dar respostas aos questionamentos inteligentes dos seus próprios adeptos. Neste caso a religião se vê reforçada na sua proposta de “Fé”. “Esperança” e “Solidariedade”, faltando apenas aos seus líderes uma visão ecumênica para que se possa alcançar o objetivo supremo do Cristo: “Que sejam um, como nós o somos”.

Contudo acredito na sobrevivência do que denomino de “Plano Salvífico”, ou seja, a “UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE DO MISTÉRIO DA OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO NA CRUZ DO CALVÁRIO” como dado perene da sobrevivência da igreja como sinal da “verdade libertadora” de Jesus Cristo visto e aceito como Filho de Deus, Senhor e único salvador, que no evento da encarnação, morte e ressurreição realizou a história da salvação, a qual tem n’Ele a sua plenitude e o seu centro.

“Crer nisso me traz muita paz e segurança para acreditar no futuro do homem, alvo primeiro de toda a preocupação do “Deus Altíssimo”, revelada em Jesus Cristo que deu garantia de que as portas do inferno não prevalecerão contra a sua IGREJA.”

Nestes termos o Espírito Santo cumprirá a sua missão e unirá a todos, não de forma política, geográfica ou ideológica como pensam alguns, mas de forma espiritual, permitindo que cada um permaneça em seu próprio tanque. (P/AViS- 22/12/2009).

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

16- Religião, Filosofia e Ciência.

Introdução.

Nos dias de hoje a maioria das pessoas duvidam de que é possível uma fé definida, convincente e significativa. Adauto Lourenço (Cristão e Cientista) afirma que: “Aceitar a existência de um Criador é um ato racional. Aceitar quem é o Criador é um ato de fé.” Ao aceitar a existência de um Criador, o homem adota uma filosofia de vida que não se compromete com os preceitos da fé. Assim o conhecimento pode desenvolver um sentimento de auto-suficiência que favorece a liberação mental que reforça o materialismo e sufoca a possibilidade de uma visão e um crescimento espiritual. O desenvolvimento científico e os conceitos que invadem quase todas as esferas do pensamento estão a exigir uma revisão geral, Incluindo os que, tradicionalmente, são considerados pela maioria como verdade comprovada e indiscutível. Por isso entre as dúvidas levantadas pelos liinistas está a validade e a fundamentação da Fé. A defesa da “Fé” se dá pela religião que sustenta a necessidade do crescimento espiritual. A defesa do “Conhecimento” se dá pela ciência que busca provas insofismáveis a favor ou contra as muitas verdades e conceitos anteriormente afirmados. Esta discussão se dá pela filosofia que usa os métodos pedagógicos para confirmar as verdades afirmadas tanto pela religião como pela ciência através de técnicas próprias da educação.

Estaremos propondo a investigação tanto da possibilidade como da probabilidade de uma fé verdadeira e de real valor para os dias de hoje, examinando os fundamentos de sua validade. Analisaremos as razões dos argumentos específicos aceitos por certas correntes de pensadores que acabou influenciando o abandona de sua fé. Para isso pretendemos abordar algumas perguntas de interesse vital, tais como:

a) Uma fé consistente e racional pode ser intelectualmente digna de respeito diante dos avanços científicos e tecnológicos atuais?
b) Por que muitas pessoas, inteligentes e bem intencionadas tem renunciado a possibilidade de uma fé libertadora?
c) Será possível que tanto a natureza como as necessidades humanas tenham experimentado, no transcorrer dos séculos, uma mudança tão radical e profunda que princípios tais como a fé sejam agora considerados como superados e ausentes de sentido?
d) As experiências do presente (pragmatismo) vislumbram possibilidade da fixação de princípios verdadeiros e imutáveis que não sofrerão mudanças no futuro?
e) Qual seria, pois, essa verdade universal aplicável a todos os homens em qualquer tempo e lugar?

Conceitos Iniciais.

* Queremos conhecer o PRINCÍPIO de tudo, a razão das coisas, o porquê da existência, neste PRINCÍPO está o FIM da nossa busca, queremos o ALPHA e o ÔMEGA da razão e da criação. No âmago do ALPHA e do ÔMEGA está toda a verdade. Esta é a GNOSE do PAN e este PAN é o ON, é o SOU (Eu sou o que Sou), a consciência de si mesmo, o CONHECE-TE A TI MESMO. (P/AViS-ago/1957- Em “Pesquisas Esotéricas”).

*O conhecimento da verdade é a intenção mais elevada da ciência e se considera mais uma fatalidade do que intenção se, na procura da luz, provocar algum perigo ou ameaça. Não é que o homem de hoje seja mais capaz de cometer maldades do que os antigos ou os primitivos. A diferença reside apenas no fato de hoje ele possuir em suas mãos meios, incomparavelmente mais poderosos para afirmar a sua maldade. Embora sua consciência se tenha ampliado e diferenciado, sua qualidade moral ficou para trás, não acompanhando o passo. Esse é o grande problema com que nos defrontamos. Somente a razão não chega mais a ser suficiente. (Carl Jung).

* A educação é como alimento; não nos lembramos do que comemos na semana passada, talvez nem no dia de ontem, no entanto o alimento vai se aderindo ao nosso corpo e transformando em sangue, músculos, ossos, permitindo assim o nosso crescimento e a manutenção do nosso corpo físico. Assim também ocorre com o nosso intelecto e o nosso espírito que vão pouco a pouco assimilando aquilo que ouvimos e praticamos permitindo o nosso crescimento, intelectual, emocional e espiritual até alcançarmos a maturidade tão necessária aos homens que querem marcar sua caminhada pela prática do bem. (P/AViS-18/08/2009-3ª feira – 23h45minhs)

* A Ciência torna-se nobre, quando pesquisa em busca do conhecimento do Criador, empobrece-se e torna-se ridícula, quando faz o contrário, isto é, pesquisa sem levar em conta que todo o existente foi e está sendo criado e que nada pode existir sem uma origem e a regência de um criador. (P/AViS- Primavera de 2009).
* Se alguém supõem ser religioso, deixando de refrear a sua língua, antes, enganando o próprio coração, a sua religião é vã. A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai, é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações e a si mesmo guardar incontaminado do mundo. (Tiago 1.26 e 27).
*Os conceitos da vida e do mundo que chamamos "filosóficos" são produtos de dois fatores: um, constituído de fatores religiosos e éticos herdados; o outro, pela espécie de investigação que podemos denominar "científica", empregando a palavra em seu sentido mais amplo. Os filósofos, individualmente, têm diferido amplamente quanto às proporções em que esses dois fatores entraram em seu sistema, mas é a presença de ambos que, em certo grau, caracteriza a filosofia. (P/AViS- Primavera/1987. Em “Serões de Filosofia”).

* “Filosofia" é uma palavra que tem sido empregada de várias maneiras, umas mais amplas, outras mais restritas. Pretendo empregá-la em seu sentido mais amplo, como procurarei explicar adiante. A filosofia, conforme entendo a palavra, é algo intermediário entre a teologia e a ciência. Como a teologia, consiste de especulações sobre assuntos a que o conhecimento exato não conseguiu até agora chegar, mas, como ciência, apela mais à razão humana do que à autoridade, seja esta a da tradição ou a da revelação. Todo conhecimento definido - eu o afirmaria - pertence à ciência; e todo dogma quanto ao que ultrapassa o conhecimento definido, pertence à teologia. Mas entre a teologia e a ciência existe uma Terra de Ninguém, exposta aos ataques de ambos os campos: essa Terra de Ninguém é a filosofia. (P/AViS-Primavera/1987. Em “Serões de Filosofia”).

* “Acontecem fatos extraordinários em nosso cotidiano que costumam ser denominados de acaso. O homem e a mulher são obras do acaso? Para responder a essa pergunta vamos definir o que é o acaso.
Segundo o dicionário Aurélio, o acaso é o conjunto de causas independentes entre si que, por leis ignoradas, determinam um acontecimento qualquer, de modo casual.
Filosoficamente, o acaso é o encontro acidental de duas séries de acontecimentos que são, cada uma delas, necessárias, como afirma Aristóteles.
Dizer que o homem e a mulher são um produto do acaso é afirmar que este está presente em cada fecundação, negando, assim a necessidade do caminho que o espermatozóide faz até chegar ao óvulo. Também não é algo acidental, pois, se o fosse, porque usar tantos meios para impedir esse caminho ou matar o zigoto?
Assim, podemos perceber que o homem e a mulher não são obras do acaso, mas causas dependentes entre si com resultados esperados, frutos de uma realidade superior ao acaso.” (Lailson Favacho - 3º Período de Filosofia Arquidiocese de Teresina).
Nos próximos textos, estaremos refletindo em termos de “defesa”, sobre a Religião, a Filosofia e a Ciência. Até lá! (P/AViS- 15/12/2009).

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

15- O lugar do Sagrado na História do Homem. (II/II)

Citação básica:

No texto nº 13, afirmamos:

“Eu sou o meu caminho e a minha verdade.” (P/AViS-11/04/2009- sábado de aleluia.).

“Quando aceitamos Cristo e nos envolvemos com Ele, o Espírito Santo nos transforma a cada dia, e assim nós mesmos, à semelhança do Cristo, nos tornamos o nosso caminho e a nossa verdade.” (P/AViS-Primavera de 1977).

“A Graça do Altíssimo vai-se concretizando ao passo que os excluídos vão se tornando objetos de mudança social, buscando a igualdade, a liberdade e a fraternidade entre todos, não importando sua raça, seu gênero, nacionalidade, credo religioso ou condição social.” (P/AViS-Primavera/2.008).




Do Conhecimento de Deus:

“Aceitar a existência de um Criador é um ato racional. Aceitar quem é o Criador é um ato de fé.” (Adauto Lourenço – cientista cristão).

A ciência das religiões, como disciplina autônoma, tendo por objeto a análise dos
elementos comuns das diversas religiões a fim de decifrar-lhes as leis de evolução e,
sobretudo, precisar a origem e a forma primeira da religião é uma ciência muito
recente (data do século XIX), e sua fundação quase coincidiu com a da ciência da
linguagem. Max Müller propôs a expressão “ciência das religiões” ou “ciência
comparada das religiões” ao utilizá-la no prefácio do primeiro volume de sua obra
Chips from a German Worshop (Londres, 1867). É certo que o termo fora
empregado esporadicamente antes (em 1852, pelo padre Prosper Leblanc; em 1858
por F. Stie felhagen etc.), mas não no sentido rigoroso que Max Müller lhe deu e que, desde então, passou a ser amplamente adotado.

Mas se a ciência das religiões, como disciplina autônoma, só teve início no século
XIX, o interesse pela história das religiões remonta a um passado muito mais
distante. Podemos localizar sua primeira manifestação na Grécia clássica, sobretudo
a partir do século V a. C.. Esse interesse manifesta-se, por um lado, nas descrições dos cultos estrangeiros e nas comparações com os fatos religiosos nacionais –
intercaladas nos relatos de viagens – e, por outro lado, na crítica filosófica da
religião tradicional. Heródoto (484 - 425 a.C.,) já apresentava descrições
admiravelmente exatas de algumas religiões exóticas e bárbaras (Egito, Pérsia.
Trácia, Cítia etc.), e chegou até mesmo a propor hipóteses acerca de suas origens e
relações com os cultos e as mitologias da Grécia.

Em Atenas, Epicuro (341-270 a. C.) empreendeu uma crítica radical da religião: segundo ele, o “consenso universal” prova que os deuses existem, mas Epicuro considera-os seres superiores e longínquos, sem nenhuma relação com os .homens. Suas teses ganharam popularidade no mundo latino no século I graças, sobretudo, a Lucrécio.

Mas foram os estóicos que, no final do período antigo, exerceram uma influência
profunda, ao elaborarem a exegese alegórica, método que lhes permitiu resgatar e,
ao mesmo tempo, revalorizar a herança mitológica. Segundo os estóicos, os mitos
revelavam visões filosóficas sobre a natureza profunda das coisas, ou encerravam
preceitos morais. Os múltiplos nomes dos deuses designavam uma só divindade, e
todas as religiões exprimiam a mesma verdade fundamental; só variava a terminologia.

O alegorismo estóico permitiu a tradução, numa linguagem universal e facilmente compreensível, de qualquer tradição antiga ou exótica. O método alegórico alcançou sucesso considerável; desde então passou a ser freqüentemente utilizado. Para os apologistas e os heresiarcas cristãos, a questão se colocava num outro plano, pois aos múltiplos deuses do paganismo eles opunham o deus único da religião revelada. Era-lhes necessário, portanto, demonstrar, por um lado, a origem sobrenatural do cristianismo – e, por consequência, sua superioridade – e, por outro lado, tinham de explicar a origem dos deuses pagãos, sobretudo a idolatria do mundo pré-cristão. Também precisavam explicar as semelhanças entre as religiões dos mistérios e o cristianismo.

Este esforço acabou levando o cristianismo a uma série de esquisitices que culminou em um sincretismo religioso, o que provocou reações por parte daqueles que queriam vivenciar a simplicidade evangélica. (Confere texto do autor de 1960 – Esquisitices Religiosas). Este fenômeno vem alcançando grande notoriedade no Brasil, principalmente a partir de 1955 com o início do movimento de renovação promovido pelo “OBPC- O Brasil Para Cristo”, do missionário Manoel de Mello e Silva.

A Revelação Cristã:

No decorrer destes dois mil anos surgiram muitas teologias e muitos doutores tentando fixar uma teologia da revelação de Deus para a Humanidade. Na impossibilidade de estarmos estendendo o nosso trabalho e analisando temas apologéticos dos teólogos e filósofos da era cristã vamos desenvolver apenas uma visão que nos parece bastante interessante e prática para todos os tempos. É o que vamos tomar a liberdade de chamar de: “Teologia do Socorro”. Esta tem sido desde os tempos de Moisés, dos Profetas, dos Apóstolos e nestes dois mil anos de cristianismo, a prática eclesial e que tem passado despercebida pela maioria dos teólogos.

Textos básicos:

“Bem-aventurado tu ó Israel! Quem é como tu? Um povo salvo pelo Senhor. O escudo do teu socorro, e a espada da tua alteza; pelo que os teus inimigos te serão sujeitos, e tu pisarás sobre as suas alturas.” (Deuteronômio 33.29).

“Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia”.
(Salmo 46.1).

“Mas, alcançando socorro de Deus, ainda até ao dia de hoje permaneço, dando testemunho tanto a pequenos como a grandes, não dizendo nada mais do que o que os profetas e Moisés disseram que devia acontecer.” (Atos 26.22).

“Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo.” (Filipenses 1.19).

Estes são apenas alguns textos de épocas bem diferenciadas que mostram que a ideia de Deus como socorro tem permeado a história da revelação. Vamos verificar em algumas breves considerações as conseqüências práticas desta visão de Deus.

Deus é SOCORRO:

a) da insegurança moral. A religião é concebida como um freio e Deus como uma barreira contra a natureza humana. A moral está fora do alcance do homem e ele necessita da graça e do auxílio divino para vivê-la. Assim Deus torna-se um policial ou guarda de trânsito que fixa os limites da prática do bem e do mal. Exige do homem juramentos, promessas e votos, em vez da formação de uma consciência crística e responsável. Ele (o homem) quebra os votos e precisa arrepender-se, o que faz através do ritual cúltico da confissão e pagamento de penitências que podem incluir altas doações para a instituição religiosa. Reforça o pessimismo moral em que o homem aparece visceralmente mau e só artificialmente e temporariamente bom, o que será sempre justificado pela confissão e a penitência que salda a dívida moral.

b) da insegurança intelectual. Depois de uma fase de euforia de liberdade e conquistas científicas a religião achou por bem limitar este desenvolvimento. Isto se deu pelo fato de que muitas afirmações e descobertas científicas ponham em dúvida fatos considerados pela Igreja como fundamentais para a sua afirmação institucional. Dentro desta limitação, o espírito humano volta-se para Deus como se ele fosse um tranqüilizante para aquietar os seus anseios de liberdade e conhecimento. Deus se torna absoluto e através do seu pontífice ele determina os limites do progresso humana, reprimindo aos que insistem em não respeitar os limites impostos. Assim Deus torna-se uma simples resposta intelectual e não existencial-metafísica.


c) da insegurança afetiva. Busca-se Deus para atender o apetite da beleza ou das necessidades de conforto e consolação. É próprio de adolescentes ou de adultos com regressão a esses mecanismos de defesa ou fixados nele desde a adolescência. É próprio também dos novos convertidos que ainda não receberam o preparo necessário a respeito da “Fé Libertadora” e do “Conhecimento da Realidade” que em suma é a essência da “Verdade que Liberta”. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” (João 8.32). De um modo geral muitos líderes religiosos não tem interesse em livrar o novo convertido dessa dependência, pois é exatamente assim que ele se torna submisso e objeto fácil de exploração.

d) da insegurança estrutural. É Deus da ordem estabelecida ou da tradição conservadora. Este homem não alcançou ainda as condições de assumir suas responsabilidades ou não deseja enfrentar os transtornos de uma civilização em constante mudança. As conseqüências de seu ato são sempre determinadas por decisões divinas. Se boas é de Deus, se más é de satanás. Até mesmo nas suas competições, as mais banais ele está sempre recorrendo ao socorro de Deus. Ex.: em uma partida de futebol, os dois lados buscam a ajuda do mesmo Deus. Nas guerras santas, os guerreiros matam em nome de Deus e ambos buscam a ajuda de Deus contra o seu inimigo. Um revolucionário busca a ajuda de Deus para a defesa de seus ideais. Assim Deus se torna o guardião que deve estar a serviço de lados contraditórios, o que por mais incoerente que nos pareça tem acontecido em todos os tempos da história humana. Numa era técnico-científica e alto desenvolvimento intelectual este Deus vai sendo rejeitado por muitos, porém uma massa despreparada pode tornar-se fanática e violenta em nome de Deus, produzindo os mais funestos resultados para a paz e a segurança do mundo. Pois para eles exterminar uma cidade com milhões de habitantes através de uma bomba atômica em nome de Deus, não produz o menor constrangimento. Isto leva a religião à superstição, à magia, fetiches e cultos demoníacos com graves conseqüências para a pessoa e à comunidade local e internacional.

Conclusão:

Vamos concluir este texto conscientes de que estas abordagens deixam muitas questões em suspense. Mas voltaremos a este assunto no texto 17, quando estaremos abordando o tema “Em Defesa da Religião”. Como palavra conclusiva queremos apenas acrescentar que a Igreja vive de esperança, sabendo que ela já possui o “Espírito Santo” e que o “Reino de Deus” já se encontra entre nós, mas tem ainda que lutar na sua peregrinação para possuir completamente o “Espírito” e ser realmente “O Reino”. Mas inspirada na possibilidade sinalizada na “Igreja Apostólica” (Atos 4.32-35) ela prossegue, mesmo reconhecendo muitas vezes como “Igreja Pecadora”, buscando o cumprimento de sua missão qual seja a de ser “Igreja Santificadora”. Está em jogo a liberdade dos homens de aderir conscientemente às obras de Deus, que se traduz na vida plena, participando da ação divina para resgatar o “Éden de Deus”. Está em jogo também o não-paternalismo divino, que aceita o sofrimento e a angústia do homem à medida que a responsabilidade constrói o “Reino de Deus”. O futuro (Escatologia) supõe e exige cristãos maduros, fortes e unidos numa causa comum, apesar da avalanche de forças contrárias. Está também em jogo uma ética solidária e que promove o respeito, a tolerância e até o amor dos cristãos para com aqueles que rejeitam a salvação. Estamos entre a primeira e a segunda vinda de Cristo: na primeira foi Ele quem morreu e ressuscitou, na segunda, nós é que estamos morrendo para ressuscitar todos os dias até a sua volta, quando todo o olho verá e todos os joelhos se dobrarão diante Dele. Amém!... (P/AViS- 08/12/2009).

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

15- O lugar do Sagrado na História do Homem. (I/II)

Citação básica:

No texto nº 13, afirmamos:

“Eu sou o meu caminho e a minha verdade.” (P/AViS-11/04/2009- sábado de aleluia.).

“Quando aceitamos Cristo e nos envolvemos com Ele, o Espírito Santo nos transforma a cada dia, e assim nós mesmos, à semelhança do Cristo, nos tornamos o nosso caminho e a nossa verdade.” (P/AViS-Primavera de 1977).

“A Graça do Altíssimo vai-se concretizando ao passo que os excluídos vão se tornando objetos de mudança social, buscando a igualdade, a liberdade e a fraternidade entre todos, não importando sua raça, seu gênero, nacionalidade, credo religioso ou condição social.” (P/AViS-Primavera/2.008).

Introdução:

Estes são caminhos escabrosos, estreitos e cheios de provas que levam o crente até aos pés da cruz, onde lhe será revelado o “Cristo”, cuja face acha-se oculta como na estrada de Emaús, quando os, já discípulos, caminharam com Ele algumas milhas sem o reconhecer. Quando a face do Cristo é revelada, o homem entende a sublimidade da obra do Criador e se torna capaz de ser testemunha e agente de mudanças do mundo.

Ao fazermos estas afirmações esperávamos criar no leitor uma expectativa a respeito da verdadeira imagem de Deus. Na realidade Deus mantém o homem num estado permanente de “suspense” com relação a sua verdadeira imagem. De um modo convencional a imagem nos leva a adoção de um nome e o nome faz ressurgir em nossa mente a imagem do nominado. Moisés ao receber a missão de retirar o povo do Egito, quis saber o nome do Deus que o comissionava. Ao perguntar o seu nome Ele respondeu apenas: “Eu Sou o que Sou”. (Êxodo 3. 14). Você há de convir comigo; uma resposta bastante desconcertante!

O homem tem uma reação diante de Deus, como que diante de uma catástrofe: sem capacidade de previsão e ação, uma liberdade insegura e fracassada, autômato, alienado e dominado por uma curiosidade sem fim que o leva finalmente a um desespero que gera certos estados psiconeuróticos de ansiedade, que reproduz uma sensação de exortações ao temor desse Deus. Os noviços temem os castigos eternos e criam os ades, purgatórios e infernos onde haverão de penar suas falhas e maldades. Nos filósofos, pensadores e até em alguns teólogos menos preparados, impõem-se a figura de um Deus voluntarioso, exigente e rabugento que ameaça a todos com os seus poderes soberanos e majestosos.

Assim o nosso primeiro desafio é analisar as diversas imagens que os homens fazem de Deus, todas de uma forma incompleta e carente de um verdadeiro e profundo conhecimento da “Verdade que Liberta”. Estudam a “Graça” mas apresentam a “Desgraça”, falam do “Amor” mas ameaçam com a “Justiça”, prometem “Boas Novas” mas repetem sempre os mesmos “Chavões” de uma mensagem superada e que nada tem a ver com a realidade presente.

Falando das imagens inacabadas do Criador:

Ao tratar deste assunto devemos estarmos conscientes das questões que envolvem a “Fé”, no entanto este assunto será tratado com bastante profundidade no texto nº 27, quando trataremos da “Teologia da Graça”.

No momento devemos levar em conta apenas que a imagem que temos do Criador está intimamente relacionada ao tipo de “Fé” que cultivamos. Finalmente vejamos alguns retratos que fazem do Criador:

a) Deus é um mistério: Ele mantém o homem num estado de “suspense” com o recurso ao “sagrado da majestade”. O homem tem uma reação com diante de uma surpresa que sempre se renova e novamente surpreende e nunca alcança respostas claras e convincentes. Isto gera um estado de insegurança e ansiedade que determina transtornos que vão desde simples reações mentais, até comportamentos psicossomáticos com resultados funestos. Em uma família, onde o pai não tem uma atitude firme diante dos problemas quotidianos, pode gerar este tipo de visão de um Deus que em última instância é o pai espiritual.

b) Deus é algo abstrato e distante das realidades da vida: é a redução de Deus a uma visão material, limitada, inteligível, em vez de ser um padrão que está muito além e fora do nosso alcance, mas que, ao mesmo tempo é nossa aspiração e convite para irmos mais além em busca da perfeição. É o deus dos filósofos que buscam reduzir o infinito e eliminar a fé (Ex.: Espírito Absoluto: Hegel; Ser: Spinoza; Uno: Plotino; Primeiro Motor: Tomás de Aquino e Aristóteles). Assim Deus é visto como uma categoria filosófica e não está acima e fora de todas elas. Não se leva em conta o “espírito” do sagrado, pois Ele indica apenas presença, atuação, ímpeto, movimento, etc.

c) Deus é o “Soberano”, como o Imperador Romano, com todas as consequências deste triunfalismo e vassalagem. A liturgia se reduz a um protocolo de corte, e na moral prevalece a autoridade da força representada pelas armas que garantem a permanência do supremo no poder. Por isso algumas revoluções querem liquidar com o regime político e com a religião; pois em muitos casos os dois se identificam e se protegem, tudo controlando através de leis motivadas pelo temor da vingança divina ou pela necessidade de manutenção do poder a pretexto da ordem.

d) Deus é jansenista: persegue o homem ou desconfia dele; é uma herança de conflitos infantis (Deus Superego) mal superados ou duma concepção dualista da natureza. Daí o surgimento em nossos dias do “deus de mercado”; aquele que ao receber mais também abençoa mais. É a redução do culto a um comércio para captar a benevolência de Deus ou aplacar sua justiça, pois Ele é caprichoso. Para essas pessoas, Cristo, vodu, umbanda, LSD, orixás, etc., é tudo a mesma coisa.

Estas são algumas imagens que o ser humano faz de Deus. Apesar de considerarmos como imagens inacabadas, devemos admitir como direito e privilégio para nós, seres humanos limitados que somos, ter uma imagem do nosso Criador. Estas imagens possuem aspectos negativos e positivos e é nesta visão que alcançamos a revelação do sagrado. Pecados capitais e virtudes interagem de tal forma que nem sempre são tão claros para a nossa mente, de forma que um pecado pode transformar-se em virtude de conformidade com a situação que vivemos (Ética situacional).

Mas dentro de tudo isto que acabamos de colocar, devemos estarmos conscientes de que a consciência e a ação do sagrado ocorrem de uma forma muito simples. Jesus ensinou que onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome, aí Ele se faz presente. Fazer entender isso é o nosso objetivo neste breve texto. Pois entendemos “Deus”, à medida que vivemos as exigências reveladas por Ele. Também cada pessoa tem uma experiência única e inrepetível no seu relacionamento com Deus. Ele não é determinado por cultura, civilização ou sistemas, nem mesmo os religiosos; Ele transcende qualquer limite que queiramos fazer Dele. (P/AViS-01/12/2009).