quarta-feira, 19 de maio de 2010

29- Revisão.

Introdução.

Observa-se hoje na sociedade uma grande procura de espiritualidades, novas formas de ser e de estar, emancipadas das instituições que até agora possuíam o monopólio da organização e da responsabilidade. A consciência humana pretende dar um passo em frente no seu desenvolvimento. As instituições terão de se humanizar e não continuar a justificar-se pelo seus próprios fins e objetivos. Doutro modo carregarão sobre si mesmas a responsabilidade de se tornarem obstáculo do desenvolvimento individual de seus membros. O anonimato econômico, social e estrutural tornou-se de tal modo insuportável que, se as instituições estabelecidas não se preocuparem em dar verdadeiras respostas ao homem no seu todo, no respeito efetivo pela sua dignidade, provocará comportamentos insuportáveis.

“A vida não é nem sólida como uma rocha nem firme como a terra. Ela é fluída como os rios e como o mar. É o mistério que a ronda e a perpassa por inteiro, rarefeito e invisível como o ar.” (Dulce Critelli). Entender a vida assim, eis o grande desafio para quem pretende acrescentar algo de bom à própria vida e à comunidade.

Ao “non sense” da nossa vida atual corresponde maior procura de valores perenes e o surgir de novos indicadores de religiosidade. Não é suficiente o aspecto cognitivo da religião, a abordagem racional, o aspecto da mera experiência ou o aspecto vivencial, carece duma religiosidade mais diversificada e profunda. Esta expressa-se nuns como um “sentimento da presença de Deus”, noutros como o “sentir um poder sagrado na natureza”, noutros como “o sentimento de que espíritos de mortos se fazem presentes”, noutros ainda como a “vivência da unidade” ou como “uma relação pessoal com Deus e com o próximo”, etc. Isto deve nos levar a uma preocupação constante com os fetiches e a idolatria, tal quais os profetas de Israel no passado.



Desenvolvimento.

Faremos a nossa revisão, respondendo a seis perguntas de forma objetiva e concisa, tentando com isto aprofundar alguns aspectos que ficaram um tanto obscuros nos textos de nº 21 até o nº 28.

Primeira Pergunta: O que é o Reino?

Jesus passou em todas as cidades e vilas da Galileia pregando.Qual foi a sua pregação? De certo que o assunto devia ter sido uma verdade muito importante, para que ele quisesse que todos a soubessem! O Evangelho fornece a resposta: ele andava "... pregando e anunciando o evangelho do reino de Deus ou simplesmente o evangelho do reino." (Lucas 8:1; Mateus 4:23; 9:35).

Ele estava a anunciar as boas novas acerca do Reino de Deus, e o que isto significava era tão bem compreendido pelos leitores desse tempo que Mateus simplesmente se refere como "o reino", sem definir que reino. Quando Jesus enviou os seus discípulos a ensinarem, foi com a mesma mensagem (Lucas 9:2).

Todo o ser humano professa admirar Jesus; muitos declaram amá-lo e segui-lo como Cristãos. Mas pode alguém ser sincero, se não tiver o desejo de saber o que queria ele dizer, ou o tema principal da sua mensagem? O que é este Reino? É simplesmente uma expressão para a influência que Jesus tinha sobre as mentes das pessoas? Significa a comunidade de crentes que o reconhecem como líder? Ele existe, neste momento preciso, sem perturbar a estrutura política das nações e impérios? Ou, antes pelo contrário, devemos compreender este "reino", como tendo um significado tão preciso como o reino convencional. Diante de Pilatos, ele afirmou que o seu reino não é deste mundo. Esta verdade é compreendida quando aceitamos que o reino de Deus está em confronto com os reinos dos homens mas deverá sobreviver e conviver com este até a volta de Cristo, sem se conformar e sem se revoltar. Cabe ao súdito de Deus denunciar com responsabilidade as injustiças e corrupções dos homens à semelhança dos profetas, João Batista, de Jesus e dos Apóstolos.

De acordo com Jesus e os seus apóstolos, a diferença entre acreditar e não acreditar, é a diferença entre a vida e a morte. Não podemos acreditar no que não sabemos; e só podemos saber o que é o Reino de Deus, ao aprendê-lo do Velho e Novo Testamentos - porque o ensino do Novo Testamento é baseado no Velho. Vamos então conceituar as suas evidências:

a-) Daniel diz-nos que nos últimos dias: "...o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e este reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos estes reinos, e será estabelecido para sempre" (Daniel 2:44).

b-) O Reino será implantado na terra, e tomará posse de todos os reinos do Mundo. "...Os reinos do mundo vieram a ser do nosso Senhor e do seu Cristo,e ele reinará para todo o sempre" (Apocalipse 11:15).

c-) O Reino a ser estabelecido será o antigo reino de Israel restaurado. "...restaurará tu neste tempo o reino a Israel" (Actos 1:6); "Naquele dia, tornarei a levantar a tenda de Davi, que caiu" (Amós 9:11); "...a ti virá o primeiro domínio, o reino da filha de Jerusalém" (Miquéias 4:8); "E eu vos destino o reino, como meu Pai mo destinou...e vos colocarei sobre tronos, julgando as doze tribos de Israel" (Lucas 22:29,30).

d-) Ao ser establecido o Reino, os Judeus serão reunidos da sua presente dispersão por todo o mundo, e restituídos à sua própria terra, que será o centro ou o Governo do Reino de Deus. "...Aquele que espalhou a Israel o congregará..." (Jeremias 31:10); "...e ajuntará os desterrados de Israel, e os dispersos de Judá congregará, desde os quatro confins da terra" (Isaías 11:12); "...Eis que eu tomarei os filhos de Israel de entre as nações, para onde eles foram, e os congregarei de todas as partes, e os levarei à sua terra" (Ezequiel 37:21).

e-) A antiga Jerusalém será a cidade capital de todo o mundo. "Naquele tempo, chamarão a Jerusalém o trono do Senhor..." (Jeremias 3:17); "...quando o Senhor dos Exércitos reinar no monte de Sião e em Jerusalém..." (Isaías 24:23); "...e Jerusalém será santidade..." (Joel 3:17).

f-) O povo favorito de Cristo reinará com ele, e herdará o Reino quando todos estes acontecimentos gloriosos se realizarem. "Se sofrermos, também com ele reinaremos..." (2 Timóteo 2:12); "E, ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações; E com vara de ferro as regerá..." (Apocalipse 2:26,27); "Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e possuirão o reino, para todo o sempre..." (Daniel 7:18-27); "...Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o reino..." (Mateus 25:34).




Segunda Pergunta: Como originou a vida em nosso planeta?

Talvez a primeira questão, não seja responder como originou a vida em nosso planeta e sim se existem vidas em outros planetas. A mim parece que o bom censo, a própria natureza e os escritos sagrados confirmam a existência de vidas em todo o Universo. Contudo não é minha intenção levantar aqui esta discussão.

De uma coisa estamos certos e dispensa qualquer comentário, em nosso planeta existem muitas formas de vidas, das quais nós já conhecemos algumas. E aí levanta-se a questão; como estas formas de vida chegaram aqui?

Das três uma: a vida se formou aqui, a partir dos elementos químicos que deram origem ao nosso planeta ("Geração Espontânea"); a vida veio de fora, em estágio de desenvolvimento que pode ter sido mais ou menos complexo ("Panspermia"); ou a vida foi criada aqui por uma inteligência que foge à nossa compreensão (Criacionismo).

A Origem da Vida é uma das grandes questões científicas da Humanidade e tem sido abordada pelos mais ilustres pensadores há milênios.
Anaxágoras, predecessor de Sócrates, advogava a favor da "Panspermia".
Aristóteles defendia a "Geração Espontânea". Foi ele o formulador da primeira teoria científica de origem da vida, que conhecemos. De acordo com sua teoria, existiriam dois princípios: um passivo, que é a matéria e outro ativo, que é a forma. Dentro de certas condições esses dois princípios se combinariam, originando a "vida". Assim se explicava como carne podre gerava larvas de moscas, por exemplo.
A teoria da Geração Espontânea tem tido a preferência da ciência há mais de 2.000 anos. Durante a idade média, contou com inúmeros ilustres defensores, tais como Santo Agostinho, São Tomás de Aquino, René Descartes e Isaac Newton.
Um dos primeiros opositores de destaque à "teoria oficial" da Geração Espontânea foi o médico e naturalista florentino Francesco Redi (1626-1698). Em resposta a Aristóteles, Redi demonstrou experimentalmente que só aparecem larvas de moscas na carne podre, quando deixamos moscas pousar nessa carne.
A teoria da Geração Espontânea, tal como formulada por Aristóteles, só foi refutada definitivamente no século XIX, graças ao trabalho de Louis Pasteur.
Com o reconhecimento que a vida provém sempre de outras formas de vida, Lord Kelvin, um dos mais importantes cientistas do final do século XIX, retomou a teoria da Panspermia, segundo a qual a vida teria sido "semeada" em nosso planeta, vinda do espaço.

“A Origem da Vida: A Bíblia diz que houve uma criação especial para a nossa terra. Ela não levanta nenhuma hipótese sobre a existência ou não de vidas em outros planetas. Ela deixa apenas de maneira muito claro que todo o universo está cheio de inteligência que glorifica o seu criador. Quanto à vida aqui ela nos ensina que no início existia o “caos”, uma terra sem forma e vazia e que o Espírito de Deus chocou a vida aqui. Não nos informa de onde vieram os ovos e nem o prazo em que estas vidas foram geradas ou criadas. Apenas nos informa que de início o Criador determinou o surgimento da luz e que para isto isso ele criou geradores em todo o universo, dando assim o início do ordenamento do caos e que em seguida fixou os espaços com luz e sem luz, determinando com isto o firmamento visível e a separação das águas e terras e que a partir daí durante seis dias (o dia de Deus não é o nosso dia, disto a Bíblia fala. Possivelmente o seu dia seja o dia do universo o que seria alguns bilhões dos nossos anos) ele organizou o nosso planeta, criando condições para a implantação da vida que culminou com o aparecimento do homem. Cada vida dentro da sua classificação de tal forma que haverá infinitas combinações modificando as formas, porém cada uma dentro da sua especificação. Assim ele produziu formas variadas em todas as espécies inclusive de homens brancos, negro, vermelhos, amarelos, altos pequenos e até gigantes. Esta visão sagrada parece muito mais racional do que todas as especulações apresentadas até hoje por teóricos e cientistas. Acreditamos que um dia o homem vai ter acesso a este conhecimento e aí ele aprenderá a dominar a morte e terá cumprido a era da graça e aí todo joelho se dobrará diante daquele que afirmou: “Eu sou a verdade e a vida, ninguém irá ao pai senão por mim”. Neste dia cumprirá o Apocalipse 21 e 22 e entraremos na era das bodas, conforme promessa de Jesus.” (P/AViS/31/12/1961 – em noite de vigília dentro de um quartel militar).

Terceira Pergunta: O que é o “Tempo do Fim”?

O que é o Fim dos Tempos?
O Fim dos Tempos ou o “Tempo do Fim” se refere aos eventos finais que antecedem à segunda vinda de Jesus Cristo. E nós vemos que TODA a Bíblia é escrita em torno do Senhor Jesus, o verdadeiro Messias e seu reinado.
É incrível como Deus deu a visão sobre tanto a primeira como também a segunda vinda de Jesus Cristo e os finais dos tempos também aos profetas do Velho Testamento, como Daniel, Ezequiel, Sofonias, Zacarias, Jeremias, Isaías e outros.
Existem ainda outras expressões ao longo da Bíblia que também fazem menção a este mesmo período, por exemplo:
• o fim - Mateus 24:14
"E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim."
últimos tempos - Judas 1:18
"Os quais vos diziam que nos últimos tempos (no fim dos tempos) haveria escarnecedores [que procuram gratificar seus próprios desejos irreverentes] que andariam segundo as suas ímpias concupiscências."
o tempo do fim - Daniel 12:9
"E ele [o anjo] disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até o tempo do fim."
última hora - 1 João 2:18
"Filhinhos [meninos], é já a última hora (o fim desta era); e, como ouvistes que vem o anticristo [aquele que se oporá a Cristo disfarçando-se de Cristo], também agora muitos se têm feito anticristos, por onde conhecemos que é já a última hora (o fim)."
Existem ainda, inúmeras outras referências dentro da Palavra de Deus acerca deste mesmo período.

Quarta Pergunta: O que é idolatria?

Líderes religiosos, templos, catedrais, denominações, status e títulos, tem se tornado verdadeiros ídolos para os falsos cristãos.
Cabeça de elefante, corpo humano, quatro braços, um barrigão e acompanhada de um ratinho, assim é Ganesh, deusa da Índia. Porque Ganesh é deusa pop no concorridíssimo panteão do hinduísmo? Quem responde é o cientista da religião Frank Usarski, professor da PUC – SP. “Ganesh é uma divindade funcional que recebe sacrifícios em momentos determinados, de acordo com a necessidade”.

Os falsos líderes religiosos vivem a ideologia Ganesh. Tais líderes são especialistas na arte de enganar o povo em nome de Deus. São duas estratégias: a primeira é fabricar ídolos conforme a necessidade do povo, e a segunda é torna-se o próprio ídolo com discursos que agrade as solicitudes das pessoas.
Por falta de conhecimento o povo é enganado (Os 4:6). A falta principal é do conhecimento da poderosa Palavra de Deus (Mt 22:29; Jo 5:39).

É vergonhoso o comércio da idolatria dentro e fora dos templos religiosos do Brasil e do mundo.
“Deus é Espírito, e importa que os seus adoradores o adorem em Espírito e em verdade.” (Jo 4:24). Muitos estão adorando outro espírito, praticando outro evangelho que é o da idolatria e adorando a mentira dos líderes religiosos. Os líderes religiosos estão fingindo que estão pregando Jesus e os fiéis estão fingindo que estão acreditando. Na realidade, estamos vivendo a era mercadológica das igrejas, e a superficialidade da fé.

Em sua coluna semanal na revista Veja, Diogo Mainardi escreveu em 11/06/2003, p. 127: “O Brasil tem deus demais. Tem deus no futebol, nos vidros dos carros, na TV, no rádio, nos hospitais, nas salas de aula, na reforma agrária, na política. Qualquer um pode atribuir-se milagres em nome de várias divindades.

A doutrinação de certas teologias nos templos “ditos cristãos” tem criado uma multidão de idólatras. Para denunciar esse grave pecado contra o Senhor Deus, onde estão os profetas como João Batista? Profetas dispostos a dar suas cabeças em prol da verdade. Fetiches e idolatrias estão por toda parte. Mas afinal como conceituar ou definir a idolatria? Para mim qualquer objeto, ideologia, teologia, filosofia, proclamação que procura conduzir o homem a uma fé salvadora que não esteja centrada em Cristo como nosso único mediador entre o Pai é “Idolatria”.




Quinta Pergunta: Existe realmente algum movimento em torno de uma “Ética Mundial”?

Para responder a esta pergunta, transcrevemos a seguir algumas informações recentes sobre o assunto.

“Esse é o tema de capa da edição 240 da IHU On-Line, de 22 de outubro de 2007.

Diz o Editorial da revista do Instituto Humanitas Unisinos:

O projeto de uma Ética Mundial é a proposta do teólogo de renome internacional Hans Küng, entrevistado especial nesta edição e que vem ao Brasil, nesta semana, para debatê-lo.

Esta edição da IHU On-Line entrevistou também alguns intelectuais que falam sobre a Ética Mundial, como Denis Müller, professor da Universidade de Lausanne; Paolo D’Arcais, diretor da prestigiosa revista italiana Micromega; Paul Valadier, do Centro Sèvres de Paris; Gianni Vattimo, filósofo italiano; Alfredo Culleton, da Unisinos; e Jan Assmann, egiptólogo alemão.

Desta maneira, o Instituto Humanitas Unisinos – IHU continua o debate que foi propiciado, além das páginas da sua revista, na sua página eletrônica, com a publicação de notas, textos e repercussões da proposta, especialmente no Fórum Ética Global, criado no sítio do IHU.

Trata-se de um debate que a visita de Hans Küng instiga e que continuaremos a discutir nas diversas publicações do IHU".


“Religiões do Mundo em Curitiba
Nesse sábado, dia 17 de abril, realiza-se a exibição do documentário Islamismo no ciclo “Religiões do Mundo”. A primeira sessão ocorrida no sábado passado exibiu o documentário Judaísmo e contou com a participação de mais de 250 pessoas.
O evento vem sendo realizado na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-Pr). O programa “Religiões do Mundo” foi organizado pela Fundação Ética Mundial presidida pelo teólogo suíço-alemão Hans Küng que se apóia em quatro convicções básicas: não há paz entre as nações sem paz entre as religiões; não há paz entre as religiões sem diálogo entre as religiões; não há diálogo entre as religiões sem padrões éticos globais; não há chance de sobrevivência para nosso planeta sem uma ética global, uma ética mundial, apoiada por pessoas religiosas e não-religiosas.
A iniciativa em Curitiba é promovida pelo Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT, parceiro estratégico do Instituto Humanitas Unisinos – IHU que abriga o escritório brasileiro da Fundação Ético Mundial e conta com o apoio da Pastoral da Universidade da PUC-Pr.”

Acredito que com estas duas transcrições estamos respondendo de maneira positiva a pergunta proposta.

Lembramos ainda que a globalização está favorecendo o desenvolvimento das redes sociais que vão tomando grande importância em nossos dias. As organizações mundiais começaram a tomar vulto a partir da primeira guerra mundial e a segunda acelerou o processo. Apesar do sistema de rede já ser usado desde a antiguidade, principalmente pelos militares, só a partir do século passado é que elas começaram a se popularizar em nível de empresas (multinacionais) e de ação social. Hoje as redes sociais promovem fóruns mundiais, os sindicatos vão se unindo em organismos mundiais, em fim toda a sociedade tem entendido a redução do planeta e a necessidade dos homens se confrontarem com suas diferenças a procura de interesses comuns. Pela minha observação o judaísmo e o islamismo estão se esmerando nisso. E o Cristianismo? Na década de sessenta parecia que o movimento ecumênico daria resposta a esta questão, mas pelo que podemos sentir ele está morrendo na praia. Os lideres cristãos precisam abrir mão de seus interesses pessoais e buscar a formação de redes eficientes para cumprir a sua missão.
Atentemos para o propósito de Deus: “O povo favorito de Cristo reinará com ele, e herdará o Reino quando todos estes acontecimentos gloriosos se realizarem. "Se sofrermos, também com ele reinaremos..." (2 Timóteo 2:12); "E, ao que vencer, e guardar até ao fim as minhas obras, eu lhe darei poder sobre as nações; E com vara de ferro as regerá..." (Apocalipse 2:26,27); "Mas os santos do Altíssimo receberão o reino, e possuirão o reino, para todo o sempre..." (Daniel 7:18,27); "...Vinde, benditos do meu Pai, possuí por herança o reino..." (Mateus 25:34).”

Como atenderemos a este propósito, se nos mantivermos isolados da humanidade, se não participarmos das grandes decisões que os líderes mundiais terão que tomar? Pensemos nisso!


Sexta Pergunta: O que são eras sagradas?

Criamos esta nomenclatura na década de sessenta, quando escrevemos uma série de textos sob o tema de: “Novas Imagens e Novas Eras”. Alguns destes textos foram publicados no jornal “A Voz do Sul” em Itajubá – MG.

Para dar uma certa ordem aos assuntos enfocados, dividimos o tempo em: Tempo Vulgar ou Histórico e Tempo Sagrado.

O tempo sagrado dividimos em “Eras”: Era do caos; Era da Luz; Era Mosaica ou da Lei; Era da Graça e Era das Bodas.

A “Era do Caos” é o tempo em que o Criador estava colocando ordem no universo para que pudesse surgir a luz e dar início à criação.

A “Era da Luz” é o tempo contado a partir de Adão, o tempo da verdadeira luz, isto é o tempo em que o homem adquiriu consciência de sua existência e aprendeu a pensar. (2.000 anos de Adão até Abrão).

A “Era Mosaica ou da Lei”, inicia com o chamado de Abrão e vai até Jesus Cristo. (2.000 anos a contar de Abrão até a chegada de Jesus).

A “Era da Graça” tem início com o Ministério de Jesus e irá até o dia em que o homem alcançar, dominar e se tornar capaz de vivenciar a “Verdade que Liberta”.
A “Era das Bodas” terá início quando a humanidade for capaz de vivenciar a “Verdade que Liberta!”.

(Para o aprofundamento e reflexões sobre a “Verdade que Liberta” iniciamos no dia 01 de janeiro de 1960, um projeto intitulado: !”Um Projeto de Amor” que dez anos depois passou a ser intitulado: Projeto Amor: Cristo, Verdade que Liberta” – Confira Site: www.alfredopam.adm.br em fase de elaboração desde 1999).

Conclusão:

Estamos assistindo a uma verdadeira privatização da religião acompanhada de uma dispersão generalizada. O mesmo processo se dá na política. O teólogo Karl Rahner afirma mesmo:”O devoto de amanhã será um místico.”. A religião é cada vez menos transmitida, menos experimentada diretamente e por isso menos presente. A complexidade quer da religião cristã quer da política cada vez se distanciam mais do povo devido à sua incapacidade de ser povo, de ser eu-tu-nós e ao fato do povo não ter habilidade para compreender fenômenos complexos e de cada vez estar mais condicionado pela TV que fomenta a opinião sem noção, uma atitude infantil contra o saber, um subjetivismo analfabeto. Se no século passado era dominado em alguns meios o aspecto folclórico, esporte, humorismo e alguns programas culturais, o fato é que hoje a mídia em geral torna-se cada vez mais indigna de salão e o espírito plebeu nos conduz a uma comunicação meramente informativa dos piores fatos que ocorrem ou então se torna cada vez mais mata tempo com distração vulgar e pornográfica.

A vivência religiosa através da experiência é diferente do sentimento religioso através da reflexão cognitiva. No futuro será mais importante a experiência da religiosidade. Aqui está mais presente a experiência do que o ato cognitivo. Naturalmente que na experiência religiosa não faltará o elemento objetivador da reflexão. Este porém não se pode identificar com a experiência mística. A reflexão manca sempre atrás da experiência mística. O aspecto cognitivo a que a pessoa religiosa se encosta, o tipo de espiritualidade, pode constituir uma espécie de crivo. No âmbito cristão diria mesmo que aí a experiência mística ganha um chão possibilitador da individualidade e do nós, tal como na fórmula trinitária cristã.

Neste sentido, as congregações e ordens religiosas terão de fazer um esforço por tornar mais transparente e imediata uma espiritualidade que, através da sua forma de vida conventual conduz lentamente à experiência mística. Hoje essas jóias escondidas nas ordens terão que ser manufaturadas de tal forma a serem apreciadas por um tipo de ser humano apressado e que não suporta muito tempo de preparação, de ascética ou catarsis, dado querer chegar logo ao essencial, à vivência fundamental. Naturalmente que os iniciados no religioso e no numinoso não poderão correr o perigo de, para democratizar tudo, arranjarem atalhos que poderiam levar a identificar uma experiência meramente emocional com a experiência mística. Esta implica que a pessoa passe pelo cadinho do grande deserto místico e não seja confundida com uma espécie de orgasmos que passa e não deixa nenhuma cria. Diria que a experiência mística se realiza para lá de todos os limites, tal como o resultado que o espírito concebe para lá do fenômeno, não o podendo expressar nem através do entendimento nem através da experiência ou seja um novo nascimento.

Hoje já não é a igreja a única transmissora de valores e de auxílio para a vida. Os meios de comunicação social assumem cada vez mais esta função. Dado que a nossa sociedade é dominada pela mentalidade utilitarista não é de esperar para ela muitos impulsos da Igreja ao contrário do que acontecia no passado. Hoje a sociedade deixa-se distrair com a excitação cíclica que os “Medianos” oferecem, assumindo eles ao mesmo tempo a função de cano de escape. Voltaremos a tratar deste assunto no última texto “Conclusão Geral”. (P/AViS-18/05/2010)

terça-feira, 11 de maio de 2010

28- Futuro da Religião

Introdução.

“Se Charles Darwin fosse um homem temente a Deus, a história da teoria darwinista teria sido muito diferente. O conflito que dura mais de cento e cinquenta anos entre a razão e a falta de uma retórica cristã e ética nunca teria existido se o seu autor a apresentasse com a intenção de revelar a sabedoria do criador.” (P/AViS-Primavera de 2001).

“Meu Deus é você, e minha religião é o amor” - Resposta de Teresa de Calcutá ao ser indagada por um paciente portador de chagas pelo corpo, que ela fraternalmente beijou: “Qual a sua Religião?”

“O processo do Conhecimento de Deus: Pela inteligência conhecemos os objetos através de sua passagem pelos sentidos; formamos a ideia das coisas, abstraindo a forma que nos é introduzida na inteligência. Para o conhecimento de pessoa, este processo é insuficiente, pois pessoa não é objeto de laboratórios; ela só será conhecida, caso se revele. A abertura através do diálogo é fundamental para o conhecimento interpessoal. Isto se realiza progressivamente, ao longo da história da pessoa. Ora, com relação a Deus, pela nossa inteligência, quando muito podemos perceber a necessidade de sua existência e alguns atributos bastante abstratos. Precisamos de sua revelação ou manifestação para saber de fato quem Ele é. Justamente aqui entra o papel das religiões; estas propõem vindas ou encarnações de Deus no mundo, geralmente contidas em escritos sagrados, como o judaísmo, induismo, cristianismo, islamismo, etc.” (P/AViS/Primavera/1968).

“Sobre a Igreja do Futuro”: O que penso e escrevo hoje é que todos estes sistemas estão em plena decadência e que os seus seguidores e principalmente a liderança mundial não tomou consciência ainda do novo mundo que está nascendo para o terceiro milênio, a partir da década de oitenta principalmente, cujo marco histórico no futuro, salvo melhor juiz, deverá ser a queda do muro de Berlim. Acredito que a globalização nos levará a uma ética mundial que permitirá a convivência respeitosa e até solidária entre todos estes pensamentos.
Contudo acredito na sobrevivência do que denomino de “Plano Salvífico” ou seja a “UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE DO MISTÉRIO DA OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO NA CRUZ DO CALVÁRIO” como dado perene da sobrevivência da igreja como sinal da “verdade libertadora” de Jesus Cristo visto e aceito como Filho de Deus, Senhor e único salvador, que no evento da encarnação, morte e ressurreição realizou a história da salvação, a qual tem n’Ele a sua plenitude e o seu centro.
“Crer nisso me traz muita paz e segurança para acreditar no futuro do homem, alvo primeiro de toda a preocupação do “Deus Altíssimo”, revelada em Jesus Cristo que deu garantia de que as portas do inferno não prevalecerão contra a sua IGREJA.” (Parte conclusiva de um texto escrito por mim para um seminário sobre ecumenismo realizado em 1973, na Escola de Freiras em Itajubá – MG, tendo como fonte de consulta o livro “Uma Igreja Para o Mundo – Traduzido do alemão por Silvino Arnhold – Edições Loyola - 1968”.).


Cada um no seu tanque.

Eu tenho usado esta expressão diversas vezes sem nunca explicitá-la. Com ela eu me refiro sempre a uma possibilidade futura de convivência dos homens não só na religião, mas em todos os segmentos. No entanto, a ideia surgiu de uma experiência religiosa que quero relatar nesta oportunidade.

Nota: Faço a transcrição “ipsis-item” do meu livro de Notas e Reflexões nº 3 de 30 de novembro de 1992, registro este feito ainda sob o calor da experiência.

“III- Encontro de Aconselhamento e Cura Interior. – Era 17 de setembro de 1992, quinta feira, eu estudava com a Igreja o tema “Nova Era”. Este tema vinha me preocupando já há uns dois anos e só agora eu decidira estudá-lo dentro da Igreja. Foi neste dia que eu recebi o convite para participar do III Encontro de Aconselhamento e Cura Interior.

Na primeira capa ele trazia o versículo ‘... e nos deu o ministério da reconciliação.’ (II Cor 5.18). O Tema Geral proposto era: O Ministério do Amor na Igreja.

Nestes últimos dois anos enquanto venho estudando o tema “Nova Era”, cresce no meu coração a consciência da necessidade de um Ministério de Amor dentro da Igreja, pois não existe melhor antídoto contra a ação satânica que o amor cristão. Esta preocupação que já me acompanha desde a minha experiência do “Banho de Amor” em 31/12/59, me levou a iniciar em 1988, em Juiz de Fora o “Projeto Amor” que atualmente tem três segmentos: a) Metodistas unidos servem ao Senhor; b) Indo às nossas raízes; e c) Cristo, Verdade que Liberta.

Foi partindo de tudo isto que ao receber o já citado convite, pensei que, possivelmente Deus estava atuando. A inscrição parecia um pouco pesada, mas fiz um bom negócio e ganhei um dinheiro extra que cobria o seu valor. Senti a confirmação de Deus e fiz a inscrição sem vacilar.

NOTAS INICIAIS

O encontro foi muito bom. O Seminário que mais me interessava era: “Como iniciar Grupos de Crescimento Emocional”. Fiz exatamente este seminário, apesar da parte teórica não acrescentar muita coisa, houve um momento prático que foi de grande importância. Neste momento, em um pequeno grupo, coloquei o problema da pressão que venho sofrendo por parte de alguns irmãos da Igreja Local. Os componentes do grupo fizeram diversas colocações que pouco acrescentou. Mas no momento da oração, o Senhor colocou em meu coração que me colocasse de joelho para orar. Nesta hora os irmãos fizeram imposição de mãos e senti um grande consolo seguido de poder e alegria que muito me fortaleceu para dar continuidade ao trabalho que desenvolvo em minha igreja. Pude sentir a importância de ser humilde diante de Deus e dos irmãos. No momento do louvor um irmão, cujo nome não registrei e por isto não me lembro, disse que alguém em Brasília teria dito que os crentes vivem como patinhos presos em diversos cercados e que o Senhor precisa enviar a água do Espírito Santo para unir estes cercados e os patinhos poderem nadar livremente. Isto me passou ligeiramente e logo esqueci. O fato de estar fazendo este registro é justamente para relatar o que segue.

A VOLTA

Quando viajava para São Paulo, tendo ao meu lado o irmão Pastor Roberto Alves de Souza, de Londrina – PR e sua esposa, tive a visão que passo a relatar, quando tirava um breve cochilo.

Encontrava-me como se estivesse suspenso no ar e via abaixo três tanques unidos, onde nadavam alguns patinhos. Além desses três tanques, outros tanques de tamanhos e formas irregulares podiam ser vistos. Esses tanques estavam protegidos por um muro que os rodeava. Em todos os tanques havia patinhos que nadavam.

Pude observar que alguns deles tentavam sair dos tanques e que, de vez em quando um patinho conseguia saltar para um outro tanque ou às vezes, caia em local seco.

Senti a presença de um anjo que me observava. Perguntei ao Anjo: o que significa isso? Observei então que os patinhos tinham suas penas amareladas e alguns estavam até feridos. Exclamei preocupado novamente: o que significa isso? Então o Anjo me falou: olha para cima. Olhei e vi que uma grande nuvem se formava acima dos tanques.

Em seguida pude ver uma sequência de clarões como se fossem relâmpagos, porém não havia trovões. Uma chuva muito forte começou a cair e os tanques e os lugares secos foram enchendo-se de águas de tal forma que as águas ficaram acima de todos os tanques.

Cessada a chuva, verifiquei que os patinhos nadavam livremente sobre as águas. Pareciam muito felizes. O Anjo tocava uma campainha e eles saiam de suas regiões e se misturavam como se fosse uma festa. Cruzavam seus pescoços com expressão de profundo afeto. O Anjo tocava novamente a campainha e eles voltavam às, suas regiões. Isto aconteceu diversas vezes.

Eu fiquei estático, porém sentia uma profunda satisfação. O Anjo tocou uma vez mais sua campainha, fazendo com que eu saísse daquele torpor, quando verifiquei que tudo estava como antes. Os patinhos que haviam se tornado curados e branquinhos voltaram a ficar amarelados e feridos.

Então perguntei ao Anjo: quanto a mim, como será? Eu mesmo não entendia bem o sentido da minha pergunta. Então o Anjo respondeu-me: quanto a você, segue o seu caminho e descansa no Senhor.

Nessa hora muita gente gritava: acorda... acorda... e eu acordei com uma sensação de quem estava chegando de uma longa viagem.

Ao meu lado estava uma jovem que lia o livro “A Arca de Noé” de Trigueirinho, um discípulo da “Nova Era” que tem me preocupado. Do outro lado, estavam o Pastor Roberto e sua esposa. Por algum momento, pensei em contar para ele essa visão, porém, decidi apanhar o endereço dele para escrever depois.”
(Nota: Não me lembro se escrevi ou não ao Pastor Roberto, mas como eu já tinha uma orientação espiritual para só divulgar certas escritas a partir de 2010, inclui também este texto que só agora estou divulgando).

Uma Breve interpretação.

Essa experiência foi objeto de diversas reflexões que fiz diante de Deus, principalmente durante a década de noventa. Na realidade, até hoje ainda, medito sobre ela e sempre descubro alguma coisa nova.

Na primavera de 2003, refleti procurando ligá-la à ideia de uma nova Igreja para o mundo e agora eu acho que essa interpretação entra muito bem aqui.

“Uma nova Igreja para o mundo nunca será uma “Igreja Única”. Ela será uma Igreja movida pelo Espírito Santo e não pela vontade do homem ou de qualquer liderança. Ela prosperará dentro da liberdade que virá pelo conhecimento da verdade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Movida pelo “AMOR” que vem de Deus ela garantirá a todos os homens uma plena liberdade para adorar ou não adorar a Deus. Ela promoverá a paz e buscará uma convivência amorosa, respeitosa, harmoniosa e solidária entre todos, independente de raça, credo ou condições sociais. Será a maior promotora da Igualdade, da Fraternidade e da liberdade em nosso planeta. Estará preocupada em promover a felicidade das nações e de todos os povos num clima de liberdade, permitindo que cada um viva dentro do seu próprio tanque, isto é, viva segundo suas tradições e os ditames da consciência de cada um. Ela estará livre de dogmas e conviverá muito bem com a ciência, a política e a educação do povo. Será uma religião livre de templos e sedes suntuosas, uma organização simples voltada para atender ao povo em suas necessidades, estimulando aos homens de bons costumes a assumir os principais cargos de mando e decisões do estado, evitando que homens desregrado o façam antes. Promoverá o conhecimento das tradições religiosas através das escolas e trabalho especial de discipulado, mais será uma Igreja de um pequeno livro como regra de fé e prática eclesial e espiritual. A riqueza dessa igreja não será ouro e nem prata, mas a qualidade daqueles que a defendem e que são capazes de conhecerem todos os tanques e promoverem uma ação em que o Espírito Santo possa cumprir a sua missão de “Consolador e Ensinador da Verdade que Liberta”. ‘Que a graça e a paz do Deus que “CHAMA”, “CURA”, “CAPACITA”, “ENVIA” e “SUSTENTA” seja convosco e com todo o povo que confessa que Jesus é Senhor, hoje e para todo o sempre. Amém’”. (P/AViS/Primavera/2003).

Conclusão:

O ecumenismo foi um grande passo dado na década de sessenta. Mas como sempre acontece com qualquer movimento, ele foi se desgastando e atualmente já não consegue reunir forças para moldar uma igreja para o futuro.

A religiosidade cada vez se torna mais autônoma e sente a necessidade de diferenciação mais individualizada. O mesmo se dá na política. Elas estão cada vez mais preocupadas consigo mesmas e não voltadas para as verdadeiras necessidades do povo. O mesmo fenômeno ocorre com a política institucionalizada e com as centenas de ONGS que se proliferam a pretexto de atender as carências de grupos excluídos, mas que na realidade são usadas para lavagem de dinheiro público que são doados pelo estado.

Na Europa, a percentagem de pessoas que se declaram religiosas vem caindo assustadoramente. Nem o Papa escapa das miras dos niilistas que cada vez cobram mais da Igreja e fecham o cerco em torno das pessoas e instituições que se dizem representantes de Deus aqui na terra. Isso tem ajudado na purificação da Igreja, permitindo assim uma profilaxia tão necessária que a própria Igreja devia providenciar, mas que durante muitos séculos não o tem feito. Jesus alertou: “Se vocês se calarem, as pedras clamarão”.

As pessoas manifestam diversas necessidades de salvação a que correspondem diferentes necessidades espirituais implicando diferentes espiritualidades e diferentes práticas. A igreja como instituição (igrejas tradicionais ou históricas) não tem atentado para isto. Os protestantes que surgiram como contestadores do estado atual da igreja majoritária (na época a Igreja Católica Romana, principalmente) e da sociedade que espoliava o povo, hoje perdeu sua identidade e não se entendem mais. Tornaram-se protestantes entre eles mesmos, cada um mais preocupado com a sua arrecadação e o controle do poder. Criou-se o mercado eclesial. Carecem do Cristo de chicote na mão para promover uma nova purificação no Templo.

O acesso ao religioso pode dar-se de forma cognitiva ou experimental. Nas espiritualidades mais que o ato cognitivo religioso predomina o dado experimental, a experiência religiosa, com caráter específico pessoal. No mundo atual, conhecem-se várias espiritualidades: salesiana, jesuíta, dominicana, franciscana, beneditina, evangelical, pentecostal e outras. Elas, porém, andam ligadas geralmente a ordens e congregações com um público reduzido. As igrejas tradicionais, duma maneira geral, não estão preparadas para responder a muitas das necessidades espirituais mais individualizadas das pessoas. As novas igrejas ou movimentos estão em fase de experiência e procuram inovar as liturgias, surgindo com isso os cultos shows e os superestar da missão com teologias que procuram dar ao povo aquilo que ele quer sem se preocupar em dar aquilo que ele precisa. Importa mais a quantidade do que a qualidade.

Acreditamos que o Criador, através do seu Espírito Santo, está cuidando disso tudo e que vivemos apenas um tempo de forjamento da igreja do Futuro. No último capítulo desta série voltaremos a tratar deste assunto. Até lá. (P/AViS-11/05/2010)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

27- A Teologia da Graça.

Introdução:

“Se pela ofensa de um e por meio de um só, reinou a morte, muito mais os que recebem a abundância da graça e o dom da justiça reinarão em vida por meio de um só, a saber, Jesus Cristo.” (Romanos 5.17).

A Graça é parte integrante do “Plano Salvífico” de Deus. Ao homem foi dado liberdade plena para tomar suas decisões e ele tomou o caminho da desobediência. Com isso ofendeu o Criador a tal ponto de ser expulso do “Jardim do Edem” assim como Lúcifer foi expulso das “Regiões Celestiais”. Contudo o Criador não desistiu de sua criação, pois ele havia colocado neste planeta o que de mais sublime ele possuía, a vida.

Depois de várias tentativas, Deus tomou a decisão final que fazia tremer aos próprios anjos. Ele colocou em prática o seu “Plano Salvífico”, o que incluía entre outras coisas o envio de seu filho para salvar o homem através da Graça. Nem para os anjos decaídos foi posto um plano assim em execução. Assim depois de vários estágios e preparação Deus enviou Jesus Cristo, uma história que já alcançou mais de um terço da humanidade e que agora pela globalização deverá ser divulgado para todas as nações e raças num período muito curto para que se cumpra mais uma fase importante desse plano.

Não tem sido um plano fácil e nem barato. Para alguns, ele está sendo executado há alguns milhões de anos; para outros, os que observam as anotações sagradas dos judeus, dos muçulmanos e dos cristãos ele está em vigor há seis mil anos. De qualquer forma é um longo plano que visa salvar a vida que aqui um dia foi implantada e que por decisão do homem corre sério risco. Assim, já no terceiro estágio, Deus mandou seu filho e ele apagou a ofensa que o homem havia feito ao seu Criador e a humanidade entrou na era da Graça.

Mas o que é a Graça?

“Parece estranho ler algo sobre a Graça Consumatória, pois estamos acostumados a ler e ouvir, segundo João Wesley, a respeito da Graça Preveniente, Graça Justificadora e Graça Santificadora.

Geralmente ao falar-se em Graça Preveniente, a ligamos ao Pai. Quando nos referimos à Graça Justificadora nos centramos na pessoa de Jesus Cristo. Ao pensarmos na Perfeição Cristã ou Santificação, logo vem à nossa mente a pessoa do Espírito Santo.

O que seria Graça Consumatória?

É a Graça, através da Trindade, que faz possível à pessoa, à família e à Igreja levar avante a fé, a vida cristã, consumando-a na vida. É Graça que leva-nos avante à Consumação Final de todas as coisas em Deus.

Dependemos totalmente da Graça. Essa é uma mensagem bíblica e um fundamento do movimento Wesleyano. A vida cristã somente é possível pela graça. Não são as leis, a ética e a moral, as doutrinas ou a liturgia, nem mesmo a Igreja, como uma instituição, que faz possível vivenciar-se a fé cristã e sua consequente vida plena.
Temos tido muitas frustrações em nossa vivência cristã ao confiarmos em nosso ativismo, nos planejamentos e programas das igrejas, em nossas formas litúrgicas ou na ausência delas; em nosso esforço pessoal, familiar e social buscando vivenciar os princípios básicos de nossa fé e esperança.

Muitos, hoje, estão buscando uma “nova unção”, nova forma de revelação ou profecia, nova estruturação dinâmica da Igreja visando um crescimento acelerado. Muitas dessas coisas têm o seu lugar na vida cristã; outras são invenções de nossos tempos, de líderes que estão centralizando a fé no seu carisma pessoal ou comunitário. Há uma grande ênfase voltada para o Antigo Testamento, fundamentada isoladamente do seu contexto e de sua centralidade em Jesus Cristo.

Nada disso nos leva a uma vida plena centrada em Cristo. Quem leva à consumação da vida cristã, à missão da Igreja, ao propósito divino na vida da família, aos relacionamentos humanos em todas as suas áreas e níveis é a Graça Divina,que a chamamos de “Consumatória”.

Não adianta inventarmos ou reinventarmos a “roda”, “os modismos”, as “prosperidades”, as “dependências em líderes apostólicos modernos”. O centro básico de nossa Fé e Vida Cristã, pessoal e comunitária, é a Graça. Somente ela consuma em nós as “fiéis e verdadeiras promessas bíblicas e divinas”.
Vivendo sem a Graça estamos “caindo na des-Graça”, vivendo “sem-Graça”, criando um estado de individualismo na fé, de personalismo na Igreja, de egocentrismo em nossos fundamentos de fé.

Podemos usar a Bíblia à nossa maneira, citando-a fartamente, mas sem a Graça, ela se torna um “ídolo”, ”uma filosofia de vida”, “forma de pensar e viver”, um instrumento de apologia cristã sem contudo ser a VIDA PLENA que Deus em Cristo trouxe-nos ao se tornar ser humano, identificando-se conosco, vivendo a nossa fragilidade, tornando-se Servo Sofredor, assumindo a Cruz e a Morte.Contudo, a Graça divina tornou a trazê-Lo à vida, colocando-o acima de todo o nome, autoridade, poderes, potestades, enfermidade, dor, morte e mal.
Não há outro caminho – só há o caminho da Graça, onde Ele, Cristo, nos leva a Deus, o Caminho que traz Deus a nós, vive Deus em nós, entre nós e conosco e, através de nós.

O Deus da Graça anseia agir em nosso tempo “consumando em nossa História” a Sua presença Salvadora e Redentora. A Graça Consumatória está ativa através da ação da Trindade visando amar ao ser humano, a sociedade e a natureza, redimindo-os para Si.

É claro que a Graça é Graça, cuja natureza e fonte é divina e nós, para entendê-la, a dividimos em fases, ou etapas, como Wesley fez. Na verdade, somos chamados a “pela graça sermos salvos”, através da fé (nossa confiança, acolhimento, entrega a Cristo), santificados, vivendo no presente século de forma justa, sensata e piedosamente e a esperarmos a plenitude da concretização do Reino através da vinda do Senhor Jesus. Tudo o mais... é tentativa humana... é resto... e não provém de Deus, mas de “obras humanas”; não é fruto da fé, pois nos gloriamos naquilo que somos e fazemos.

Ainda bem que Deus é tudo em tudo e que dependemos da Graça para que a nossa glória esteja n’Ele e não em nós mesmos, nem em nenhuma instituição, revelação, profecia, sonho ou estruturação eclesial.
É na cruz e ressurreição que eu me glorio. Isso é Graça! Aleluia!” (Nelson Luiz Campos Leite – Bispo honorário da Igreja Metodista).

Graça e Saúde:

A Bíblia Sagrada (livro sagrado dos Cristãos que contém parte dos textos sagrados dos judeus e dos muçulmanos) tem anunciado a humanidade de forma sonante, clara e singular que, primeiramente e de uma forma única, foi incluída na tradição teológico-judaica-islâmica e que hoje é divulgada por muitos meios e formas, que Deus nos aceita como somos e onde estamos com o que podemos fazer sem distinção de raça ou nação. A todos sem exceção essa boa nova está sendo anunciada. São boas novas que nos garantem cura e integridade independente de nossas patologias. É a Graça Salvadora que está à nossa disposição para ser consumida e nos garantir a presença e a ação divina em nossa vida aqui, agora e na eternidade. Esta é a última e a única chance dada ao ser humano. Não importa a sua rebeldia, a sua crença, um dia todos os joelhos vão se dobrar diante do “Cristo Triunfante”.

Mas em suma, a Graça, consequência do amor e misericórdia do Criador assegura que o grande empreendimento de Deus é a cura humana e a vitória sobre a morte, tendo sido Cristo a “Primícia”, isto é o primeiro. Esta cura faz parte da natureza divina, assim como as patologias fazem parte do caráter e essência do homem. Com a cura do homem, toda a vida no planeta estará salva. Esta “Graça” é radical quanto a sua incisão ao “lócus” central da patologia humana; as preocupações excessivas alimentadas pelas ansiedades, que são a causa e o resultado da alienação humana e o mundo de doenças, violências e distorções múltiplas que derivam dessa alienação.
Uma avaliação correta dessa teologia e da suas implicações psicológias requer uma exploração da natureza problemática e patológica da situação humana a que a graça se refere, uma indicação de como a graça fala ao dilema humano e uma consolidade da base conceitual para chegar às consequências psicológicas. Desde que os homens, primeiro sentiram a natureza radical e genérica de sua queda espiritual e psicológica, a mais essencial e universal experiência humana tem sido a ansiedade. Por isto Jesus insistia no ensinamento da fé na provisão divina: “olhai os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham nem fiam, mas nem Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como qualquer um deles.” (Mateus 6.28 e 29).

A dimensão do terror em nossa ansiedade é facilmente identificada, vai desde a nossa luta para lidar com a morte e nossa própria mortalidade até formas de ansiedade extrema que são identificadas como causadoras de patologias que clinicamente são chamadas de neuroses ou como aquilo que as produz.

Na tragédia de nossas ansiedades nos deparamos perdidos e alienados. Disto surgem as nossas distorções emocionais e nossas doenças psicológicas e espirituais. No entanto, da perspectiva Divina, nosso status se mantém. Somos incondicionalmente confirmados como destinados para a comunhão com Deus como uma forma palpável de vida e de salvação. O Evangelho assegura este status como certo e incondicional e Cristo nos promete o Espírito Santo, o Consolador, através do qual Ele sempre estará conosco.

Conclusão:

“Conta uma lenda que quando Deus fazia o homem, um de seus anjos mais chegados, observando as possibilidades e concessões que Deus fazia a este ser, perguntou ao Senhor: mas como, com esta liberdade toda e esta capacidade de decidir a sua própria vida, o homem poderá vir até mesmo a confrontar com o Senhor, se rebelar contra sua vontade e ainda assim ser restaurado. Nem o pobre do Lúcifer teve esta oportunidade! Como pode ser isto? O Senhor então respondeu: você não pode entender, mas este homem vai sofrer muito até chegar ao meu projeto final. Mas, só com toda esta liberdade, ele chegará um dia ao seu destino final, que é o de ser semelhante a mim. Por isto vou ensinar-lhe todas as minhas leis durante o tempo que for necessário e ele terá plena liberdade de escolha entre a obediência e a desobediência até que um dia desabrochará nele o varão perfeito e aí então ele será minha imagem e semelhança. Sem liberdade ele nunca passará de um anjo.” (P/AViS/Primavera de 1962).
“Encontraram-se a graça e a verdade, a justiça e a paz se beijaram. Da terra brota a verdade, dos céus a justiça baixa o seu olhar.” (Sl 85.10-11). Esta é a visão do Salmista: manter a tensão na busca de uma ética que inclua o sagrado e reconstrua a esperança. (P/AViS/Primavera/1983).

“A Graça do Altíssimo vai-se concretizando ao passo que os excluídos vão se tornando objetos de mudança social, buscando a igualdade, a liberdade e a fraternidade entre todos, não importando seu gênero, nacionalidade, credo religioso ou condição social.” (P/AViS-Primavera/2.008).

A Graça não atinge apenas o homem. A graça destina-se a todo tipo de vida existente no universo, desde o “micro” até ao “macro”, todos somos objetos do “Plano Salvífico” de Deus. O homem, apesar de sua fragilidade, é o instrumento para estender essa graça por todo o universo, a ele está destinado o domínio de todas as coisas, enquanto Cristo não voltar.

“A natureza faz parte do staff de Deus. Deus é amor e misericórdia, por isso ele sempre nos perdoa, porém a natureza cobra sem pena sempre que é agredida pelo homem.” (P/AViS-Primavera/2008).

“Só a Ecologia Humana, baseada em princípios espirituais, pode restabelecer a harmonia entre o homem e a terra ao estabelecer em primeiro lugar a harmonia entre o homem e o Céu, entre o homem e o homem e do homem para consigo mesmo, e deste modo transformar a atitude ambiciosa e ávida do homem para com a natureza que é a causa das grandes tragédias que a humanidade vem sofrendo. O homem é o veículo da graça para a natureza; através da sua participação ativa no mundo espiritual, ele traz luz para o mundo e para a natureza. O homem é a boca através da qual a natureza respira e vive. O homem vê na natureza o que ele mesmo é - e assim penetra no significado interior dela - desde que seja capaz de buscar nas profundezas interiores de seu próprio ser. É a capacidade de perceber a transparência metafísica dos fenômenos. Os homens que vivem na superfície de seu ser, só podem estudar a natureza como algo que tem que ser manipulado e dominado.” (P/AViS-Primavera/2009).

“Onde o amor impera, não há desejo de poder; e onde o poder predomina, há falta de amor. Um é a sombra do outro.” (Carl Jung). (P/AViS- 04/05/2010).