terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

20- A Revisão.

Introdução:

“Uma Experiência Marcante, Desafiadora e Cheia de Possibilidades.

Não existe na vida de qualquer pessoa, homem ou mulher, experiência mais marcante, desafiadora e tão repleta de possibilidades de que receber, por fé, a Jesus Cristo como Salvador e Senhor para , então segui-lo de perto. Muitos, por não compreenderem a dimensão e o significado disso, confundem essa realidade como uma mera opção religiosa, reduzindo-a a uma mera filosofia de vida.

Crer em Jesus Cristo e tê-lo como Salvador e Senhor é, na verdade, um divisor de águas na história da existência humana, ao ponto de dividi-la entre o antes e depois. Por isso pode-se dizer que essa é a experiência mais marcante da vida. Possivelmente outras experiências dividem nossa história de vida entre o antes e o depois, contudo, nada se compara ao encontro que se tem com Jesus Cristo, pois antes de conhecê-lo a pessoa está morta em seus delitos e pecados, fazendo sua própria vontade, mas depois é ressuscitado da morte para a vida com Cristo, para uma vida de obediência e contentamento verdadeiros.

É uma experiência desafiadora, pois vivenciá-la requer renúncia, negar a nós mesmos, tomar a cruz e morrer. João Wesley diz que isso “não é coisa de importância secundária: não é apenas um acessório, como o são alguns elementos da religião; mas é absoluta, indispensavelmente necessário, quer para que nos tornemos discípulos de Cristo, quer para que nos conservemos nesta condição. É absolutamente necessário pela própria natureza do caso, para que o acompanhemos e o sigamos; tanto mais que, se não procedermos assim, não seremos seus discípulos”.

É uma experiência cheia de possibilidades, pois quando se conhece a Jesus Cristo, com Ele e Nele vencemos o pecado, o mundo e suas propostas mentirosas. Em Jesus temos a nossa dignidade restaurada como pessoas criadas por Deus. A outra possibilidade é a de servirmos a Deus e ao nosso próximo em amor verdadeiro, abnegado e com o coração de servos(as). Assim, esvaziados de nós, caminhamos com o “mesmo sentimento que houve em Cristo”. Na verdade essas possibilidades são realidades que se experimenta, de fato, pois quem está em Cristo “é nova criatura”, tem novo coração, nova mente e novos valores.

Que Deus nos ajude a vivenciarmos a nossa experiência cristã com verdade, alegria, sendo aperfeiçoados diariamente como filhos e filhas Dele. Que o Espírito Santo nos encha de poder para que o nosso testemunho pessoal e como igreja seja impactante e atraia muitas vidas para Jesus Cristo.” (Pastor Metodista: Osman Ferraz).



Sobre a Ética:

Ela conseguiria conciliar as diversas expressões religiosas e ideológicas, criando possibilidades para o surgimento de uma moral onde todos viveriam em solidariedade e respeito mútuo, permanecendo cada um fiel ao seu pequeno tanque? (Ref. Ao nº 2 desta série).

Somos de opinião que viver dentro da sociedade atual é ao mesmo tempo desconcertante e desafiador. É desconcertante porque o ontem foi muito diferente de hoje e o amanhã é sempre uma incógnita. É desafiador em consequência desta incerteza que nos convida a rever nossas ideias e opiniões diariamente.

“Aceitar a existência de um Criador é um ato racional. Aceitar quem é o Criador é um ato de fé.” (Adauto Lourenço – cientista cristão).

A filosofia vê o homem como um ser pensante que precisa ser formatado.
A ciência vê o homem como um ser físico (biológico) e mental que carece de conhecimento e experimentação. A religião vê o homem como um ser composto de corpo (físico-biológico), alma (mente-psiquê) e espírito (divino) – uma visão holística.


Não se sabe com certeza quando o conhecimento e a inteligência chegaram ao nosso planeta. O que se pode afirmar é que sem estes dois agentes nada do que existe poderia vir à existência.
Quanto à fé, aqui entendida como crença em algo que está fora do alcance do conhecimento, é fácil entender que ela veio a posteriore. Quando se fala de fé, pensamos logo em religião e esta com certeza veio muito depois.
Feitas estas colocações iniciais, já podemos perguntar: onde fica o homem em função disto? Com certeza o homem foi uma solução que o conhecimento e a inteligência encontraram para tomarem forma concreta e se manifestarem neste planeta. Não há acordo entre filósofos, teólogos e cientistas a esse respeito. Esse desacordo deve ser visto como uma estratégia do conhecimento para manter viva e atuante a inteligência. Esta por sua vez governa a vida que jamais poderia existir sem as duas. O homem torna-se, desta forma, refém das duas. A inteligência exige que o homem adquira cada vez mais conhecimento, pois ele é o seu encantamento. O conhecimento encanta o homem, dando a ele consciência de sua própria existência e do seu valor. Mais conhecimento e o homem se considera mais importante, mais poderoso e capaz de dominar. Assim, o homem surge neste planeta com a missão de dominar.
Mas como ele não pode dominar todas as coisas, surge a fé que vai permitir o preenchimento das lacunas que são criadas entre as diversas possibilidades de alcançar conhecimentos que ainda não estão ao seu alcance. Assim o homem sedento de domínio, parte para as grandes conquistas. Pela fé ele acredita que vai adquirir maior poder através da inteligência que permite a criação de estratégias e meios que acabam sendo formalizados por aqueles que ganham a confiança do grupo. É a partir daí que vão surgindo os diversos tipos, estruturas e normas sociais.
O homem olhava à sua volta e tomava conhecimento superficial da existência da natureza, até que num determinado momento ele começou a fazer certas perguntas a si mesmo. Uma das primeiras perguntas, com certeza, foi: como surgiram as coisas que o rodeavam? Posteriormente passou a questionar a sua própria origem. Como não havia respostas adequadas, a inteligência recorreu à fé e a organização de grupos para adorar e cultuar ao criador, surgindo daí a religião com a qual a inteligência passou a dirigir os destinos dos homens.
O cristianismo e o judaísmo, partindo destes princípios afirmam que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus com plenos poderes para ter domínio sobre a natureza. (Gn 1. 28). Só que o homem não se contentou em dominar apenas a natureza, passou a disputar domínio com o seu semelhante.
O primeiro ato decisivo sobre este desvio foi a disputa entre Caim e Abel, provocando o assassinato de Abel.
A inteligência concluiu que apenas o ato de adorar ao criador não foi capaz de harmonizar as relações entre os homens. Em consequência disto deu-se início a outra providência, normatizar leis de relacionamento surgindo assim os princípios éticos e morais, que juntos com as religiões foram sendo difundidos entre todas as raças humanas existentes no planeta. Tanto a religião, a ciência, a ética e a moral, no futuro, alcançarão seus objetivos ao passo que se colocarem a serviço do conhecimento, da inteligência e da fé.
A importância deste breve texto, talvez para alguns um pouco folclórico, é mostrar que tanto a Religião, a Ciência, a Ética e a Moral tiveram um mesmo princípio: a inteligência e um mesmo objetivo: harmonizar os relacionamentos dos homens entre si e com a natureza. Daí a importância da Ética dos Relacionamentos.

Denúncia ética:

Há uma tradição do senso comum que vê com maus olhos o procedimento de denunciar e que o acusa de ter a qualidade oposta à ética. A moral brasileira cotidiana, como qualquer outra, contém clichês, provérbios, máximas, que carregam significados e sentidos éticos duvidosos. Pelo conteúdo desses clichês ficamos sabendo que o brasileiro gosta de “levar vantagem em tudo”, pode “dar jeito em tudo”, que “todo mundo mete a mão: por que eu não?”, que “cada um por si, Deus por todos” etc. Na cumplicidade entre colegas de trabalho, concidadãos, amigos, vizinhos, facilmente prospera uma noção equivocada de denúncia. Nela, o denunciante, chamado pejorativamente de “dedo-duro” ou “delator”, é considerado um traidor, um desleal aos seus iguais, é reduzido a um bajulador. O raciocínio dessa cumplicidade é o seguinte: a lealdade primeira é devida aos “iguais”, não importando qual seja a qualidade desses iguais, se são bons ou maus, se estão certos ou errados; a lealdade ao grupo, família, corporação, é afirmada como precedente (anterior) à lealdade à sociedade e à coletividade. Nessa moral cotidiana da cumplicidade, o irmão, amigo, vizinho, colega, é protegido e não ameaçado. Nessa moral corporativista, a denúncia é uma quebra da “harmonia” entre os iguais. O mote geral de “unidos venceremos” se aplica, aqui, a uma ideia vaga de que o inimigo é sempre o que está “fora”, é o “estranho”, e também o que está “mais acima”, o que tem mais força. Nessa moral, acredita-se que é preciso união para se ter a força dos “iguais”.
Uma das responsabilidades dos indivíduos numa empresa é a vigilância ética sobre os direitos e isso implica em não ser cúmplice de irregularidades, não ocultar transgressões, não se omitir diante de faltas éticas (corrupção, favorecimentos ilegítimos, violação de direitos, discriminações culturais etc.). Um modo concreto de se manifestar o não conformismo com essas transgressões e de se afirmar o compromisso positivo com o bem-comum é precisamente o ato de denunciar as transgressões. Essa denúncia é uma manifestação positiva de lealdade ao bem comum, é uma lealdade aos direitos, e tem sim elevado valor ético. Tais dispositivos justificam-se mais ainda quando são associados a garantias de que as denúncias serão investigadas adequadamente (por meio de procedimentos transparentes, idôneos e objetivos) e de que haverá consequências, ou seja, de que os responsáveis serão punidos com justiça. Ao mesmo tempo, infelizmente, prospera também uma prática de inimputabilidade do denunciante: supõe-se que, mesmo sem provas, se possa trazer a público uma denúncia contra alguém (como se o próprio “ato heroico” de denunciar compensasse a falta de provas). Uma denúncia sem provas é uma calúnia e caluniar dá ao acusado o direito de restabelecer publicamente sua honra e dignidade. Outra questão é a do anonimato das denúncias. A moral da vingança e represália contra denunciantes gera medo e leva muitos, frequentemente, a se esconderem no anonimato ao denunciar, seja por proteção justificada, seja por covardia. A boa consciência de cada pessoa deverá ser o juiz, nesses casos.

História das Ideias:

A história das ideias morais está estreitamente ligada a dos sistemas filosóficos, embora devamos admitir que umas e outros sejam independentes do desenvolvimento social, econômico e cultura geral, assim como da consciência religiosa. Na antiguidade, as éticas relacionadas com o platonismo, o estoicismo e o epicurismo são as mais conhecidas. Na Era Moderna, o sistema filosófico de Kant deu um grande lugar à ética do dever e da intencionalidade, enquanto vários filósofos ingleses e norte-americanos elaboraram éticas utilitaristas e pragmáticas. Mais recentemente o marxismo e o existencialismo introduziram uma concepção nova do homem com o consequente significado ético. Qualquer história da Filosofia permitirá traçar as linhas principais desse desenvolvimento. Em forma muito amena e acessível o faz o livro de Will Durant: La história de La Filosofia (Santiago do Chile, Letras Imp – 1937). Quem desejar aprofundar-se mais na história das ideias e da Ética pode orientar-se a partir das seguintes obras: Lês grandes líneas de La filosofia moral de Jacques Leclercq (Madrid, Gregos); La ética moderna, de Teodor Litt (Madrid, Revista de Ocidente, 1932); La consciência moral, de H. Zbinden e outros (Madrid, Revistas do Ocidente, l961); a Internet oferece muito material de boa qualidade sobre o assunto.
A ética católica romana mais importante dos últimos anos é a de Bernhard Haring, La Ley de Cisto (Barcelona, Herder, 1958). Recentemente se discutiu muito a chamada ética situacional, que insiste em decisões éticas particulares, vinculadas às circunstâncias imediatas. Neste sentido a obra clássica é o livro de John Fletcher, Ética de situación (Barcelona, Ediciones Ariel, 1970).
Nos últimos anos, o Brasil através de seminários, simpósios e congressos tem produzido um bom material sobre a ética. Algumas destas obras encontram-se arroladas em nossa Bibliografia.
Através de nossa proposta de “Novos Paradigmas da Ética”, esperamos estar apresentando uma nova visão sobre o assunto, ou seja: Uma visão globalizante partindo do princípio de diversos relacionamentos: “a Ética dos Relacionamentos”.

Sobre a espiritualidade:

“Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação das experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática. Em outras palavras, pensar na conexão do interior com o exterior. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.

No que se refere aos ministérios desenvolvidos a espiritualidade conecta o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Destaco, portanto, uma tríade nesta espiritualidade ministerial: carisma, caráter e caridade. Sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade não dá para chegar ao coração das pessoas com as quais trabalhamos.


Carisma:

Já tive a oportunidade de desenvolver este tema em outros textos, incluindo o livro publicado pela EDITEO (O Carisma do Ministério Pastoral), onde apresento os contornos do carisma pastoral. Ao falar de carisma estou me referindo ao ato de reconhecimento e de mandato dado pela Igreja. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Não cabe, seja qual for a denominação, um ministério autônomo e sem qualquer relação com as doutrinas, em especial a que define o modo de ser igreja.

Carisma significa o dom através do qual o Espírito Santo age na vida do cristão e da Igreja na medida em que o cristão se oferece a Deus em resposta ao Seu amor. O carisma se evidencia de forma comunitária e não individualizada, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça.

Em outras palavras, o carisma que atribui autoridade ao ministério, não é o pessoal, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé.

Caráter:

O ministério “carismático”, ou seja, aquele que tem o carisma dado pela Igreja é acompanhado por comportamentos e atitudes que evidenciam uma boa índole, um bom caráter, um conjunto de boas qualidades. Nas cartas pastorais (I e II Timóteo e Tito) o autor apostólico destaca várias qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Fala, portanto, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.

Falar do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa. O que confere valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia, em termos de comportamento ético, responsabilidade, transparência, honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade a pessoa que exerce um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem substância e qualidade.

Caridade:

Poderia falar do amor, mas preferi a expressão caridade. Parece que o amor tem sido tema dos escritores bíblicos que ficou distante de nós, tema de músicas que são cantadas nas igrejas locais dominicalmente ou tema de poesia e romance. O amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregar-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor se transformou meramente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida do cristão. Desta forma, a música que fala da volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4), tem razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.

Optei por falar da caridade, pois se não é possível amar como Cristo amou, que haja pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com os que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizados. Recordo-me das palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos tessalonicenses, quando diz: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14). Estas palavras inspiram, de certa forma, atitudes de caridade.
Caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridoso seria aquele que procura identificar-se com o amor de Deus. Se conseguirmos isto em nossas práticas ministeriais já estaremos num bom caminho.” (Texto de Josué Adam Lazier – Bispo da Igreja Metodista).

Com isso encerramos a segunda fase de nossas reflexões. Convidamos aos nossos leitores para a terceira e última fase desta série com os seguintes temas:

21- Surge a Ética.
22- Os primeiros conceitos de Ética.
23- A Ética dos Relacionamentos.
24- A Ética da Solidariedade.
25- O Futuro da Ética.
26- Humanismo e Espiritualismo.
27- A Teologia da Graça.
28- O Futuro da Religião.
29- Revisão.
30- Conclusão Geral.
Nota: Voltaremos com os novos textos a partir de 23 de março de 2010. (P/AViS-23/02/2010).

20- A Revisão.

Introdução:

“Uma Experiência Marcante, Desafiadora e Cheia de Possibilidades.

Não existe na vida de qualquer pessoa, homem ou mulher, experiência mais marcante, desafiadora e tão repleta de possibilidades de que receber, por fé, a Jesus Cristo como Salvador e Senhor para , então segui-lo de perto. Muitos, por não compreenderem a dimensão e o significado disso, confundem essa realidade como uma mera opção religiosa, reduzindo-a a uma mera filosofia de vida.

Crer em Jesus Cristo e tê-lo como Salvador e Senhor é, na verdade, um divisor de águas na história da existência humana, ao ponto de dividi-la entre o antes e depois. Por isso pode-se dizer que essa é a experiência mais marcante da vida. Possivelmente outras experiências dividem nossa história de vida entre o antes e o depois, contudo, nada se compara ao encontro que se tem com Jesus Cristo, pois antes de conhecê-lo a pessoa está morta em seus delitos e pecados, fazendo sua própria vontade, mas depois é ressuscitado da morte para a vida com Cristo, para uma vida de obediência e contentamento verdadeiros.

É uma experiência desafiadora, pois vivenciá-la requer renúncia, negar a nós mesmos, tomar a cruz e morrer. João Wesley diz que isso “não é coisa de importância secundária: não é apenas um acessório, como o são alguns elementos da religião; mas é absoluta, indispensavelmente necessário, quer para que nos tornemos discípulos de Cristo, quer para que nos conservemos nesta condição. É absolutamente necessário pela própria natureza do caso, para que o acompanhemos e o sigamos; tanto mais que, se não procedermos assim, não seremos seus discípulos”.

É uma experiência cheia de possibilidades, pois quando se conhece a Jesus Cristo, com Ele e Nele vencemos o pecado, o mundo e suas propostas mentirosas. Em Jesus temos a nossa dignidade restaurada como pessoas criadas por Deus. A outra possibilidade é a de servirmos a Deus e ao nosso próximo em amor verdadeiro, abnegado e com o coração de servos(as). Assim, esvaziados de nós, caminhamos com o “mesmo sentimento que houve em Cristo”. Na verdade essas possibilidades são realidades que se experimenta, de fato, pois quem está em Cristo “é nova criatura”, tem novo coração, nova mente e novos valores.

Que Deus nos ajude a vivenciarmos a nossa experiência cristã com verdade, alegria, sendo aperfeiçoados diariamente como filhos e filhas Dele. Que o Espírito Santo nos encha de poder para que o nosso testemunho pessoal e como igreja seja impactante e atraia muitas vidas para Jesus Cristo.” (Pastor Metodista: Osman Ferraz).



Sobre a Ética:

Ela conseguiria conciliar as diversas expressões religiosas e ideológicas, criando possibilidades para o surgimento de uma moral onde todos viveriam em solidariedade e respeito mútuo, permanecendo cada um fiel ao seu pequeno tanque? (Ref. Ao nº 2 desta série).

Somos de opinião que viver dentro da sociedade atual é ao mesmo tempo desconcertante e desafiador. É desconcertante porque o ontem foi muito diferente de hoje e o amanhã é sempre uma incógnita. É desafiador em consequência desta incerteza que nos convida a rever nossas ideias e opiniões diariamente.

“Aceitar a existência de um Criador é um ato racional. Aceitar quem é o Criador é um ato de fé.” (Adauto Lourenço – cientista cristão).

A filosofia vê o homem como um ser pensante que precisa ser formatado.
A ciência vê o homem como um ser físico (biológico) e mental que carece de conhecimento e experimentação. A religião vê o homem como um ser composto de corpo (físico-biológico), alma (mente-psiquê) e espírito (divino) – uma visão holística.

Não se sabe com certeza quando o conhecimento e a inteligência chegaram ao nosso planeta. O que se pode afirmar é que sem estes dois agentes nada do que existe poderia vir à existência.
Quanto à fé, aqui entendida como crença em algo que está fora do alcance do conhecimento, é fácil entender que ela veio a posteriore. Quando se fala de fé, pensamos logo em religião e esta com certeza veio muito depois.
Feitas estas colocações iniciais, já podemos perguntar: onde fica o homem em função disto? Com certeza o homem foi uma solução que o conhecimento e a inteligência encontraram para tomarem forma concreta e se manifestarem neste planeta. Não há acordo entre filósofos, teólogos e cientistas a esse respeito. Esse desacordo deve ser visto como uma estratégia do conhecimento para manter viva e atuante a inteligência. Esta por sua vez governa a vida que jamais poderia existir sem as duas. O homem torna-se, desta forma, refém das duas. A inteligência exige que o homem adquira cada vez mais conhecimento, pois ele é o seu encantamento. O conhecimento encanta o homem, dando a ele consciência de sua própria existência e do seu valor. Mais conhecimento e o homem se considera mais importante, mais poderoso e capaz de dominar. Assim, o homem surge neste planeta com a missão de dominar.
Mas como ele não pode dominar todas as coisas, surge a fé que vai permitir o preenchimento das lacunas que são criadas entre as diversas possibilidades de alcançar conhecimentos que ainda não estão ao seu alcance. Assim o homem sedento de domínio, parte para as grandes conquistas. Pela fé ele acredita que vai adquirir maior poder através da inteligência que permite a criação de estratégias e meios que acabam sendo formalizados por aqueles que ganham a confiança do grupo. É a partir daí que vão surgindo os diversos tipos, estruturas e normas sociais.
O homem olhava à sua volta e tomava conhecimento superficial da existência da natureza, até que num determinado momento ele começou a fazer certas perguntas a si mesmo. Uma das primeiras perguntas, com certeza, foi: como surgiram as coisas que o rodeavam? Posteriormente passou a questionar a sua própria origem. Como não havia respostas adequadas, a inteligência recorreu à fé e a organização de grupos para adorar e cultuar ao criador, surgindo daí a religião com a qual a inteligência passou a dirigir os destinos dos homens.
O cristianismo e o judaísmo, partindo destes princípios afirmam que o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus com plenos poderes para ter domínio sobre a natureza. (Gn 1. 28). Só que o homem não se contentou em dominar apenas a natureza, passou a disputar domínio com o seu semelhante.
O primeiro ato decisivo sobre este desvio foi a disputa entre Caim e Abel, provocando o assassinato de Abel.
A inteligência concluiu que apenas o ato de adorar ao criador não foi capaz de harmonizar as relações entre os homens. Em consequência disto deu-se início a outra providência, normatizar leis de relacionamento surgindo assim os princípios éticos e morais, que juntos com as religiões foram sendo difundidos entre todas as raças humanas existentes no planeta. Tanto a religião, a ciência, a ética e a moral, no futuro, alcançarão seus objetivos ao passo que se colocarem a serviço do conhecimento, da inteligência e da fé.
A importância deste breve texto, talvez para alguns um pouco folclórico, é mostrar que tanto a Religião, a Ciência, a Ética e a Moral tiveram um mesmo princípio: a inteligência e um mesmo objetivo: harmonizar os relacionamentos dos homens entre si e com a natureza. Daí a importância da Ética dos Relacionamentos.

Denúncia ética:

Há uma tradição do senso comum que vê com maus olhos o procedimento de denunciar e que o acusa de ter a qualidade oposta à ética. A moral brasileira cotidiana, como qualquer outra, contém clichês, provérbios, máximas, que carregam significados e sentidos éticos duvidosos. Pelo conteúdo desses clichês ficamos sabendo que o brasileiro gosta de “levar vantagem em tudo”, pode “dar jeito em tudo”, que “todo mundo mete a mão: por que eu não?”, que “cada um por si, Deus por todos” etc. Na cumplicidade entre colegas de trabalho, concidadãos, amigos, vizinhos, facilmente prospera uma noção equivocada de denúncia. Nela, o denunciante, chamado pejorativamente de “dedo-duro” ou “delator”, é considerado um traidor, um desleal aos seus iguais, é reduzido a um bajulador. O raciocínio dessa cumplicidade é o seguinte: a lealdade primeira é devida aos “iguais”, não importando qual seja a qualidade desses iguais, se são bons ou maus, se estão certos ou errados; a lealdade ao grupo, família, corporação, é afirmada como precedente (anterior) à lealdade à sociedade e à coletividade. Nessa moral cotidiana da cumplicidade, o irmão, amigo, vizinho, colega, é protegido e não ameaçado. Nessa moral corporativista, a denúncia é uma quebra da “harmonia” entre os iguais. O mote geral de “unidos venceremos” se aplica, aqui, a uma ideia vaga de que o inimigo é sempre o que está “fora”, é o “estranho”, e também o que está “mais acima”, o que tem mais força. Nessa moral, acredita-se que é preciso união para se ter a força dos “iguais”.
Uma das responsabilidades dos indivíduos numa empresa é a vigilância ética sobre os direitos e isso implica em não ser cúmplice de irregularidades, não ocultar transgressões, não se omitir diante de faltas éticas (corrupção, favorecimentos ilegítimos, violação de direitos, discriminações culturais etc.). Um modo concreto de se manifestar o não conformismo com essas transgressões e de se afirmar o compromisso positivo com o bem-comum é precisamente o ato de denunciar as transgressões. Essa denúncia é uma manifestação positiva de lealdade ao bem comum, é uma lealdade aos direitos, e tem sim elevado valor ético. Tais dispositivos justificam-se mais ainda quando são associados a garantias de que as denúncias serão investigadas adequadamente (por meio de procedimentos transparentes, idôneos e objetivos) e de que haverá consequências, ou seja, de que os responsáveis serão punidos com justiça. Ao mesmo tempo, infelizmente, prospera também uma prática de inimputabilidade do denunciante: supõe-se que, mesmo sem provas, se possa trazer a público uma denúncia contra alguém (como se o próprio “ato heroico” de denunciar compensasse a falta de provas). Uma denúncia sem provas é uma calúnia e caluniar dá ao acusado o direito de restabelecer publicamente sua honra e dignidade. Outra questão é a do anonimato das denúncias. A moral da vingança e represália contra denunciantes gera medo e leva muitos, frequentemente, a se esconderem no anonimato ao denunciar, seja por proteção justificada, seja por covardia. A boa consciência de cada pessoa deverá ser o juiz, nesses casos.

História das Ideias:

A história das ideias morais está estreitamente ligada a dos sistemas filosóficos, embora devamos admitir que umas e outros sejam independentes do desenvolvimento social, econômico e cultura geral, assim como da consciência religiosa. Na antiguidade, as éticas relacionadas com o platonismo, o estoicismo e o epicurismo são as mais conhecidas. Na Era Moderna, o sistema filosófico de Kant deu um grande lugar à ética do dever e da intencionalidade, enquanto vários filósofos ingleses e norte-americanos elaboraram éticas utilitaristas e pragmáticas. Mais recentemente o marxismo e o existencialismo introduziram uma concepção nova do homem com o consequente significado ético. Qualquer história da Filosofia permitirá traçar as linhas principais desse desenvolvimento. Em forma muito amena e acessível o faz o livro de Will Durant: La história de La Filosofia (Santiago do Chile, Letras Imp – 1937). Quem desejar aprofundar-se mais na história das ideias e da Ética pode orientar-se a partir das seguintes obras: Lês grandes líneas de La filosofia moral de Jacques Leclercq (Madrid, Gregos); La ética moderna, de Teodor Litt (Madrid, Revista de Ocidente, 1932); La consciência moral, de H. Zbinden e outros (Madrid, Revistas do Ocidente, l961); a Internet oferece muito material de boa qualidade sobre o assunto.
A ética católica romana mais importante dos últimos anos é a de Bernhard Haring, La Ley de Cisto (Barcelona, Herder, 1958). Recentemente se discutiu muito a chamada ética situacional, que insiste em decisões éticas particulares, vinculadas às circunstâncias imediatas. Neste sentido a obra clássica é o livro de John Fletcher, Ética de situación (Barcelona, Ediciones Ariel, 1970).
Nos últimos anos, o Brasil através de seminários, simpósios e congressos tem produzido um bom material sobre a ética. Algumas destas obras encontram-se arroladas em nossa Bibliografia.
Através de nossa proposta de “Novos Paradigmas da Ética”, esperamos estar apresentando uma nova visão sobre o assunto, ou seja: Uma visão globalizante partindo do princípio de diversos relacionamentos: “a Ética dos Relacionamentos”.

Sobre a espiritualidade:

“Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação das experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática. Em outras palavras, pensar na conexão do interior com o exterior. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.

No que se refere aos ministérios desenvolvidos a espiritualidade conecta o sentido de vocação com os atos ministeriais praticados. Destaco, portanto, uma tríade nesta espiritualidade ministerial: carisma, caráter e caridade. Sem carisma não há qualidade e autoridade no ministério que se exerce, sem caráter não há autoridade nas ações pastorais e ministeriais e sem caridade não dá para chegar ao coração das pessoas com as quais trabalhamos.


Carisma:

Já tive a oportunidade de desenvolver este tema em outros textos, incluindo o livro publicado pela EDITEO (O Carisma do Ministério Pastoral), onde apresento os contornos do carisma pastoral. Ao falar de carisma estou me referindo ao ato de reconhecimento e de mandato dado pela Igreja. O carisma, seja do ministério pastoral ou dos ministérios laicos, é reconhecido pela comunidade cristã e desenvolvido em sintonia com a eclesiologia. Não cabe, seja qual for a denominação, um ministério autônomo e sem qualquer relação com as doutrinas, em especial a que define o modo de ser igreja.

Carisma significa o dom através do qual o Espírito Santo age na vida do cristão e da Igreja na medida em que o cristão se oferece a Deus em resposta ao Seu amor. O carisma se evidencia de forma comunitária e não individualizada, pois ele se expressa por meio da dedicação da pessoa ao serviço de Deus e por meio da Sua Graça.

Em outras palavras, o carisma que atribui autoridade ao ministério, não é o pessoal, não são os dons pessoais ou os talentos da pessoa, e sim o mandato, a ordenação ou a consagração realizada pela comunidade de fé.

Caráter:

O ministério “carismático”, ou seja, aquele que tem o carisma dado pela Igreja é acompanhado por comportamentos e atitudes que evidenciam uma boa índole, um bom caráter, um conjunto de boas qualidades. Nas cartas pastorais (I e II Timóteo e Tito) o autor apostólico destaca várias qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Fala, portanto, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.

Falar do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa. O que confere valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia, em termos de comportamento ético, responsabilidade, transparência, honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade a pessoa que exerce um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem substância e qualidade.

Caridade:

Poderia falar do amor, mas preferi a expressão caridade. Parece que o amor tem sido tema dos escritores bíblicos que ficou distante de nós, tema de músicas que são cantadas nas igrejas locais dominicalmente ou tema de poesia e romance. O amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregar-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor se transformou meramente numa virtude teologal quando deveria ser um fruto sempre presente na vida do cristão. Desta forma, a música que fala da volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4), tem razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.

Optei por falar da caridade, pois se não é possível amar como Cristo amou, que haja pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com os que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizados. Recordo-me das palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos tessalonicenses, quando diz: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Ts 5.14). Estas palavras inspiram, de certa forma, atitudes de caridade.
Caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridoso seria aquele que procura identificar-se com o amor de Deus. Se conseguirmos isto em nossas práticas ministeriais já estaremos num bom caminho.” (Texto de Josué Adam Lazier – Bispo da Igreja Metodista).

Com isso encerramos a segunda fase de nossas reflexões. Convidamos aos nossos leitores para a terceira e última fase desta série com os seguintes temas:

21- Surge a Ética.
22- Os primeiros conceitos de Ética.
23- A Ética dos Relacionamentos.
24- A Ética da Solidariedade.
25- O Futuro da Ética.
26- Humanismo e Espiritualismo.
27- A Teologia da Graça.
28- O Futuro da Religião.
29- Revisão.
30- Conclusão Geral.
Nota: Voltaremos com os novos textos a partir de 23 de março de 2010. (P/AViS-23/02/2010).

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

07- Batalha Espiritual - Os Adoradores.

Os Adoradores:
Costumamos confundir adoração com louvação. Deus deseja verdadeiros adoradores e louvadores. O louvor só agrada a Deus quando é consequência de nossa adoração ou então, quando ele nos conduz à adoração.
Para ficar mais claro vamos recorrer ao dicionário e verificarmos o verdadeiro sentido de cada uma destas palavras.

• Adorar (lat adorare) vtd – (1) Reverenciar, venerar; (2) Amar extremamente, idolatrar. (3) Gostar muito de... (4) Prestar culto a..., cultuar.

• Louvar (lat laudare) vtd – (1) Dirigir louvores a....; elogiar, enaltecer, gabar. (2) Aprovar, confirmar com elogios um ato praticado por outrem (3) Elogiar-se, gabar-se, jactar-se, vangloriar-se. (4) Bendizer, enaltecer, exaltar, glorificar. (Moderno Dicionário da Língua Portuguesa – Michaelis 2000)

Deus não necessita de nossos louvores, mas Ele se agrada deles quando manifestados de forma sincera e com reverência. É bom destacar que Deus não precisa de nada, nem do próprio homem, mas conta conosco para executar o seu plano salvífico{50} neste planeta e possivelmente no Universo. Os anjos gostariam de cumprir essa missão, no entanto, Ele confiou a nós essa tarefa no sentido de nos honrar e permitir que possamos retomar nossa forma original de Sua semelhança.
É preciso muita responsabilidade ao ministrarmos o louvor. Estamos assistindo a um fenômeno mundial de comercialização e vulgarização do louvor. Isso com certeza, fornecerá uma arma muito poderosa para satanás usar na batalha espiritual que ele e seus anjos travam em todas as regiões.
Depois dessa breve abordagem sobre o louvor, passaremos a considerar o tema proposto: “Os adoradores”.
É a adoração, o principal instrumento de proteção e ataque que possuímos contra as ciladas do tentador. Por isto satanás requeria de Jesus um gesto de adoração, pois ele sabia que a partir daí a sua vitória seria certa. (Mt 4. 9). Dificilmente satanás conseguirá induzir alguém a negociar ou comercializar a adoração como tem conseguido com o louvor. (Estas considerações sobre cautela referente ao louvor não devem ser entendidas como censura aos que produzem e comercializam esses materiais, é apenas uma advertência com relação aos riscos de um louvor sem compromisso com a palavra de Deus.)
A Bíblia é muito rica em apelos para que sejamos verdadeiros adoradores. Daí vem a pergunta: o que é um verdadeiro adorador? Classificar um verdadeiro adorador, como classificar o que é um verdadeiro cristão não é tarefa fácil. (Recomendamos a leitura do nosso texto “Sinais da Unção” para entender melhor este assunto.)
Adorar, assim como orar não podem ser visto como um simples ministério. Adorar e orar é próprio de todo verdadeiro cristão, são como o ar, a água, o alimento, sem os quais não podemos viver. Desde o início, o homem prestou cultos, isto é adorou, uns os seus próprios deuses, representados muitas vezes por elementos da natureza, pelos heróis da comunidade, pelos antepassados, pelas ideologias, por princípios filosóficos e até à ideia da negação da existência de um Deus verdadeiro. Esses são apenas alguns deuses que tem inspirado os homens à adoração.
Só o homem é capaz de adorar. O Criador criou na sua alma (psiquê) essa necessidade. Nem o mais ateu dos homens está livre desta atitude.O mais sério é quando o homem se convence de ter eliminado da sua mente toda a possibilidade de alguma crença e se torna adorador de si mesmo, o que, na maioria dos casos, gera os maiores transtornos com consequências psicossomáticas e de relacionamentos em geral, imprevisíveis e de alto risco para si mesmo e para as pessoas que o rodeiam.(Confira: “Narcisismo”).
É possível dizer que o cristão é melhor do que os não cristãos? Isso tentaremos responder no próximo item.
Jesus olhando para o futuro, respondeu para a mulher samaritana que, quando não houver mais sentido a existência do templo, os verdadeiros adoradores continuarão adorando a Deus e, aí, numa adoração mais sublime; em espírito e em verdade. (Jo 4. 23).
Parece que aí Jesus classifica bem o verdadeiro adorador; é aquele que adora em espírito e verdade. A adoração transcende o corpo e a alma, apesar de inclui-los e parte do espírito que como já vimos, é a região mais importante para nos colocar em comunhão perfeita com Deus. Sempre me preocupou o fato de muitos adoradores viverem desunidos e até mesmo em competição dentro dos próprios grupos de adoração. O que dizer então das separações denominacionais?

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

19- Em Defesa da Ciência.

Introdução:

A História da ciência é a área do conhecimento que investiga o evoluir do pensamento científico e da sua interação com as sociedades humanas. Frequentemente os leigos utilizam o termo com um significado muito amplo. Tal disciplina está estreitamente ligada com a Sociologia da ciência e a Filosofia da ciência.
“A Ciência torna-se nobre, quando pesquisa em busca do conhecimento do Criador, empobrece-se e torna-se ridícula, quando faz o contrário, isto é, pesquisa sem levar em conta que todo o existente foi e está sendo criado e que nada pode existir sem uma origem e a regência de um criador.” (P/AViS- Primavera de 2009).
O pensamento científico surgiu na Grécia Antiga aproximadamente no século VI a.C. com os pensadores pré-socráticos que foram chamados de Filósofos da Natureza e também Pré-cientistas. Foi um período onde a sociedade ocidental, saiu de uma forma de pensamento baseada em mitos e dogmas, para entrar no pensamento científico baseado no Ceticismo. Muitos livros apresentam este ou aquele pensador pré-socrático como pai do pensamento científico, mas isso não é verdade, pois todos esses pensadores contribuíram de uma forma ou de outra para a formação do pensamento científico.
O pensamento dogmático coloca as idéias como sendo superiores ao que se observa. O Pensamento Cético coloca o que é observado como sendo superior às idéias. Um dogma é uma idéia e por mais que se observem fatos que destruam o dogma, uma pessoa com pensamento dogmático irá preservar o seu dogma. Para a ciência uma teoria é uma idéia, mas se observarmos fatos que comprovem a falsidade da idéia, o cientista tem a obrigação de destruir ou modificar a teoria.
Foi na época de Sócrates e seus contemporâneos, que o pensamento científico se consolidou, principalmente com o surgimento do conceito de prova científica, ou repetição do fato observado na natureza. Quando esse processo de modificação no pensamento Grego terminou, aproximadamente noventa por cento dos Gregos havia se tornado ateu. Sócrates foi condenado à morte e teve de tomar cicuta, pois foi julgado culpado de estar desvirtuando a juventude. Os gregos acabaram por destruir sua própria religião.
Tanto as religiões como a ciência tentam descrever a natureza e dar uma explicação para a origem do universo. A diferença está na forma de pensar de um cientista. O cientista não aceita descrever o natural com o sobrenatural. Para o cientista é necessário provas observadas e o que se observa sempre destrói as idéias. Para um cientista a ciência é uma só, pois a natureza é apenas uma. Sendo assim, as idéias da Física devem complementar as idéias da química, da paleontologia, geografia e assim por diante. Embora a ciência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, ela ainda continua sendo apenas uma.
A Boa Intenção:

O ser humano está sempre cheio de boas intenções. Muitas são as correntes e as organizações que pretendem transformar o mundo e sempre para melhor.
Eis alguns poderes que militam em busca de soluções para o mundo:


a) A Religião (pela espiritualidade)
b) A Filosofia (pela educação)
c) A Ciência (pelo conhecimento)
d) A Política (Pela a administração dos bens comuns do estado)
e) A Diplomacia (Pelo entendimento dos direitos e deveres)
f) O Militarismo (Pelo uso da força)
g) As artes (pela criatividade em busca do belo e da perfeição, através do lúdico e do cênico)
h) As Associações em Geral (pela recreação, pesquisas e meios de auto-aperfeiçoamento)
i) A Imprensa Livre e Responsável (através da informação) e muitas outras.

A Religião, a Filosofia e a Ciência trabalham a mente e dela procedem os demais poderes militantes.
Apesar das boas intenções a história tem mostrado que todos que chegam ao poder acabam se corrompendo e assim não promovem o bem que desejam. Foi pensando assim que o apóstolo Paulo declarou:

“Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis: não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, promovem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
(Rm 3. 10.18).

Durante a Idade Média, os cristãos dominavam as escolas da época, e por isso seus pensadores foram chamados de Filósofos Escolásticos. Esses pensadores criaram uma visão dogmática de ciência que ainda hoje é encontrada em livros e enciclopédias da atualidade, e não admitiam o uso da matemática como forma de análise científica. Somente aceitavam o uso da dialética e a lógica aristotélica como forma de análise científica, que devia ser apresentada através de teses. Esta prática ainda é observada em algumas universidades da atualidade. O pensamento de Agostinho tentava unir a fé e a razão, sendo o primeiro filósofo cristão, o que fez surgir um pensamento equivalente ao pensamento que havia antes dos pré-socráticos. O resultado disso é que quase nada de científico foi produzido durante a Idade Média.
Na Renascença, os pensadores retomaram o pensamento científico dos pré-socráticos. Galileu Galilei se atreve a usar a matemática como forma de análise científica, o que resultou na sua perseguição pelos Escolásticos. Descartes ao ver o que havia ocorrido com Galileu, reduziu suas críticas aos escolásticos, mesmo assim usando a matemática para a análise científica. Após a retomada do pensamento científico pré-socrático voltamos a evoluir cientificamente.
Esta é uma longa história que vale a pena conhecer. A partir daí a ciência alcançou sua maturidade e pode contribuir de forma definitiva para a evolução do pensamento humano. Desenvolveram-se então várias tendências filosóficas destacando-se uma plêiade de cientistas, cujos nomes não podem ser esquecidos.

Alguns Cientistas e filósofos que marcaram a história:

Isaac Newton (1642 – 1727)
Suas descobertas durante o século XVII guiaram os estudos da física pelos 200 anos seguintes; • Por trás de fenômenos aparentemente banais, construiu a base de teorias revolucionárias; • Nasceu em 25 de Dezembro de 1642, em Woolsthorpe, na Inglaterra; • Em 1661, com 18 anos, ingressa na universidade de Cambridge, estudou matemática e filosofia; • Em 1668, depois de idealizar as leis de reflexão e refração de luz, construiu o primeiro telescópio reflexivo; • Em 1669, assume o cargo de professor de matemática na universidade de Cambridge; • Em 1672, é convidado para a Real Sociedade Britânica; • Em 1687, publica "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural", o famoso “Principia”, em que descreve as leis da gravidade e dos movimentos; • Em 1696, é nomeado Guardião da Casa da Moeda; • Em 1705, ele recebe um título de nobreza da rainha Anne e passa a se chamar Sir Isaac Newton; • Em 1727, ele morre, no dia 20 de março e é enterrado na abadia londrina de Westminster, na Inglaterra.

Galileu Galilei (1564 – 1642)
Criticava Aristóteles dizendo que "A tradição e a autoridade dos antigos sábios não são fontes de conhecimento científico" e que a única maneira de compreender a natureza é experimentando; • Achava que fazer ciência é comprovar através da experiência; • Dizia que "o livro da natureza é escrito em caracteres matemáticos"; • foi acusado, pelas autoridades, de ser inimigo da fé. Foi julgado pelo tribunal do Santo Ofício, a Inquisição. Ele reconheceu diante dos inquisitores que estava "errado", para terminar suas pesquisas. Segundo a lenda, ele disse baixo: "Eppur si muove", ou, "mas ela se move", ou seja, que a Terra não é um ponto fixo no centro do universo. • A história de Galileu é um exemplo célebre de como a violação à liberdade de opinião das pessoas pode ser altamente prejudicial ao desenvolvimento das ciências.

René Descartes (1596 – 1650)
Demonstrou como a matemática poderia ser utilizada para descrever as formas e as medidas dos corpos; • Inventou a geometria analítica; • Sua obra mais famosa chama-se "discurso sobre o método" (1636). Nela, Descartes procura nos convencer que o raciocínio matemático deveria servir de modelo para o pensamento filosófico e para todas as ciências; • Uma das frases mais célebres da história do pensamento filosófico é: "Penso, logo existo." Ele acreditava que dessa verdade ninguém poderia duvidar. • O raciocínio matemático é baseado, principalmente, na lógica dedutiva, em que nós partimos de uma verdade para encontrarmos outras verdades, ou seja, que uma verdade é conseqüência da outra.

Francis Bacon (1561 a 1626)
Mostrou a importância da experimentação para a aquisição dos conhecimentos científicos;

Nicolau Copérnico (1473 a 1543):
Mostrou que o sol fica no centro do sistema, mas, achava que a órbita da Terra era uma circunferência perfeita, o que está errado, mas, o alemão Kepler (1571 a 1630) o corrigiu, mostrando que a distância da terra e do sol é variável, em forma de elipse.

Louis Pasteur (1822 a 1895)
Foi o primeiro cientista a provar que seres invisíveis a olho nu, os microorganismos, são os responsáveis por diversas doenças. Suas descobertas ajudaram a salvar vidas e abriram as portas para o avanço da microbiologia e da imunologia;

Francesco Redi (1626 a 1698):
Era um médico italiano e demonstrou que não existia a geração espontânea, uma idéia aristotélica. Ele fez uma experiência: Ele colocou carne em vários vidros. Deixou alguns abertos e cobriu outros com um tecido fino de algodão, que permitisse a entrada de ar. Este tecido era importante, pois para os defensores da geração espontânea, o ar era fundamental para que o fenômeno acontecesse. Se a teoria da geração espontânea fosse verdadeira, as larvas de moscas deveriam aparecer tanto nos vidros abertos quanto nos vidros cobertos com gaze, mas, após alguns dias, surgiram larvas só nos vidros abertos. Redi mostrou, então, que as larvas surgiam das moscas, e não por geração espontânea. As moscas podiam entrar nos vidros abertos e depositar seus ovos sobre a carne, mas não conseguiam entrar naqueles cobertos pelo tecido.
Pilares básicos do pensamento científico:
O pensamento científico tem mais de dois mil anos e alguns pontos formam os pilares básicos desse pensamento. Um cientista jamais pode contrariar estes princípios, já testados pela humanidade:
O principal objetivo da ciência é descrever a natureza. É por esse motivo que a matemática, lógica, direito e outras áreas, jamais foram classificadas como áreas científicas.
Basta que apenas um fato seja observado e a idéia teórica deve ser modificada ou destruída. É por isso que a Astrologia, não é classificada como ciência, pois vários fatos são observados que contrariam a Astrologia, e mesmo assim suas idéias continuam as mesmas, há mais de quatro mil anos.
Princípio do Uno, ou seja, a ciência é única, pois a natureza é uma só. É o caso da psicologia, que nunca foi considerada uma área científica, pois suas idéias não conseguem se unir a Física, Química e Biologia, além de estarem baseados em sofismas, sem a existência de equações matemáticas que provem as idéias.
Conceito de prova, ou repetição do fato observado. É outro motivo pelo qual a psicologia e astrologia, não são classificadas como ciência, já que os fatos observados por psicólogos e astrólogos, não conseguimos repetir.
Não usar o sobrenatural e metafísico para descrever a natureza. É o caso da teologia e várias áreas religiosas, que não são consideradas áreas científicas.

Elementos do método científico
"Ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos." (Carl Sagan)
"...ciência consiste em agrupar fatos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles." (Charles Darwin)
O método científico é composto dos seguintes elementos:
Caracterização - Quantificações, observações e medidas.
Hipóteses - Explicações hipotéticas das observações e medidas.
Previsões - Deduções lógicas das hipóteses.
Experimentos - Testes dos três elementos acima.
O método científico consiste dos seguintes aspectos:
Observação - Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou pode exigir a utilização de instrumentos apropriados.
Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido).
Previsão - As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no presente e no futuro.
Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis passíveis de mascarar o resultado.
Falseabilidade - toda hipótese tem que ser falseável ou refutável. Isso não quer dizer que o experimento seja falso; mas sim que ele pode ser verificado, contestado. Ou seja, se ele realmente for falso, deve ser possível prová-lo.
Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja causalidade. Nessas condições os seguintes requerimentos são vistos como importantes no entendimento científico:

Identificação das Causas.
Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as observações.
Ordem dos eventos - As causas precisam preceder no tempo os efeitos observados.
Conclusão:
“E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras.” (At 7.22).
“O Menino Jesus em Nazaré. – Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade de Nazaré. Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria: e a graça de Deus estava sobre Ele.” (Lc 2. 39 e 40).
“O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento...” (Os 4.6a).
Quando estamos falando em comportamento científico precisamos fazer diferença entre ser cientista, pragmático e pragmatismo. Confundir estas três posturas pode gerar uma série de dificuldade para o Cristão que se interessa pelo aprofundamento científico. Devemos lembrar-nos da recomendação paulina: ”examinai tudo e apegai ao que é bom”. Esta decisão do que é bom e do que não é bom e principalmente do que é mal, para o cristão não depende apenas do conhecimento científico, mas também da Graça de Deus que se manifesta em “Espírito de Discernimento”. Por isso o cristão é alguém que além de buscar o conhecimento científico, precisa também buscar o conhecimento da vontade de Deus que se encontra disponível na sua palavra, bem como desenvolver uma espiritualidade saudável que promove o crescimento mental e emocional.
A importância do que “em pensar” é fundamental para uma vida comprometida com cristo onde valores como “o amor”, “a gratidão” e “o perdão” não podem ser renegados a planos inferiores ao “conhecimento”.
“O em que pensar. – Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Fp 4.8). – (P/AViS-09/02/2010).