terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

19- Em Defesa da Ciência.

Introdução:

A História da ciência é a área do conhecimento que investiga o evoluir do pensamento científico e da sua interação com as sociedades humanas. Frequentemente os leigos utilizam o termo com um significado muito amplo. Tal disciplina está estreitamente ligada com a Sociologia da ciência e a Filosofia da ciência.
“A Ciência torna-se nobre, quando pesquisa em busca do conhecimento do Criador, empobrece-se e torna-se ridícula, quando faz o contrário, isto é, pesquisa sem levar em conta que todo o existente foi e está sendo criado e que nada pode existir sem uma origem e a regência de um criador.” (P/AViS- Primavera de 2009).
O pensamento científico surgiu na Grécia Antiga aproximadamente no século VI a.C. com os pensadores pré-socráticos que foram chamados de Filósofos da Natureza e também Pré-cientistas. Foi um período onde a sociedade ocidental, saiu de uma forma de pensamento baseada em mitos e dogmas, para entrar no pensamento científico baseado no Ceticismo. Muitos livros apresentam este ou aquele pensador pré-socrático como pai do pensamento científico, mas isso não é verdade, pois todos esses pensadores contribuíram de uma forma ou de outra para a formação do pensamento científico.
O pensamento dogmático coloca as idéias como sendo superiores ao que se observa. O Pensamento Cético coloca o que é observado como sendo superior às idéias. Um dogma é uma idéia e por mais que se observem fatos que destruam o dogma, uma pessoa com pensamento dogmático irá preservar o seu dogma. Para a ciência uma teoria é uma idéia, mas se observarmos fatos que comprovem a falsidade da idéia, o cientista tem a obrigação de destruir ou modificar a teoria.
Foi na época de Sócrates e seus contemporâneos, que o pensamento científico se consolidou, principalmente com o surgimento do conceito de prova científica, ou repetição do fato observado na natureza. Quando esse processo de modificação no pensamento Grego terminou, aproximadamente noventa por cento dos Gregos havia se tornado ateu. Sócrates foi condenado à morte e teve de tomar cicuta, pois foi julgado culpado de estar desvirtuando a juventude. Os gregos acabaram por destruir sua própria religião.
Tanto as religiões como a ciência tentam descrever a natureza e dar uma explicação para a origem do universo. A diferença está na forma de pensar de um cientista. O cientista não aceita descrever o natural com o sobrenatural. Para o cientista é necessário provas observadas e o que se observa sempre destrói as idéias. Para um cientista a ciência é uma só, pois a natureza é apenas uma. Sendo assim, as idéias da Física devem complementar as idéias da química, da paleontologia, geografia e assim por diante. Embora a ciência seja dividida em áreas, para facilitar o estudo, ela ainda continua sendo apenas uma.
A Boa Intenção:

O ser humano está sempre cheio de boas intenções. Muitas são as correntes e as organizações que pretendem transformar o mundo e sempre para melhor.
Eis alguns poderes que militam em busca de soluções para o mundo:


a) A Religião (pela espiritualidade)
b) A Filosofia (pela educação)
c) A Ciência (pelo conhecimento)
d) A Política (Pela a administração dos bens comuns do estado)
e) A Diplomacia (Pelo entendimento dos direitos e deveres)
f) O Militarismo (Pelo uso da força)
g) As artes (pela criatividade em busca do belo e da perfeição, através do lúdico e do cênico)
h) As Associações em Geral (pela recreação, pesquisas e meios de auto-aperfeiçoamento)
i) A Imprensa Livre e Responsável (através da informação) e muitas outras.

A Religião, a Filosofia e a Ciência trabalham a mente e dela procedem os demais poderes militantes.
Apesar das boas intenções a história tem mostrado que todos que chegam ao poder acabam se corrompendo e assim não promovem o bem que desejam. Foi pensando assim que o apóstolo Paulo declarou:

“Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, a uma se fizeram inúteis: não há quem faça o bem, não há nem um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua, promovem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca, eles a têm cheia de maldição e de amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos, há destruição e miséria; desconheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”
(Rm 3. 10.18).

Durante a Idade Média, os cristãos dominavam as escolas da época, e por isso seus pensadores foram chamados de Filósofos Escolásticos. Esses pensadores criaram uma visão dogmática de ciência que ainda hoje é encontrada em livros e enciclopédias da atualidade, e não admitiam o uso da matemática como forma de análise científica. Somente aceitavam o uso da dialética e a lógica aristotélica como forma de análise científica, que devia ser apresentada através de teses. Esta prática ainda é observada em algumas universidades da atualidade. O pensamento de Agostinho tentava unir a fé e a razão, sendo o primeiro filósofo cristão, o que fez surgir um pensamento equivalente ao pensamento que havia antes dos pré-socráticos. O resultado disso é que quase nada de científico foi produzido durante a Idade Média.
Na Renascença, os pensadores retomaram o pensamento científico dos pré-socráticos. Galileu Galilei se atreve a usar a matemática como forma de análise científica, o que resultou na sua perseguição pelos Escolásticos. Descartes ao ver o que havia ocorrido com Galileu, reduziu suas críticas aos escolásticos, mesmo assim usando a matemática para a análise científica. Após a retomada do pensamento científico pré-socrático voltamos a evoluir cientificamente.
Esta é uma longa história que vale a pena conhecer. A partir daí a ciência alcançou sua maturidade e pode contribuir de forma definitiva para a evolução do pensamento humano. Desenvolveram-se então várias tendências filosóficas destacando-se uma plêiade de cientistas, cujos nomes não podem ser esquecidos.

Alguns Cientistas e filósofos que marcaram a história:

Isaac Newton (1642 – 1727)
Suas descobertas durante o século XVII guiaram os estudos da física pelos 200 anos seguintes; • Por trás de fenômenos aparentemente banais, construiu a base de teorias revolucionárias; • Nasceu em 25 de Dezembro de 1642, em Woolsthorpe, na Inglaterra; • Em 1661, com 18 anos, ingressa na universidade de Cambridge, estudou matemática e filosofia; • Em 1668, depois de idealizar as leis de reflexão e refração de luz, construiu o primeiro telescópio reflexivo; • Em 1669, assume o cargo de professor de matemática na universidade de Cambridge; • Em 1672, é convidado para a Real Sociedade Britânica; • Em 1687, publica "Princípios Matemáticos da Filosofia Natural", o famoso “Principia”, em que descreve as leis da gravidade e dos movimentos; • Em 1696, é nomeado Guardião da Casa da Moeda; • Em 1705, ele recebe um título de nobreza da rainha Anne e passa a se chamar Sir Isaac Newton; • Em 1727, ele morre, no dia 20 de março e é enterrado na abadia londrina de Westminster, na Inglaterra.

Galileu Galilei (1564 – 1642)
Criticava Aristóteles dizendo que "A tradição e a autoridade dos antigos sábios não são fontes de conhecimento científico" e que a única maneira de compreender a natureza é experimentando; • Achava que fazer ciência é comprovar através da experiência; • Dizia que "o livro da natureza é escrito em caracteres matemáticos"; • foi acusado, pelas autoridades, de ser inimigo da fé. Foi julgado pelo tribunal do Santo Ofício, a Inquisição. Ele reconheceu diante dos inquisitores que estava "errado", para terminar suas pesquisas. Segundo a lenda, ele disse baixo: "Eppur si muove", ou, "mas ela se move", ou seja, que a Terra não é um ponto fixo no centro do universo. • A história de Galileu é um exemplo célebre de como a violação à liberdade de opinião das pessoas pode ser altamente prejudicial ao desenvolvimento das ciências.

René Descartes (1596 – 1650)
Demonstrou como a matemática poderia ser utilizada para descrever as formas e as medidas dos corpos; • Inventou a geometria analítica; • Sua obra mais famosa chama-se "discurso sobre o método" (1636). Nela, Descartes procura nos convencer que o raciocínio matemático deveria servir de modelo para o pensamento filosófico e para todas as ciências; • Uma das frases mais célebres da história do pensamento filosófico é: "Penso, logo existo." Ele acreditava que dessa verdade ninguém poderia duvidar. • O raciocínio matemático é baseado, principalmente, na lógica dedutiva, em que nós partimos de uma verdade para encontrarmos outras verdades, ou seja, que uma verdade é conseqüência da outra.

Francis Bacon (1561 a 1626)
Mostrou a importância da experimentação para a aquisição dos conhecimentos científicos;

Nicolau Copérnico (1473 a 1543):
Mostrou que o sol fica no centro do sistema, mas, achava que a órbita da Terra era uma circunferência perfeita, o que está errado, mas, o alemão Kepler (1571 a 1630) o corrigiu, mostrando que a distância da terra e do sol é variável, em forma de elipse.

Louis Pasteur (1822 a 1895)
Foi o primeiro cientista a provar que seres invisíveis a olho nu, os microorganismos, são os responsáveis por diversas doenças. Suas descobertas ajudaram a salvar vidas e abriram as portas para o avanço da microbiologia e da imunologia;

Francesco Redi (1626 a 1698):
Era um médico italiano e demonstrou que não existia a geração espontânea, uma idéia aristotélica. Ele fez uma experiência: Ele colocou carne em vários vidros. Deixou alguns abertos e cobriu outros com um tecido fino de algodão, que permitisse a entrada de ar. Este tecido era importante, pois para os defensores da geração espontânea, o ar era fundamental para que o fenômeno acontecesse. Se a teoria da geração espontânea fosse verdadeira, as larvas de moscas deveriam aparecer tanto nos vidros abertos quanto nos vidros cobertos com gaze, mas, após alguns dias, surgiram larvas só nos vidros abertos. Redi mostrou, então, que as larvas surgiam das moscas, e não por geração espontânea. As moscas podiam entrar nos vidros abertos e depositar seus ovos sobre a carne, mas não conseguiam entrar naqueles cobertos pelo tecido.
Pilares básicos do pensamento científico:
O pensamento científico tem mais de dois mil anos e alguns pontos formam os pilares básicos desse pensamento. Um cientista jamais pode contrariar estes princípios, já testados pela humanidade:
O principal objetivo da ciência é descrever a natureza. É por esse motivo que a matemática, lógica, direito e outras áreas, jamais foram classificadas como áreas científicas.
Basta que apenas um fato seja observado e a idéia teórica deve ser modificada ou destruída. É por isso que a Astrologia, não é classificada como ciência, pois vários fatos são observados que contrariam a Astrologia, e mesmo assim suas idéias continuam as mesmas, há mais de quatro mil anos.
Princípio do Uno, ou seja, a ciência é única, pois a natureza é uma só. É o caso da psicologia, que nunca foi considerada uma área científica, pois suas idéias não conseguem se unir a Física, Química e Biologia, além de estarem baseados em sofismas, sem a existência de equações matemáticas que provem as idéias.
Conceito de prova, ou repetição do fato observado. É outro motivo pelo qual a psicologia e astrologia, não são classificadas como ciência, já que os fatos observados por psicólogos e astrólogos, não conseguimos repetir.
Não usar o sobrenatural e metafísico para descrever a natureza. É o caso da teologia e várias áreas religiosas, que não são consideradas áreas científicas.

Elementos do método científico
"Ciência é muito mais uma maneira de pensar do que um corpo de conhecimentos." (Carl Sagan)
"...ciência consiste em agrupar fatos para que leis gerais ou conclusões possam ser tiradas deles." (Charles Darwin)
O método científico é composto dos seguintes elementos:
Caracterização - Quantificações, observações e medidas.
Hipóteses - Explicações hipotéticas das observações e medidas.
Previsões - Deduções lógicas das hipóteses.
Experimentos - Testes dos três elementos acima.
O método científico consiste dos seguintes aspectos:
Observação - Uma observação pode ser simples, isto é, feita a olho nu, ou pode exigir a utilização de instrumentos apropriados.
Descrição - O experimento precisa ser replicável (capaz de ser reproduzido).
Previsão - As hipóteses precisam ser válidas para observações feitas no passado, no presente e no futuro.
Controle - Para maior segurança nas conclusões, toda experiência deve ser controlada. Experiência controlada é aquela que é realizada com técnicas que permitem descartar as variáveis passíveis de mascarar o resultado.
Falseabilidade - toda hipótese tem que ser falseável ou refutável. Isso não quer dizer que o experimento seja falso; mas sim que ele pode ser verificado, contestado. Ou seja, se ele realmente for falso, deve ser possível prová-lo.
Explicação das Causas - Na maioria das áreas da Ciência é necessário que haja causalidade. Nessas condições os seguintes requerimentos são vistos como importantes no entendimento científico:

Identificação das Causas.
Correlação dos eventos - As causas precisam se correlacionar com as observações.
Ordem dos eventos - As causas precisam preceder no tempo os efeitos observados.
Conclusão:
“E Moisés foi educado em toda a ciência dos egípcios e era poderoso em palavras e obras.” (At 7.22).
“O Menino Jesus em Nazaré. – Cumpridas todas as ordenanças segundo a Lei do Senhor, voltaram para a Galiléia, para a sua cidade de Nazaré. Crescia o menino e se fortalecia, enchendo-se de sabedoria: e a graça de Deus estava sobre Ele.” (Lc 2. 39 e 40).
“O meu povo está sendo destruído por falta de conhecimento...” (Os 4.6a).
Quando estamos falando em comportamento científico precisamos fazer diferença entre ser cientista, pragmático e pragmatismo. Confundir estas três posturas pode gerar uma série de dificuldade para o Cristão que se interessa pelo aprofundamento científico. Devemos lembrar-nos da recomendação paulina: ”examinai tudo e apegai ao que é bom”. Esta decisão do que é bom e do que não é bom e principalmente do que é mal, para o cristão não depende apenas do conhecimento científico, mas também da Graça de Deus que se manifesta em “Espírito de Discernimento”. Por isso o cristão é alguém que além de buscar o conhecimento científico, precisa também buscar o conhecimento da vontade de Deus que se encontra disponível na sua palavra, bem como desenvolver uma espiritualidade saudável que promove o crescimento mental e emocional.
A importância do que “em pensar” é fundamental para uma vida comprometida com cristo onde valores como “o amor”, “a gratidão” e “o perdão” não podem ser renegados a planos inferiores ao “conhecimento”.
“O em que pensar. – Finalmente, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é respeitável, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se alguma virtude há e se algum louvor existe, seja isso o que ocupe o vosso pensamento.” (Fp 4.8). – (P/AViS-09/02/2010).

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