domingo, 11 de outubro de 2009

09- Ideologias, deuses e Deus. (II/II)

Introdução:
“Ideologia são as maneiras como o sentido serve para estabelecer e sustentar relações de dominação.” (John B. Thompson -historiador americano radicado na Inglaterra).
“E disse Deus: frutificai-vos e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Genesis 1.28).
Dominação é uma preocupação constante de todo ser vivo e principalmente do homem. Quando o autor mosaico fez os primeiros registros da Lei ele deu um destaque especial a este fato, afirmando que na realidade o homem, no sentido de humanidade foi feito para dominar. O autor não destaca o domínio sobre o próprio homem e nem sobre a terra como propriedade particular, apesar desta prática já estar consagrada na época dos registros.
Como já afirmamos anteriormente, o homem é um ser pensante e temos destacado a importância do poder e do fascínio desta capacidade. Este poder coadjuvado com o fascínio permitiu ao homem desenvolver outra habilidade fundamental para o seu desenvolvimento: a imaginação. Imaginando o homem se tornou capaz de criar formas e fantasias mentais que se tornavam realidades através da experimentação. Reunindo então, o pensamento, a imaginação e a experimentação o homem aprendeu a dominar não só a criação mas também as forças da natureza. Assim depois de alguns milhares de anos de experiência, chegamos ao Adão de Deus, o homem capaz de discernir entre o bem e o mal e desenvolver as qualidades que tradicionalmente chamamos de “Pecados Capitais” e “Virtudes”. Nestas condições o homem sai do patamar de “pensante” para o de “ideólogo”, isto é, com a capacidade de desenvolver ideias. Muitas tem sido as ideias desenvolvidas pelo homem, umas para o bem e outras para o mal. Para alguns pensadores as ideias têm sempre como meta o domínio.
Sobre a origem da vida:
A origem da vida é objeto de muita discussão entre os sábios desde a mais remota antiguidade e ninguém tem a resposta definitiva. A verdade é que sempre que se faz alguma pesquisa em qualquer parte do nosso planeta os pesquisadores encontram vestígio de vida e de inteligência. Possivelmente a ciência não terá esta resposta tão cedo. Enquanto isto os ideólogos vão elaborando as suas hipóteses como faziam os magos sumerianos antes que Babilônia olhasse para os céus com a ajuda de alguns instrumentos rudimentares. Não ache engraçado, eu acredito que em relação ao conhecimento da origem da vida ainda nos encontramos naquele estágio, apesar de toda a nossa engenharia genética. O que é incontestável é a milenar afirmação: “A vida só vem da vida”.
Toda a história que para nós não passa de mitologia começa quando o Criador, pela primeira vez filosofou, dizendo: façamos o homem... Neste momento o mundo invisível, imaginário ou espiritual já estava povoado e o Criador já tinha com quem falar: “façamos”...
É o pensamento do Criador elaborado e pronunciado que dá origem à vida dentro dos limites em que nos encontramos. Fazer o homem estava incluso todas as providências necessárias para a implantação e sobrevivência da vida em nosso planeta, possivelmente em muitos outros. Cada ser vivo recebeu um nível de inteligência e de habilidade para garantir sua sobrevivência. Cada um, dentro de sua espécie recebeu ordem para multiplicar e encher a terra. Encher e dominar a terra estão no inconsciente de todo ser vivo que o executa sem levar em conta qualquer conseqüência, inclusive a espécie humana. Contudo aos humanos foi dado o poder de romper seus limites e conquistar outras habilidades, tais como observar, pensar, experimentar e optar. Com estas e outras habilidades o homem vem se desenvolvendo e estendendo seu domínio em muitas direções.
Observando a natureza a partir de si mesmo o homem (usamos o termo homem no sentido de espécie, isto é o homem e a mulher) desenvolveu sua habilidade de pensar e imaginar, tornando-se a primeira espécie capaz de inventar instrumentos para o seu desenvolvimento e exercitar a inteligência. À semelhança do criador, começou a pronunciar sons, imitando os animais que já os pronunciava por determinação do criador, os rios, os ventos e outros fenômenos da natureza. Descobriu que era capaz de produzir uma infinidade de sons e daí a ligar estes sons com os objetos que o rodeava foi questão de poucos milhares de anos. Surgia assim a linguagem, a capacidade de se comunicar com palavras bastante elaboradas.
Foi um grande salto para a humanidade. Daí até ser capaz de traçar desenhos representando estas palavras e suas ideias foram mais alguns milhares de anos. Finalmente o homem é capaz de pensar, falar e escrever suas ideas. Este estágio foi alcançado em épocas e lugares diferentes, de tal forma que a cultura atual acolhe muitas informações, calendários e linguagens diferenciadas, dependendo das suas origens geográficas.. A nossa cultura de origem Greco-judaico-romano considera que tenhamos chegado a este nível de sete a dez mil anos atrás. Tudo isto é muito teórico e especulativo apesar de todas as pesquisas dos arqueólogos, paleontólogos e outros.
Rememorando a História:
Analisando à luz da antropologia e dando azas à imaginação, podemos dizer que um dia, depois de alguns milhões de anos o homem se viu no meio dos animais sem ter consciência de suas habilidades e até de si mesmo. Enquanto o Criador, o “ Deus Altíssimo” trabalhava o homem, trabalhava também a natureza para no futuro, trezentos milhões de anos depois, entregar ao homem o petróleo em condições de ser refinado e usado. (Esta é a grandiosidade infinita da sabedoria que conduz todo o universo e que foge à nossa compreensão).
Já temos notícias de fósseis da espécie humana com mais de quatro milhões de anos. Portanto, esta é uma longa história, da qual a humanidade tem muito poucas notícias. Mas, com certeza, em alguns bilhões de anos este planeta e todas as espécies de vida e de matéria orgânica passaram por muitas transformações. E mesmo sem entender o que passava o homem ia desenvolvendo a sua capacidade de pensar, imaginar e formular ideias. Paralelo a isto desenvolvia também a capacidade de produzir sons e dar início a codificação das primeiras palavras. Sua sobrevivência foi sempre garantida pela provisão de seu criador que através dos instintos naturais (sexuais principalmente) procurava multiplicar e encher a terra. Assim, apesar de todas as ações destrutivas da natureza que por outro lado buscava a transformação dos seus elementos para permitir a sobrevivência da vida, o homem sempre sobrevivia, muitas vezes mais pela sua inteligência rudimentar do que mesmo pela sua resistência física. Esta luta entre a força e a inteligência fazia com que o homem aprimorasse sua capacidade de criar, chegando ao nível de ser capaz de transformar matérias (pedras, ramos, e galhos mais resistentes) em instrumentos de trabalho. O Homem aprendeu a trabalhar e começou a se valorizar pelas suas habilidades, desenvolvendo assim sua capacidade de domínio, dando início a fixação de território assim como ainda hoje alguns animais sabem fazer. Foram os primeiros sinais de socialização, permitindo ao homem adquirir a noção do espírito de corpo, a partir da fidelidade de um casal e a união de suas crias. É possível que estivéssemos nesse estágio há sete mil anos atrás, quando deparamos com o Adão e Eva sendo tomados pelo Altíssimo para que se desse início ao período de “Revelação” no qual nos encontramos até os dias de hoje.
Tomando o conceito de Thompson:
Depois destes quase sete mil anos de evolução ideológica deparamos com Thompson, nosso contemporâneo, {Ideologia e Cultura Moderna – Petrópolis – Vozes – 2007} que depois de muitas reflexões, finalmente ofereceu a seguinte formulação crítica: "ideologia são as maneiras como o sentido serve para estabelecer e sustentar relações de dominação". Analisemos esta formulação proposta por Thompson e vejamos os seus significados:
o Sentido: diz respeito a fenômenos simbólicos, que mobilizam a cognição, como uma imagem, um texto, uma música, um filme, uma narrativa; ao contrário de fenômenos materiais, que mobilizam recursos físicos, como a violência, a agressão, a guerra;
o Serve para: querendo significar que fenômenos ideológicos são fenômenos simbólicos significativos desde que (somente enquanto) eles sirvam para estabelecer e sustentar relações de dominação;
o Estabelecer: querendo significar que o sentido pode criar ativamente e instituir relações de dominação;
o Sustentar: querendo significar que o sentido pode servir para manter e reproduzir relações de dominação por meio de um contínuo processo de produção e recepção de formas simbólicas;
o Dominação: fenômeno que ocorre quando relações estabelecidas de poder são sistematicamente assimétricas, isto é, quando grupos particulares de agentes possuem poder de uma maneira permanente, e em grau significativo, permanecendo inacessível a outros agentes.
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Vislumbres de Um Criador:
Apesar de todos os esforços dos pesquisadores e elaborações dos filósofos, teólogos e pensadores, o que temos de conhecimento sobre o Criador não passa de vislumbres que nos permite fazer algumas afirmações cautelosas a seu respeito. Vejamos este texto que faz parte do meu acervo, de um autor desconhecido:
“O elefante é o único animal cujas pernas dianteiras se dobram para frente. Por quê? Porque de outra forma seria difícil para esse animal levantar-se, por causa do seu peso.

Por que os cavalos, para se erguerem, usam as patas dianteiras, e as vacas, as traseiras? Quem orienta esses animais para que ajam dessa maneira? Deus. Esse mesmo Deus que coloca um punhado de argila no coração da terra, e, através da ação do fogo transforma-a em formosa ametista de alto valor. Esse mesmo Deus que coloca certa quantidade de carvão nas entranhas do solo, e, mediante a combinação de fogo e a pressão dos montes e das rochas, transforma esse carvão em resplandecente diamante, que vai fulgurar na coroa dos reis ou no diadema dos poderosos!

Por que o canário nasce aos 14 dias, a galinha aos 21, os patos e gansos aos 28, o ganso silvestre aos 35 e os papagaios e avestruzes aos 42 dias? Por que a diferença entre um período e outro é sempre de sete dias?

Porque o Criador sabe como deve regular a natureza e jamais comete engano. Ele determinou que as ondas do mar se quebrassem na praia à razão de 26 por minuto, tanto na calma com na tormenta. Aquele que nos criou pode também nos dirigir. Somente aquele que fez o cérebro e o coração pode guiá-los com êxito para um alvo útil.

A insondável sabedoria divina revela-se ainda nas coisas que poucos notam: A melancia tem número par de franjas. A laranja possui número par de gomos. A espiga de milho tem número par de fileiras de grãos. O cacho de bananas tem, na última fila, número par de bananas, e cada fila de bananas tem uma a menos que a anterior. Desse modo, se uma fileira tem número par, a seguinte terá número ímpar.

A ciência moderna descobriu que todos os grãos das espigas são em número par, e é admirável que Jesus, ao se referir aos grãos, tenha mencionado exatamente números pares: 30, 60, e 100. (1) Pela sua maravilhosa sabedoria e graça, é assim que o Senhor determina à vida que cumpra os propósitos e os planos dele. Somente a vida sob o cuidado divino está a salvo de contratempos.

Outro mistério que a ciência ainda não descobriu: Enormes árvores, pesando milhares de quilos, apoiadas em apenas poucos centímetros de raízes. Ninguém até agora conseguiu descobrir esse princípio de sustentação a fim de aplicá-lo em edifícios e pontes.

Mas há maravilha ainda maior. O Criador toma o oxigênio e o hidrogênio, ambos sem cheiro, sem sabor e sem cor, e os combina com o carvão, que é insolúvel, negro e sem gosto. O resultado porém, é o alvo e doce açúcar.” (Autor desconhecido).

Com isto concluímos a primeira parte de nossas reflexões: fase especulativa e de fundamentação. No próximo texto faremos uma revisão geral, para dar início a segunda fase, quando refletiremos sobre o que chamamos de período histórico da humanidade, analisando assim aspectos mais concretos da filosofia, o que nos permitirá a dar início a algumas abordagens das questões religiosas, éticas e sobre o exercício do poder (Liderança). Até lá, (P/AViS-13/10/2009).

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