terça-feira, 11 de maio de 2010

28- Futuro da Religião

Introdução.

“Se Charles Darwin fosse um homem temente a Deus, a história da teoria darwinista teria sido muito diferente. O conflito que dura mais de cento e cinquenta anos entre a razão e a falta de uma retórica cristã e ética nunca teria existido se o seu autor a apresentasse com a intenção de revelar a sabedoria do criador.” (P/AViS-Primavera de 2001).

“Meu Deus é você, e minha religião é o amor” - Resposta de Teresa de Calcutá ao ser indagada por um paciente portador de chagas pelo corpo, que ela fraternalmente beijou: “Qual a sua Religião?”

“O processo do Conhecimento de Deus: Pela inteligência conhecemos os objetos através de sua passagem pelos sentidos; formamos a ideia das coisas, abstraindo a forma que nos é introduzida na inteligência. Para o conhecimento de pessoa, este processo é insuficiente, pois pessoa não é objeto de laboratórios; ela só será conhecida, caso se revele. A abertura através do diálogo é fundamental para o conhecimento interpessoal. Isto se realiza progressivamente, ao longo da história da pessoa. Ora, com relação a Deus, pela nossa inteligência, quando muito podemos perceber a necessidade de sua existência e alguns atributos bastante abstratos. Precisamos de sua revelação ou manifestação para saber de fato quem Ele é. Justamente aqui entra o papel das religiões; estas propõem vindas ou encarnações de Deus no mundo, geralmente contidas em escritos sagrados, como o judaísmo, induismo, cristianismo, islamismo, etc.” (P/AViS/Primavera/1968).

“Sobre a Igreja do Futuro”: O que penso e escrevo hoje é que todos estes sistemas estão em plena decadência e que os seus seguidores e principalmente a liderança mundial não tomou consciência ainda do novo mundo que está nascendo para o terceiro milênio, a partir da década de oitenta principalmente, cujo marco histórico no futuro, salvo melhor juiz, deverá ser a queda do muro de Berlim. Acredito que a globalização nos levará a uma ética mundial que permitirá a convivência respeitosa e até solidária entre todos estes pensamentos.
Contudo acredito na sobrevivência do que denomino de “Plano Salvífico” ou seja a “UNICIDADE E A UNIVERSALIDADE DO MISTÉRIO DA OBRA EXPIATÓRIA DE CRISTO NA CRUZ DO CALVÁRIO” como dado perene da sobrevivência da igreja como sinal da “verdade libertadora” de Jesus Cristo visto e aceito como Filho de Deus, Senhor e único salvador, que no evento da encarnação, morte e ressurreição realizou a história da salvação, a qual tem n’Ele a sua plenitude e o seu centro.
“Crer nisso me traz muita paz e segurança para acreditar no futuro do homem, alvo primeiro de toda a preocupação do “Deus Altíssimo”, revelada em Jesus Cristo que deu garantia de que as portas do inferno não prevalecerão contra a sua IGREJA.” (Parte conclusiva de um texto escrito por mim para um seminário sobre ecumenismo realizado em 1973, na Escola de Freiras em Itajubá – MG, tendo como fonte de consulta o livro “Uma Igreja Para o Mundo – Traduzido do alemão por Silvino Arnhold – Edições Loyola - 1968”.).


Cada um no seu tanque.

Eu tenho usado esta expressão diversas vezes sem nunca explicitá-la. Com ela eu me refiro sempre a uma possibilidade futura de convivência dos homens não só na religião, mas em todos os segmentos. No entanto, a ideia surgiu de uma experiência religiosa que quero relatar nesta oportunidade.

Nota: Faço a transcrição “ipsis-item” do meu livro de Notas e Reflexões nº 3 de 30 de novembro de 1992, registro este feito ainda sob o calor da experiência.

“III- Encontro de Aconselhamento e Cura Interior. – Era 17 de setembro de 1992, quinta feira, eu estudava com a Igreja o tema “Nova Era”. Este tema vinha me preocupando já há uns dois anos e só agora eu decidira estudá-lo dentro da Igreja. Foi neste dia que eu recebi o convite para participar do III Encontro de Aconselhamento e Cura Interior.

Na primeira capa ele trazia o versículo ‘... e nos deu o ministério da reconciliação.’ (II Cor 5.18). O Tema Geral proposto era: O Ministério do Amor na Igreja.

Nestes últimos dois anos enquanto venho estudando o tema “Nova Era”, cresce no meu coração a consciência da necessidade de um Ministério de Amor dentro da Igreja, pois não existe melhor antídoto contra a ação satânica que o amor cristão. Esta preocupação que já me acompanha desde a minha experiência do “Banho de Amor” em 31/12/59, me levou a iniciar em 1988, em Juiz de Fora o “Projeto Amor” que atualmente tem três segmentos: a) Metodistas unidos servem ao Senhor; b) Indo às nossas raízes; e c) Cristo, Verdade que Liberta.

Foi partindo de tudo isto que ao receber o já citado convite, pensei que, possivelmente Deus estava atuando. A inscrição parecia um pouco pesada, mas fiz um bom negócio e ganhei um dinheiro extra que cobria o seu valor. Senti a confirmação de Deus e fiz a inscrição sem vacilar.

NOTAS INICIAIS

O encontro foi muito bom. O Seminário que mais me interessava era: “Como iniciar Grupos de Crescimento Emocional”. Fiz exatamente este seminário, apesar da parte teórica não acrescentar muita coisa, houve um momento prático que foi de grande importância. Neste momento, em um pequeno grupo, coloquei o problema da pressão que venho sofrendo por parte de alguns irmãos da Igreja Local. Os componentes do grupo fizeram diversas colocações que pouco acrescentou. Mas no momento da oração, o Senhor colocou em meu coração que me colocasse de joelho para orar. Nesta hora os irmãos fizeram imposição de mãos e senti um grande consolo seguido de poder e alegria que muito me fortaleceu para dar continuidade ao trabalho que desenvolvo em minha igreja. Pude sentir a importância de ser humilde diante de Deus e dos irmãos. No momento do louvor um irmão, cujo nome não registrei e por isto não me lembro, disse que alguém em Brasília teria dito que os crentes vivem como patinhos presos em diversos cercados e que o Senhor precisa enviar a água do Espírito Santo para unir estes cercados e os patinhos poderem nadar livremente. Isto me passou ligeiramente e logo esqueci. O fato de estar fazendo este registro é justamente para relatar o que segue.

A VOLTA

Quando viajava para São Paulo, tendo ao meu lado o irmão Pastor Roberto Alves de Souza, de Londrina – PR e sua esposa, tive a visão que passo a relatar, quando tirava um breve cochilo.

Encontrava-me como se estivesse suspenso no ar e via abaixo três tanques unidos, onde nadavam alguns patinhos. Além desses três tanques, outros tanques de tamanhos e formas irregulares podiam ser vistos. Esses tanques estavam protegidos por um muro que os rodeava. Em todos os tanques havia patinhos que nadavam.

Pude observar que alguns deles tentavam sair dos tanques e que, de vez em quando um patinho conseguia saltar para um outro tanque ou às vezes, caia em local seco.

Senti a presença de um anjo que me observava. Perguntei ao Anjo: o que significa isso? Observei então que os patinhos tinham suas penas amareladas e alguns estavam até feridos. Exclamei preocupado novamente: o que significa isso? Então o Anjo me falou: olha para cima. Olhei e vi que uma grande nuvem se formava acima dos tanques.

Em seguida pude ver uma sequência de clarões como se fossem relâmpagos, porém não havia trovões. Uma chuva muito forte começou a cair e os tanques e os lugares secos foram enchendo-se de águas de tal forma que as águas ficaram acima de todos os tanques.

Cessada a chuva, verifiquei que os patinhos nadavam livremente sobre as águas. Pareciam muito felizes. O Anjo tocava uma campainha e eles saiam de suas regiões e se misturavam como se fosse uma festa. Cruzavam seus pescoços com expressão de profundo afeto. O Anjo tocava novamente a campainha e eles voltavam às, suas regiões. Isto aconteceu diversas vezes.

Eu fiquei estático, porém sentia uma profunda satisfação. O Anjo tocou uma vez mais sua campainha, fazendo com que eu saísse daquele torpor, quando verifiquei que tudo estava como antes. Os patinhos que haviam se tornado curados e branquinhos voltaram a ficar amarelados e feridos.

Então perguntei ao Anjo: quanto a mim, como será? Eu mesmo não entendia bem o sentido da minha pergunta. Então o Anjo respondeu-me: quanto a você, segue o seu caminho e descansa no Senhor.

Nessa hora muita gente gritava: acorda... acorda... e eu acordei com uma sensação de quem estava chegando de uma longa viagem.

Ao meu lado estava uma jovem que lia o livro “A Arca de Noé” de Trigueirinho, um discípulo da “Nova Era” que tem me preocupado. Do outro lado, estavam o Pastor Roberto e sua esposa. Por algum momento, pensei em contar para ele essa visão, porém, decidi apanhar o endereço dele para escrever depois.”
(Nota: Não me lembro se escrevi ou não ao Pastor Roberto, mas como eu já tinha uma orientação espiritual para só divulgar certas escritas a partir de 2010, inclui também este texto que só agora estou divulgando).

Uma Breve interpretação.

Essa experiência foi objeto de diversas reflexões que fiz diante de Deus, principalmente durante a década de noventa. Na realidade, até hoje ainda, medito sobre ela e sempre descubro alguma coisa nova.

Na primavera de 2003, refleti procurando ligá-la à ideia de uma nova Igreja para o mundo e agora eu acho que essa interpretação entra muito bem aqui.

“Uma nova Igreja para o mundo nunca será uma “Igreja Única”. Ela será uma Igreja movida pelo Espírito Santo e não pela vontade do homem ou de qualquer liderança. Ela prosperará dentro da liberdade que virá pelo conhecimento da verdade: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Movida pelo “AMOR” que vem de Deus ela garantirá a todos os homens uma plena liberdade para adorar ou não adorar a Deus. Ela promoverá a paz e buscará uma convivência amorosa, respeitosa, harmoniosa e solidária entre todos, independente de raça, credo ou condições sociais. Será a maior promotora da Igualdade, da Fraternidade e da liberdade em nosso planeta. Estará preocupada em promover a felicidade das nações e de todos os povos num clima de liberdade, permitindo que cada um viva dentro do seu próprio tanque, isto é, viva segundo suas tradições e os ditames da consciência de cada um. Ela estará livre de dogmas e conviverá muito bem com a ciência, a política e a educação do povo. Será uma religião livre de templos e sedes suntuosas, uma organização simples voltada para atender ao povo em suas necessidades, estimulando aos homens de bons costumes a assumir os principais cargos de mando e decisões do estado, evitando que homens desregrado o façam antes. Promoverá o conhecimento das tradições religiosas através das escolas e trabalho especial de discipulado, mais será uma Igreja de um pequeno livro como regra de fé e prática eclesial e espiritual. A riqueza dessa igreja não será ouro e nem prata, mas a qualidade daqueles que a defendem e que são capazes de conhecerem todos os tanques e promoverem uma ação em que o Espírito Santo possa cumprir a sua missão de “Consolador e Ensinador da Verdade que Liberta”. ‘Que a graça e a paz do Deus que “CHAMA”, “CURA”, “CAPACITA”, “ENVIA” e “SUSTENTA” seja convosco e com todo o povo que confessa que Jesus é Senhor, hoje e para todo o sempre. Amém’”. (P/AViS/Primavera/2003).

Conclusão:

O ecumenismo foi um grande passo dado na década de sessenta. Mas como sempre acontece com qualquer movimento, ele foi se desgastando e atualmente já não consegue reunir forças para moldar uma igreja para o futuro.

A religiosidade cada vez se torna mais autônoma e sente a necessidade de diferenciação mais individualizada. O mesmo se dá na política. Elas estão cada vez mais preocupadas consigo mesmas e não voltadas para as verdadeiras necessidades do povo. O mesmo fenômeno ocorre com a política institucionalizada e com as centenas de ONGS que se proliferam a pretexto de atender as carências de grupos excluídos, mas que na realidade são usadas para lavagem de dinheiro público que são doados pelo estado.

Na Europa, a percentagem de pessoas que se declaram religiosas vem caindo assustadoramente. Nem o Papa escapa das miras dos niilistas que cada vez cobram mais da Igreja e fecham o cerco em torno das pessoas e instituições que se dizem representantes de Deus aqui na terra. Isso tem ajudado na purificação da Igreja, permitindo assim uma profilaxia tão necessária que a própria Igreja devia providenciar, mas que durante muitos séculos não o tem feito. Jesus alertou: “Se vocês se calarem, as pedras clamarão”.

As pessoas manifestam diversas necessidades de salvação a que correspondem diferentes necessidades espirituais implicando diferentes espiritualidades e diferentes práticas. A igreja como instituição (igrejas tradicionais ou históricas) não tem atentado para isto. Os protestantes que surgiram como contestadores do estado atual da igreja majoritária (na época a Igreja Católica Romana, principalmente) e da sociedade que espoliava o povo, hoje perdeu sua identidade e não se entendem mais. Tornaram-se protestantes entre eles mesmos, cada um mais preocupado com a sua arrecadação e o controle do poder. Criou-se o mercado eclesial. Carecem do Cristo de chicote na mão para promover uma nova purificação no Templo.

O acesso ao religioso pode dar-se de forma cognitiva ou experimental. Nas espiritualidades mais que o ato cognitivo religioso predomina o dado experimental, a experiência religiosa, com caráter específico pessoal. No mundo atual, conhecem-se várias espiritualidades: salesiana, jesuíta, dominicana, franciscana, beneditina, evangelical, pentecostal e outras. Elas, porém, andam ligadas geralmente a ordens e congregações com um público reduzido. As igrejas tradicionais, duma maneira geral, não estão preparadas para responder a muitas das necessidades espirituais mais individualizadas das pessoas. As novas igrejas ou movimentos estão em fase de experiência e procuram inovar as liturgias, surgindo com isso os cultos shows e os superestar da missão com teologias que procuram dar ao povo aquilo que ele quer sem se preocupar em dar aquilo que ele precisa. Importa mais a quantidade do que a qualidade.

Acreditamos que o Criador, através do seu Espírito Santo, está cuidando disso tudo e que vivemos apenas um tempo de forjamento da igreja do Futuro. No último capítulo desta série voltaremos a tratar deste assunto. Até lá. (P/AViS-11/05/2010)

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