terça-feira, 20 de abril de 2010

25- Futuro da Ética.


Introdução.

A ética, no futuro, não virá mais impulsionada pela religião ou pela moral, mas pelas questões de sobrevivência e autopreservação. Tomamos consciência de que precisamos uns dos outros, como náufragos em um mesmo barco e que a credibilidade de nossas ações está passando o tempo todo por uma avaliação de nós mesmos, em relação ao outro que nos observa e influencia nossas vidas, como influenciamos a dele (Big Brother). Teremos então, a ética da sobrevivência que vindo pela via de um compromisso com o individuo trará reflexos positivos na coletividade, transformando o ser humano de individualista em comunitário. Isto tentará superar a desgraça de um eu centrado em si, por um eu em união com o outro tentando organizar melhor o que é de todos.

Quando falamos em futuro da ética, é bom lembrar que no início destas considerações iniciais falamos da situação atual e dissemos: “Somos de opinião que viver dentro da sociedade atual é ao mesmo tempo desconcertante e desafiador.”

A ideia de ser desconcertante e desafiador nos leva, de imediato, a pensar em um estado de crise. A crise vai tomando corpo ao passo em que o mundo vai se encolhendo através dos meios de comunicação. A falta de espaço gera maiores atritos e, em conseqüência, os conflitos vão se tornando cada vez mais graves.

Como já vimos, a inteligência exige cada vez mais conhecimento e o conhecimento gera poder e o exercício do poder exige maior preparação daquele que exerce a autoridade ou a liderança. Assim, a atuação da ética vai tomando maior vulto em todas as áreas da atividade humana.

Ao passo que o homem adquire mais conhecimento, cresce também o seu desejo de liberdade. A vivência em liberdade exige maior racionalidade ou inteligência prática, uma vez que é impossível prever e normatizar todos os fatos novos que a vida, a ciência e a tecnologia propiciam. Nessas condições, impulsionados pelo sentimento de liberdade acabamos ocupando mais espaço e o planeta vai se tornando cada vez mais reduzido para o homem. Estas novas ocupações de espaço fazem com que a vida vá se tornando também mais competitiva e assim os princípios éticos se tornam mais preciosos.

Uma Ética Mundial.

Estas colocações nos levam a pensar que no futuro a ética deverá ganhar uma grande importância para a humanidade. Pois ela deverá contribuir para minimizar atritos que vão surgindo em todas as áreas da atividade humana.

Sabemos que a ideia de uma ética mundial está ganhando espaço entre alguns intelectuais, filósofos, teólogos e pensadores. Tudo indica que no futuro a humanidade deverá obedecer a regras mundiais como se vivesse num jogo de futebol.

Quando pensei nessas coisas pela primeira vez, lá pelos anos 60, elas me pareciam tão absurdas que eu não tinha nem coragem de dizê-las aos meus amigos e ouvintes. Hoje, no entanto, a nova geração de filósofos e teólogos fala disso abertamente e até dão entrevistas e fazem conferências sobre o assunto. Também as pessoas ouvem com naturalidade e as contestações são muito raras e sem expressão.

Para mim o projeto está ficando cada vez mais claro. Penso que ele deverá ser baseado em três princípios básicos, cinco mandamentos e doze regras gerais.

Primeiro: Os três princípios básicos de uma ética mundial serão:

a) Não fazer ao próximo o que você não quer que faça a você mesmo. Este é um princípio muito antigo, ditado por Confúcio e repetido por Jesus Cristo.

b) O relacionamento humano deve ter como base; a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Esta é a base dos direitos humanos aprovados pela ONU em 20 de junho de 1945.

c) Há de se estabelecer e respeitar os direitos internacionais dos animais e da natureza. É preciso convencer a humanidade da superioridade dos animais e da natureza, uma vez que eles sobreviverão sem o homem ao passo que o homem não poderá viver sem eles.

Segundo: Os cinco mandamentos de uma ética mundial serão:

a) Não matar. Mas aí cabe uma interpretação mais ampla, não se deve torturar ou infligir dor ao outro.

b) Não mentir, que inclui não enganar e não levantar falso testemunho, mas agir sempre de maneira veraz.

c) Não roubar, não cometer corrupção, não falsificar, mas agir de maneira honesta.

d) Não abusar da sexualidade, há que manter o respeito mútuo. Homem e mulher têm direito à igualdade.

e) Não contestar e nem insinuar dúvidas quanto aos princípios básicos da ética mundial. Eles deverão ser considerados como o tripé de sustentabilidade da ética e como tais aceitos como um dogma sagrado.

Terceiro: As doze regras gerais para uma ética mundial:

Primeira Regra: Os critérios de reconhecimento de um estado independente serão aprovados por um órgão internacional (a ONU é um bom modelo a ser seguido para o reconhecimento de um órgão internacional supremo - OIS).

Segunda Regra: Nenhum estado independente terá o direito de se declarar em estado de beligerância contra outro estado independente. Todas as questões serão decididas no OIS.

Terceira Regra: Toda a estrutura mundial se organizará em três Câmaras: Câmara Executiva: Câmara Legislativa e Câmara Judicial.

Quarta Regra: Os estados independentes serão divididos em três níveis geográficos: Nível Nacional, Nível Regional (Estados) e Nível Local (Municípios).

Quinta Regra: Todo cidadão tem direito ao emprego, cabendo ao estado prover de meios para que nenhum cidadão fique ocioso, mesmo os prisioneiros em geral que deverão produzir para o seu sustento e de sua família.

Sexta Regra: Nenhum estado independente poderá adotar a pena de morte. Quando a Justiça concluir pela incompatibilidade de um cidadão, poderá ser aplicada a pena de “ostracismo” com o isolamento total do indivíduo de seu “habitat” natural.

Sétima Regra: Ninguém será obrigado a prestar culto a qualquer Deus ou credo religioso. A liberdade de consciência e expressão será garantida a todo cidadão desde que o faça dentro das regras do respeito e da tolerância e que não ponha em risco a paz e a tranquilidade dos demais e nem ameace a segurança do estado. Cada um responderá diante da justiça pelo que afirmar ou praticar, não havendo imunidade para nenhum cidadão. Realmente todos serão iguais diante da lei.

Oitava Regra: O cidadão poderá se unir em Associações filantrópicas, religiosas, recreativas, culturais e outras, porém fica vedado ao estado investir nestas associações, devendo elas serem mantidas pelos próprios associados e prestar relatórios periódicos aos órgãos de defesa dos direitos humanos.

Nona Regra: Toda a estrutura do estado, em todos os níveis deverá primar pela transparência, simplicidade e eficiência. As arrecadações a favor do estado serão sempre em função de produção, ficando impedido qualquer tributo sob as importâncias distribuídas aos cidadãos em consequência de serviço prestado, quer privado ou público.

Décima Regra: Não haverá exploração comercial nos atendimentos da educação, da saúde e da segurança. Estas atividades serão de exclusiva competência do estado que garantirá aos cidadãos o atendimento gracioso.

Décima Primeira Regra: A moeda será unificada e os salários serão controlados de tal forma que o maior salário não passará de quinze vezes o valor do menor salário.

Décima Segunda Regra: Não poderá haver impunidade para a quebra destes princípios, mandamentos e regras gerais. A Lei deverá ser rigorosa e a justiça ágil em fazer cumprir as normas punitivas. Não se admitirá Juízes inexperientes. O cidadão para exercer a função de Juiz terá que passar por um bom período probatório de defensor das Leis de defesa do cidadão, dos animais e da natureza e só depois de aprovado nas teorias da filosofia e do direito; deverá ser eleito por um Conselho de Juízes do nível de um Supremo.(Leia 21 teses sobre os fundamentos de uma Ética Mundial do autor Monografia – 1986).

Claro que isso tudo depende de um longo processo educacional, que deve começar cedo, com as crianças na escola. Eu sei que a maioria considera uma insanidade, tais propostas, mas estou convencido de que o Criador nos colocou no universo para dominá-lo e transformá-lo no paraíso que está dentro de todos nós. Pode não ser este o melhor modelo, estas as melhores regras, mas que já é tempo de levantar esta discussão, não resta a menor dúvida, pois se assim não o fizermos o Criador com todos os seus anjos e arcanjo levantará e nos imporá uma solução através da dor e da tragédia. Lembrai-vos dos tempos de Noé. (Gênesis Capítulo 6).

Conclusão:

“Uma ética mundial conseguiria conciliar as diversas expressões religiosas e ideológicas, criando possibilidades para o surgimento de uma moral em que todos viveriam em solidariedade e respeito mútuo, permanecendo cada um fiel a seu pequeno tanque?”

O pensamento niilista nos desafia a rever, conceitos e princípios milenares a fim de que possamos nos preparar para o ingresso em uma nova ordem mundial neste terceiro milênio. O ingresso nessa nova ordem só terá sentido e contribuirá para a evolução da humanidade se for conseguida por meios éticos, pacíficos e solidários. Daí a importância de refletir sobre os princípios éticos que têm conduzido o homem em seus diversos relacionamentos

A partir deste conceito vamos considerar o seguinte:

O homem não é só instinto. O homem é também pulsão. Talvez seja o único ser vivo animado sujeito a erro. Não é meu papel aqui questionar o porquê, mas por isto mesmo o psíquico humano precisa de toda uma estrutura e uma série de complexidade para se ordenar. O que rege a ordem psíquica é a LEI do PAI, razão desse salto singular do homem, da natureza para a cultura. Portanto, qualquer agrupamento social, por mais simples que seja, exige regras, normas de conduta, LEIS. Precisamos sair do lugar onipotente, de pensar que somos grandes porque temos leis. Temos leis porque somos menores.

Assim, cada cultura, em cada tempo, motivada pelo seu instinto natural e comum a todos os humanos institui suas leis escritas, formando seu ORDENAMENTO JURÍDICO. Nesta ordem jurídica está o Direito. Direito à vida, à morte. O Direito e o Errado. Em cada cultura o Direito é normatizado de acordo com a sua ÉTICA. O Direito não é aquilo que É, mas aquilo que deve ser.

Eu penso que o processo da globalização não tem como ser revertido, mas pode sim, ser mudado. Acredito na mudança da consciência. Um exemplo concreto é que, há alguns anos, não se falava em combater o fumo, prática comum em todos os lugares, inclusive em aviões. Hoje, já não é assim. Então, entendo que há como direcionar a globalização, mesmo que seja um processo lento. Começa com poucas pessoas, depois a ideia se difunde entre cientistas, repercute entre educadores, cresce mais e mobiliza políticos. Depois acontecem as transformações na esfera legal, concretizando a visão que, inicialmente, era de poucos. Segundo algumas informações recentes, o projeto da ética mundial já está em discussão na Alemanha, Suíça e na Áustria. Cabe a cada um de nós irmos lançando a nossa luz por menor que pareça. Cristo disse que o Reino dos Céus é como uma pequena semente, que se lançada em boa terra, germina, cresce e dá muitos frutos. Por isso, se desejamos contribuir para o bem da humanidade não podemos nos esmorecer e, principalmente se estamos comprometidos com o Cristo, pois ele não desistiu, foi fiel a sua missão até a morte de cruz, a mais humilhante de todas as mortes. Que Deus nos ilumine e nos revele caminhos para que a humanidade possa encontrar com o seu destino em breve e assim o Cristo voltará em glória como prometeu. (P/AViS-20/04/2010).

Um comentário:

  1. Parabéns pelo seu blog, irmão Alfredopam
    Estou seguindo. visite o meu blog, e se quiser seguir também, fique à vontade.
    Deus é conosco!

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