terça-feira, 1 de setembro de 2009

03- Os Pais do Niilismo.

Não estamos escrevendo para nenhum grupo em especial. A nossa intenção é colocar em discussão um assunto que pode parecer próprio dos acadêmicos, em condições de ser discutido pelo povo em geral. Assim, religiosos, estudantes, livres pensadores, buscadores da verdade em qualquer comunidade poderão encontrar abordagens que venham a interessar.

Para alguns autores o niilismo é a negação e a morte da verdade absoluta, a carência de resposta aos “porquês da vida. Os valores tradicionais se tornam como roupas que envelheceram pelo uso prolongado "princípios e critérios absolutos dissolvem-se". Tudo é posto radicalmente em discussão. As verdades e os valores tradicionais estão superados e os caminhos antes confiáveis se tornam como armadilhas prontas para caçar os incautos que insistem em trilhar pelas sendas dos antepassados, que já não oferecem segurança e nem ancoradouro aos transeuntes.

Podemos entender o niilismo como um estado de espírito alcançado pelo indivíduo ou por uma comunidade. Chegamos a este estado pelos desgastes dos valores vivenciados que podem ocorrer pelo mero uso, pelo desejo do novo ou pela corrupção dos costumes. Nestes momentos surgem os profetas, filósofos, revoltados e contestadores que passam a questionar os fundamentos daqueles princípios considerados como verdade. Estes podem ser considerados como os pais do niilismo, objeto de nossas considerações. O início de nossa era é marcado por duas figuras profundamente niilistas: Jesus Cristo e Barabás.

O niilismo pode ser considerado "um movimento positivo”, quando pela crítica e pelo desmascaramento nos revela a fragilidade de cada fundamento, verdade, critério absoluto e universal e, portanto, convoca-nos diante da nossa própria liberdade e responsabilidade, agora não mais garantidas, nem sufocadas ou controladas por nada". No entanto pode também ser considerado como "um movimento negativo”, quando nesta dinâmica prevalecem os traços destruidores e iconoclastas daqueles que só sabem negar, mas que são incapazes de fazerem novas propostas para superar os impasses produzidos pelas incertezas destes momentos.

Se recorrermos aos registros religiosos, principalmente judaicos, islamitas e cristãos vamos descobrir que o primeiro contestador foi Satanás, que revoltado tentou ser igual a Deus. É interessante que estas tradições ou lendas como entendem alguns mostram que mesmo após a condenação de Lúcifer (que é tratado como satanás, o opositor) o seu relacionamento com Deus se dá em diversos momentos. Assim é que encontramos os dois negociando o destino de Jó e Jesus discutindo com Satanás no deserto durante seu jejum iniciático para dar início ao seu ministério. Encontramos ainda nos ensinos de Jesus a afirmação de que o trigo e o joio precisam crescer juntos. Em outras religiões encontramos os princípios da sobrevivência conveniente, necessária e obrigatória do “bem” e do “mal” (Yin-Yang na filosofia chinesa).

Ao repassar a história do pensamento vamos encontrar muitos pais do niilismo. No entanto os estudiosos entendem e, parece que há um consenso, de que modernamente Friedrich Nietzsche (1844-1900) é considerado o pai do niilismo moderno. Assim no próximo texto estaremos analisando e tentando interpretar a afirmação: “DEUS ESTÁ MORTO”. Até lá. (P/AViS-01/09/2009-3ª feira

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