terça-feira, 22 de setembro de 2009

06- Quem é o Homem?

“O homem precisa de liberdade para se educar e precisa se educar para preservar a liberdade.” (P/AViS-06/06/1962).

Introdução.
O Homem é um Ser Pensante e Cognoscitivo. René Descartes (1596-1650), considerado o Pai da Filosofia Moderna, após escrever a sua célebre frase “eu penso, logo existo” (Discurso do Método, São Paulo – Abril-Cultural – Os Pensadores, 15 – l973, IV, p.54), conclui que ele, como homem, era “uma substância cuja essência ou natureza consiste apenas em pensar (...)” (Ibidem., p.55). Baixe Pascal (1623-1662), adversário da Filosofia de Descartes, também admitia o pensamento como algo essencial ao homem dizendo: “O homem não passa de um caniço, o mais fraco da natureza, mas é um caniço pensante (...). Toda a nossa dignidade consiste, pois, no pensamento (...). Trabalhemos, pois, para bem pensar: eis o princípio da moral.” (Pensamentos, op. Cit. VI. 347, PP. 127-128.). O homem, sem dúvida, foi feito para pensar e é a partir disto que ele se fez diferente dos outros animais.
A Força do Pensamento.
O pensamento possui um grande poder sobre o nosso comportamento depois de instalado. Ele é como um “vírus”, frágil antes de encontrar as condições favoráveis para o seu desenvolvimento, porém possui um poder surpreendente de propagação depois de fixado no organismo. Assim, o pensamento firmado em nossa mente é capaz de nos moldar e fazer de nós um santo ou um bandido usando o mesmo material, isto é, a mesma base moral de formação familiar e educacional pode com facilidade produzir duas pessoas adversas.
Jesus Cristo mostrou ao povo que os homens, por mais simples que sejam, sabem pensar e raciocinar, e isto era evidente na interpretação das condições climáticas. Todavia, Ele os recrimina por estarem usando desta capacidade para discernir o que era justo no que se referia ao próprio Cristo (Lc 12.54-57). Jesus dá a entender que, nesta questão, eles eram apenas conduzidos pelos seus interesses circunstanciais. “Não julgavam por si mesmos porque não estavam realmente interessados em verificar com quem estava a razão (...) Não utilizar a própria razão para verificar onde está a verdade acarreta ao homem o juízo de Deus.” (B. Ribeiro, Terra da Promessa, São Paulo, O Semeador, 1988, p. 54.)
A noção da existência de Deus gera no homem um senso de responsabilidade diante da vida e principalmente do próximo. O desenvolvimento do niilismo vem gerando uma mudança radical no comportamento humano.

O Poder da Fé.
Com todo o conhecimento que homem tem adquirido nestes últimos séculos, ele ainda não conseguiu se conhecer para resolver seus problemas. Ele explica o micro e macrocosmo, viaja pelo espaço, visita planetas, conhece as partículas microscópicas das moléculas, das bactérias e vírus, mas não consegue resolver os grandes problemas que afligem o seu relacionamento com os semelhantes e nem com a natureza. As guerras são cada vez mais cruentas, os rios e a atmosfera são poluídos, colocando em risco a possibilidade de sobrevivência do homem na terra, mas, contudo isto, ele continua na sua vaidade e no seu egoísmo, buscando o domínio sobre tudo e sobre todos a qualquer custo. A violência toma novas formas e a sociedade se torna refém da sua própria ganância e desejo de acumular riquezas em detrimentos de muitos que vivem excluídos e carentes até mesmo do mínimo para a sua sobrevivência. A corrupção campeia nos meios políticos e serviços públicos numa verdadeira geléia putrefata e nojenta que os homens de bem já não sabem mais como conviver. Por outro lado cresce a omissão daqueles que pela graça de Deus tem tendência para o bem. Alguns poucos homens tem coragem de se posicionar a favor da honestidade e da dignidade. Mas logo são marginalizados, perseguidos e até mortos. Este é um quadro bastante negro da sociedade atual, mas também bastante real.

Paulo destacou este conflito no homem dizendo o seguinte: “Porque o que faço não aprovo; pois o que quero fazer, isso não faço, mas o que me aborrece, isso faço.” (Rm 7. 15).
Para Aristóteles (384-322 AC), esta é a diferença entre o homem; uns só querem a verdade a seu favor e outros conseguem ver e perceber a verdade em cada momento diferente e em cada classe de coisas. Precisamos aprender a usar a nossa razão para avaliar o que aprendemos ou pensamos; a razão foi-nos dada por Deus para que a usemos de forma correta a fim de glorificá-lo através da compreensão e prática da verdade. A nossa fé, embora não possa ser totalmente reduzida à razão, precisa ter elementos de racionalidade; não é, também, simplesmente emotiva. A Igreja, ao proclamar o Evangelho, o faz a fim de que os homens ouçam e entendem o que está sendo pregado, e. desta forma, o homem seja convertido por obra do Espírito Santo.

Crer é também pensar e pensando adquirir conhecimento.

Com isto queremos dizer que o homem é um Ser pensante e que tem capacidade de adquirir conhecimento. Aristóteles (384-322 AC) percebeu isto, e disse: “Todos os homens têm, por natureza, desejo de conhecer.” (Metafísica l.1. In op. Cit. P. 211.) Esta é uma realidade que podemos constatar nas crianças, que fazem perguntas intermináveis que muitas vezes não conseguimos responder.

O pensamento niilista abraçado por muitos filósofos no século XIX, divulgado e praticado de muitas formas até aos nossos dias, se apresenta como uma contestação contra as mentiras convencionais da humanidade civilizada. Sua proposta é uma sinceridade absoluta e em nome desta sinceridade ele exige a renúncia de todas as superstições, preconceitos, hábitos e costumes que sua razão não possa explicar. Eles se negam a dobrar-se à qualquer tipo de autoridade a não ser daquela que ele entenda que seja a sua própria razão. Normalmente, eles não têm qualquer proposta de reconstrução social em mente, só sabem agir nos níveis de oposição. Se, conseguem chegar ao poder, perdem a visão de futuro e progresso, gerando mais corrupção e mais violência. Normalmente se ligam à ciência em busca de afirmação para as suas razões. Mas como não possuem a visão do subjetivo e da espiritualidade geram um clima de competição a qualquer custo e banalizam a vida, a paz e a segurança levando a sociedade a perder os valores da fé, da esperança, da solidariedade e em conseqüência a sociedade adoece e os índices de violência alcançam níveis de grande risco com a inversão de valores tais como a honestidade e o amor ao próximo afastando assim o homem de Deus, fazendo com que, realmente, Deus se torne apenas um cadáver a ser lembrado como relíquia histórica, peça de museu, um “Deus Morto”.

Conclusão.
Mas, felizmente Deus tem sobrevivido e onde mais estas ideias se desenvolveram gerando a repressão dos valores espirituais foi exatamente aí que Deus se revelou mais vivo entre o povo após a libertação desse jugo.

O pensador inglês, Thomas Hobbes (1588-1679), observou, em 1651, que os homens, por serem egoístas, estão sempre se destruindo, querem a pretexto de competição, de desconfiança, ou de glória. (Leviatã, São Paulo – Abril Cultural). Por isso, há uma guerra constante; que é de todos os homens contra todos os homens. A máxima: “se queres a paz, prepara-te para a guerra”, cada vez mais se torna real nas relações entre os homens e as nações.

O homem, pela sua própria natureza, busca a liberdade, mas se torna cada vez mais escravo de si mesmo e muitas vezes morrem de forma inglória se julgando mártir da luta pela liberdade.

O homem, como ser pensante, tem na sua natureza a convicção sensata de que a existência da criação exige a existência de um Criador.

No próximo texto estaremos tentando responder à pergunta: Quem é Deus?
P/AViS-22/09/2009.

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