quinta-feira, 10 de março de 2011

Breves Reflexões 036/100

36- Sobre a Espiritualidade (II/XII). (BR 68)

“Pelo contrário, que o amor faça com que vocês sirvam uns aos outros.”

(Gálatas 5-13b).

Gosto de pensar na espiritualidade enquanto uma relação das experiências adquiridas, do conhecimento e do saber com a vida prática. Em outras palavras, pensar na conexão do interior com o exterior. A espiritualidade nos desafia a sermos uma pessoa que evidencia esta conexão em todos os momentos da vida.

Não adianta estarmos buscando respostas para as nossas dúvidas. As nossas respostas estão dentro de nós. Quando crianças, precisamos da direção dos outros. Quando amadurecemos, confiamos em nossos corações (coração como símbolo de todas as emoções que emanam das nossas células, glândulas...), onde as leis universais foram escritas pelo Criador. Na realidade, sabemos muito mais do que ouvimos ou aprendemos. Tudo o que precisamos fazer é olhar, prestar atenção, confiar e aguardar o tempo certo, quando o mestre se revelará, pois Deus está dentro de nós. Entender a verdadeira sabedoria, não é uma questão de educação ou de qualquer tipo de aprendizagem, é muito mais uma questão de espiritualidade. Ninguém é capaz de transmitir ou transferir espiritualidade, pois as coisas espirituais são discernidas pelo próprio espírito (espírito do homem) que em contato com o Grande Espírito (o Espírito Santo que cobre todo o universo) vai pouco a pouco alcançando a luz da “Verdade que Liberta”.

No texto anterior falamos da importância do Carisma, agora vamos abordar as questões do Caráter e da Caridade.


Caráter


O ministério “carismático”, ou seja, aquele que tem o carisma dado pela Igreja é acompanhado por comportamentos e atitudes que evidenciam uma boa índole, um bom caráter, um conjunto de boas qualidades. Nas cartas pastorais (I e II Timóteo e Tito) o autor apostólico destaca várias qualidades que se referem ao comportamento ético e relacional dos líderes da comunidade de fé. Fala, portanto, de caráter e de integridade na vida pessoal, familiar e social.



Falar do carisma é o mesmo que falar da integridade da pessoa. O que confere valor e autoridade ao carisma recebido por ordenação e consagração é a integridade que a pessoa evidencia, em termos de comportamento ético, responsabilidade, transparência, honestidade, respeito e confiabilidade. Sem esta integridade, a pessoa que exerce um determinado ministério, mesmo que possua o carisma, não possuirá autoridade e legitimidade para suas ações ministeriais. Da mesma forma que na figura da espiritualidade há conexão do interior com o exterior, deve existir conexão entre o carisma dado pela Igreja e o caráter da pessoa que recebe o mandato (carisma). O carisma sem caráter não tem substância e qualidade.


Caridade


Poderia falar do amor, mas preferi a expressão caridade. Parece que o amor tem sido tema dos escritores bíblicos que ficou distante de nós, tema de músicas que são cantadas nas igrejas locais dominicalmente ou tema de poesia e romance. O amor como descrito pelas sagradas escrituras e que se refere ao ato de entregar-se pelos outros, perdoar, pedir perdão, restauração, etc, parece ser algo que ficou no passado. O amor se transformou meramente numa virtude de retórica quando deveria ser um fruto sempre presente na vida do cristão. Desta forma, a música que fala da volta ao primeiro amor, lembrando a carta dirigida à Igreja de Éfeso (Ap 2.4), tem razão: a Igreja precisa voltar ao primeiro amor e começar de novo suas boas obras na ótica do ágape.


Optei por falar da caridade, pois se não é possível amar como Cristo amou, que haja pelo menos caridade para com os mais fracos, caridade para com os diferentes, caridade para com os que pensam de forma diferenciada e que ela seja para integrar e incluir os que ficam marginalizados. Recordo-me das palavras do apóstolo Paulo dirigidas aos tessalonicenses, quando diz: “admoesteis os insubmissos, consoleis os desanimados, ampareis os fracos e sejas longânimos para com todos” (I Tessalonicenses 5-14). Estas palavras inspiram, de certa forma, atitudes de caridade.


Caridade pode ser complacência, benevolência ou compaixão e caridoso seria aquele que procura identificar-se com o amor de Deus. Se conseguirmos isto em nossas práticas ministeriais, já estaremos num bom caminho.



Conclusão:


Não dá para concluir. Esta reflexão apresenta inquietações, preocupações, desafios, provocações, questionamentos, convite para o diálogo e para o aprofundamento do tema do carisma. Está na hora da humanidade entender com profundidade o que significa a espiritualidade à luz dos ensinamentos bíblicos. O entendimento da própria palavra que vem de Deus depende de uma mudança radical da forma como ensinamos o Livro Sagrado. Muitos pais reclamam do fato de ter educado seus filhos na Igreja e hoje os mesmos não professarem a mesma fé que lhes foi passada. Esquecem-se de que ninguém pode transferir fé e espiritualidade, elas são consequência de uma experiência pessoal com Deus. Muitos não alcançam esta experiência no seio da família e nem da Igreja e acabam encontrando na mesa de um bar ou na cela de uma prisão. Os pais podem transmitir apenas conhecimento e informações sobre a sua fé, e isto deve fazer com todo afinco em atendimento à própria palavra que nos exorta a ensinar o menino no caminho que deve andar. No entanto, a palavra não nos dá a certeza de que ele será fiel a estes ensinamentos. Muitos são os exemplos no livro sagrado de filhos que não seguiram os caminhos ensinados pelos seus pais. A responsabilidade dos pais se restringe a dar ensinamento e testemunho até um certo tempo (na criação dos meus filhos eu adotei até doze anos), e depois conceder-lhes liberdade para buscar a sua própria experiência pessoal com Deus. Pois, esta sim, vai alavancar a vida espiritual e fazer com que a pessoa adquira a consciência de que somos seres espirituais vivenciando uma experiência humana e não seres humanos a procura de uma experiência espiritual.

“O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.

(Romanos 8-16),

Que este seja um dia especial em sua vida.

Seu irmão e servo Ev. Alfredo Vieira

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